Como suportar Oliver Darcy - COMPLETA

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A palestra do Darcy estava prevista para as dez horas, o que significa que eu passei a metade da manhã sentada na primeira fila do evento, assistindo outros grandes empreendedores ligados à arquitetura americana sediarem a convenção. Mas não digo isso como algo ruim, pois depois de tantos meses trabalhando para a Darcy Media Group e olhando de perto os projetos do Darcy, criei interesse na área.
Quando anunciaram a presença do meu chefe e o nome de sua palestra prevista para durar uma hora, eu me levantei - de acordo o comando que ele me passara - e fui até uma espécie de camarim, ajudar o pessoal encarregado dos slides.
Fiquei ali por meia hora e até recebi um elogio profissional de um dos assistentes de palco. O Darcy apontou no cômodo no instante que eu agradeci o rapaz, cujo nome me falta à cabeça.
Sua presença foi instantaneamente notada por todos, que pararam suas respectivas funções para olhá-lo. Duas mulheres que usavam ternos parecidos com o meu, ajeitaram seus cabelos assim que o viram e depois cochicharam algo, entre um riso e outro. Darcy passou direto por elas, sem demonstrar nenhum tipo de reciprocidade.
Eu sorri disfarçadamente, antes de perceber que ele estava vindo em minha direção.

O rapaz que havia acabado de me elogiar, se afastou no mesmo instante, como se tivesse recebido uma ordem.
- Deu tudo certo, Fischer?
Eu assenti, ainda com o bom humor que havia ganhando desde que ele agradecera por tê-lo ajudado. Ele assentiu também e passou a mão sobre a manga do terno, para depois olhar para mim novamente.
Se eu não tivesse experenciado outras palestras do Darcy, incluindo seu estado antes e depois, diria que ele estava nervoso. Não nervoso o suficiente para ficar tremulo e pálido, mas de um modo de quem precisa que tudo ocorra minunciosamente bem.
Uma das mulheres de terninho se aproximou do Darcy. Ela tinha o cabelo pintado de vermelho sangue e usava saltos de 15 cm para disfarçar a baixa estatura.
- Sr. Darcy, queira me acompanhar - disse, com a voz nitidamente forçada para parecer sensual - É a sua vez.
Tentei não observar a expressão do Darcy para ela. É certo que o meu chefe não faz o tipo que paquera no trabalho, mas mesmo assim, eu preferi me concentrar no meu rabo de cavalo que afrouxara com o passar do tempo, deixando meus cabelos ligeiramente salpicados.
Contei dois segundos e encarei o Darcy, certa que precisava dizer algo antes que ele fosse. Ele havia acabado de responder à ruiva, quando eu disse, em bom tom:
- Boa sorte Sr. Darcy, creio que será a melhor apresentação do evento.
Pela sua expressão, percebi que ele que foi pego de surpresa com a minha fala.
Darcy apenas assentiu.
Fiquei observando a mulher mostrar-lhe o caminho do palco, embora ele pudesse ter ido sozinho, até perdê-los de vista.
Voltei para o meu lugar, para assistir sua palestra.

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