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Estou em frente a porta de madeira, encarando o letreiro de metal com o nome do meu chefe em negrito e seu cargo na empresa logo abaixo. Levanto minhas mãos algumas vezes, antes de tomar coragem para bater.
Ah... Pelo amor de Deus, eu não posso sentir medo do Darcy. Ele é horrível, mas o pior que pode fazer é me demitir, algo que, a julgar pelo tempo que trabalhamos juntos (que não é muito, mas suficiente), ele não fará. Ergo a coluna, cerro meu punho e dou três batidas na porta.
- Entra.
Giro a maçaneta da porta e abro-a levemente.
Darcy está sentado em sua poltrona de couro, analisando um papel minunciosamente. O terno preto está pendurado na porta-casaco, deixando-o apenas com a camisa social azul, com o botão do pescoço desabotoado. Balanço a cabeça suavemente e lembro-me o porquê de estar na sala.
- Senhor Darcy - minha voz soa esganiçada, algo que ocorre quando tento falar alto - Eu preciso que você assine essas cláusulas e aqui está o relatório da Briand Group.
Ele ergue sua cabeça e me encara rapidamente. Dou uns passos até ele e entrego-lhe a pasta. Darcy abre e analisa durante alguns segundos.
Abraço meus braços - sentindo agora o ar gelado proveniente do ar condicionado. Olho ao meu redor, a sala do chefe é ampla, há uma bela janela de vidro que vai do chão até o teto em direção a cidade e o piso é porcelanato, tão branco que consigo ver o reflexo da minha saia. Existe um livreiro imenso na parede frontal a mesa, com vários livros de arquitetura e urbanismo.

Depois de dois anos trabalhando naquela empresa, passei a ter certo vislumbre pela profissão, embora não passe disso. Há também uma mesa de centro, com um sofá de couro preto ao seu lado. É ali que acontecem os negócios mais íntimos, em que os empresários tomam champanhes para comemorar.
Pelo menos era assim com o outro Sr. Darcy, pai do Oliver. Ultimamente, quase ninguém entra nesta sala, além de mim e alguns advogados. Noto a foto da família Darcy em cima da mesa.
- Pronto - ele diz, secamente - Chega de observar minha sala.
Poderia ser uma piada, se ele estivesse fazendo algum tipo de contato visual comigo. Mas não, Darcy está olhando para o mesmo papel de antes.
Com uma expressão enraivada, caminho até a mesa e pego a pasta novamente, um pouco mais leve, já que ele ficou com o relatório.
Vou até a porta.
- Senhorita Fischer?
Solto um longo suspiro antes de virar.
- Encomende um Buffet para uma reunião que acontecerá na segunda, as quatro da tarde.
Eu sorrio, mesmo sabendo que ele não pode ver.
- Ok.
Dou as costas novamente para meu chefe.

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora