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Nós ficamos no centro de reabilitação por cerca de uma hora.

Mia colheu as magnólias e entregou-as para o Oliver, dizendo que aquele seria seu buquê de casamento. Ele sorria amorosamente e lhe dava conversa, mesmo que não fizesse o menor sentido. Ela se sentou no banco mais próximo e conversou sobre seus planos após o casamento.

Disse que queria ir embora da Inglaterra, que amava aquele país, mas não era sua casa. Que os dois comprariam uma casa grande dando vista para um belo jardim, semelhante com o lugar em que estávamos.  Também falou sobre os futuros filhos dos dois, Frank e Raquel, que eles teriam os olhos do Darcy e o sorriso dela e seriam lindos e principalmente, amados, como ela jamais fora antes de conhecê-lo.  Ele concordou, me lançando um olhar vez ou outra para certificar se eu estava conseguindo acompanha-los.

Fisicamente sim, eu a escutava perfeitamente, assim como via seus gestos dificultados por um problema de coordenação motora.  Ela tinha um curativo na mão direita e também não conseguia morrer os outros membros, sua voz era como escutar uma melodia doce.  Fiquei olhando para o casal em minha frente, sentada em um banco em frente a eles.  Meus lábios ainda estavam abertos depois do choque e as poucas lágrimas que não consegui controlar, estavam secando no rosto.

Quando Oliver tentou se despedir, ela começou a chorar e o pediu que permanecesse ali. Ele a abraçou e beijou seu couro cabeludo, prometendo que voltaria em alguns dias, com mais tempo para ficar com ela.   A médica a levou antes que nós saíssemos dali, Mia se tornou agressiva e tentou correr até ele várias vezes, mas a mulher que a segurava tinha uma forma digna de lutadora de UFC e conseguiu controla-la sem ajuda de alguns enfermeiros.

Ele ficou imóvel, olhando-o sumir de vista com um semblante de quem queria intervir, mas não podia. Foi como se tivesse algemas invisíveis prendendo seus pulsos.  Deixei que o Darcy se despedisse mentalmente da Mia.

Ele voltou até mim, com um sorriso triste e olhar desconfiado.

- Vamos?

- Você tem muita coisa para me explicar - estranhei a minha voz, abafada pela mescla de choque e tristeza que eu sentia.

Darcy passou a mão pelo couro cabeludo e assentiu. Seus músculos permaneciam contraídos e a respiração parecia entrecortada.

- Há um restaurante aqui perto, ideal para a gente conversar.

 

Concordei, pensando que a última coisa que eu sentia era fome. 

 

Paramos em uma cantina próxima a clínica de reabilitação. 

Nos sentamos uma mesa com forro da bandeira da Itália, Oliver pediu uma pizza de carne seca e taças de vinho.  Eu não aceitei comer, já que o nó da minha garganta ocupava lugar suficiente no organismo.  Quando o garçom trouxe o vinho, eu peguei minha taça e bebi tudo de uma vez, esperando que a bebida acalmasse minha ansiedade e eu pudesse coordenar meus pensamentos novamente.

Darcy me lançou um olhar de censura e deu uma pequena golada em sua bebida. Eu jamais o vira tão acabado como naquele momento.  Olheiras profundas rodeavam os olhos verdes, tornando-os ainda menores e inclusive mais escuros.

Eu coloquei minhas mãos em cima da mesa.

- Como isso aconteceu?

Contrai todo meu corpo, em uma luta intensa para não sucumbir ao desespero.  Desviei meus olhos do Darcy, para não chorar em sua frente.

- Para eu te contar a história da Mia, primeiro preciso te contar a minha - ele disse, fechando os olhos e abrindo-os rapidamente - Eu tinha quinze anos quando meus pais me mandaram para um internato masculino na Inglaterra, chegando lá fiz amizade com algumas pessoas que me influenciaram de maneira negativa.

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora