— Jules, eu já te pedi desculpas — Grace falou pelo celular — Mas ele é um gato e é óbvio que está afim de você, então decidi ajuda-la.
— Eu não preciso de ajuda para arrumar um encontro Grace — respondi, puxando o tecido do vestido até minhas coxas — E já te falei que milhões de pedidos de desculpas não vão resolver nosso problema.
— Nós temos um problema?
— SIM!
Depois ela disse que precisava desligar, pois estava na casa da sogra terminando de arrumar os últimos detalhes acerca do jantar. A Grace tem essa mania de fugir da cena sempre que a situação fica um pouco desagradável. Coloquei o celular em cima da cômoda e suspirei.
Faltava apenas meia hora para o início do jantar de noivado da Grace e eu estava terminando de me arrumar. Finalmente, decidi sair da fossa depois de um longo período parecendo a Nicky de Orange Is The New Blac. Peguei um vestido de mangas curtas com um caimento que favorecia minhas pernas e cacheei meus cabelos com a prancha, passando metade de dia usando grampos. Tentei fazer uma maquiagem legal, embora minhas mãos fossem trêmulas demais para o delineador – que ficou um pouco mais grosso do que a intenção. Por fim, fui até o quarto da Grace e tomei a liberdade de usar seu batom rosa que fica perfeito em meus lábios. Quando terminei, eu havia deixado à estagiária da Darcy Media Group para trás e me transformando numa mulher poderosamente bonita. Mas nada me tirava a sensação de que o Darcy teria que me ver daquele jeito.
Disquei o número de um táxi (afinal, eu não conhecia o endereço da família do Brian e corria risco de terminar perdida em Nova York) e peguei uma bolsa preta, que combinava com os saltos que eu havia escolhido. Desci até a calçada do prédio, inspirando o ar fresco e delicioso da noite.
O Park Slope é um bairro tranquilo, sem a aura de perigo aparente do Brooklyn ou o glamour do Upper East Side, ficando mais no meio termo entre os dois bairros mais famosos da cidade. Havia dezenas de prédios semelhantes aos meus em toda minha rua – o que explica o fato de eu não conhecer nenhum vizinho, além de uma senhora de idade que passeia com o Cocker quando saio para trabalhar.
Fiquei esperando pelo táxi, quando um carro vermelho atravessou o asfalto e parou em frente a mim. Cerrei os olhos quando o vidro se abriu e tive o desprazer ao perceber que se tratava do Michael. Seus olhos percorreram cada centímetro do meu corpo, parando em minhas pernas e subindo-me aos olhos. Ele assoviou e depois sorriu.
Eu revirei os olhos. Definitivamente, eu iria estrangular a Grace antes que ela tivesse oportunidade de realizar o sonho de se casar na mesma igreja que seus pais.
— Vamos?
— Como você descobriu meu endereço? — perguntei.
— Eu trabalho na empresa, lembra? Tenho contato com os currículos profissionais...
— Ou com as garotas que trabalhavam com os papeis confidenciais... — respondi, imaginando que ele havia seduzindo as moças que recebem e guardam currículos, entre outras informações privadas sobre funcionários.
Ele esboçou um sorriso torto e deu de ombros.
— Pedi um táxi, pode ir à frente.
— Que isso, Julia? Esqueceu que estou indo apenas para te acompanhar?
— Quer dizer que você acreditar estar me fazendo um favor?
— Isso mesmo — ele concluiu — Agora entre antes que eu vá aí para te colocar dentro do carro.
Eu arfei e sibilei um "idiota" antes de abrir a porta e entrar no carro, que por dentro parecia tão caro quanto por fora. O típico carro de garoto rico e mimado pelos pais, que ganhou de presente ao invés de passar o ano economizando (o que seria uma baita economia). O rádio tocava um hip hop contemporâneo, algo como Usher ou Ludacris, embora eu não pudesse conhecer a voz.
— Então aquela garota é algum tipo de parente ou apenas amiga?
— Ela era uma amiga — respondi, colocando o cinto de segurança.
Michael soltou uma gargalhada e arrancou o carro freneticamente, deixando-me tonta. Qual era o problema daquele garoto? Era bem óbvio que ele gostava menos de mim do que aparentava, mas eu não conseguia entender sua fixação em me conquistar.
— Por que você não gosta de mim, Julia?
Tentei me recordar do momento em que nos tornamos próximos para ele me chamar de Julia ao invés de Fischer.
— Eu não tenho nada contra você, apenas não gosto de joguinhos.
— Quem disse que eu faço joguinho contigo?
— Você subestima demais minha inteligência, Palmer.
Ele riu baixinho e parou em frente uma placa de sinal vermelho. Tentei me concentrar no mundo que passava pela janela do carro, ao invés de dar corda para a conversa fiada do Palmer que parecia fazer círculos intermináveis e nunca chegar ao ponto final.
— Eu não posso apenas gostar de você?
Eu lhe olhei e sorri.
— Você não gosta de mim.
— Olha só quem está subestimando quem — respondeu, voltando a dirigir.
Não o respondi mais. Fiquei olhando para a frente, vendo os prédios passarem rapidamente sobre meus olhos míopes (os quais estavam com as lentes de contato novamente). Pensei novamente no Oliver – que estava sempre comigo de alguma forma, seja no consciente ou subconsciente - e se ele estava realmente em casa ou em algum lugar distante, aproveitando suas férias. Mas logo lembrei que era sábado e que ele havia falado que passa todos os finais de semana em Ohio, com a Mia.
— Acho que chegamos — ele disse, estacionando seu carro atrás de uma pequena fila de automóveis.
Dei graças a Deus quando tirei o cinto de segurança e abri a porta do carro do Michael por. Estar no meio de pessoas novas tiraram um pouco da sua atenção de minha pessoa, o que era um fato bastante positivo.
Conclui, com certa preguiça, de que aquela seria uma noite longa, mas nunca tediosa. O Michael estava ao meu lado e se ele tinha algum dom – certamente seria o de causar polêmicas por onde passa.
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Como suportar Oliver Darcy - COMPLETA
RomancePLÁGIO É CRIME. Julia Fischer conseguiu o tão sonhado estágio da Darcy Media Group, uma das maiores empresas de arquitetura do país. Faltando apenas dez meses para adquirir seu diploma em Administração, ela está mais focada do que nunca no trabalho...