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Meu primeiro impulso foi o de correr para abraça-lo e sentir fisicamente o calor que emanava de seu corpo, dando-me paz e prazer ao meu tempo.   Porém, eu sabia que a barreira que nos afastava era muito mais extensa e complexa do que os poucos metros de distância na sala. Então, limpei a garganta e movimentei minhas pernas a passos lentos e trôpegos até ficar próxima dele - que acompanhou meus passos sem falar nada, parecendo tão surpreso quanto eu.

- Eu vim entregar meu convite de formatura para o Sr. Darcy - disse, entregando-o o envelope cinza.

Meus olhos se afastaram dos seus quando ele pegou meu convite e o colocou entre as duas mãos.   Oliver, porém, não poupou seus olhares a mim.

- É seu último dia na empresa, certo?

Abracei as minhas mãos e assenti, olhando para as minhas unhas pintadas de vermelho vivo. Tentei me lembrar do porquê eu havia decidido usar aquele esmalte simplesmente para fugir da sensação de estar sendo puxada por uma corda que me levava até o Darcy.

- Parece que foi ontem que te vi entrando nessa sala pela primeira vez.

Eu olhei para a janela e concordei com a cabeça, esboçando um sorriso melancólico. Realmente parecia que havia apenas algumas horas que Conrad Darcy anunciara que iria ser substituído indeterminadamente pelo filho mais velho, pouco experiente, mas brilhante... O que foi provado poucos meses depois, quando o primeiro projeto do Oliver para a empresa foi concretizado: um grande prédio com inspiração vintage no Brooklyn.  Respirei profundamente e voltei a encarar os olhos abrasadores do meu chefe.

- Obrigada, por tudo.

Darcy assentiu com expressão de paisagem e se curvou , caminhando até sua poltrona preta - mais uma vez a distância física entre nós acentuada.  Por outro lado, eu continuei de pé, tentando conter meus impulsos de beijá-lo. 

Ele se sentou e ligou o computador, com os olhos fixos em qualquer coisa, menos em mim. Eu odiava a sensação de estar sendo ignorada pelo Darcy e aquela vez foi diferente: fez com que eu lembrasse que havia parado de respirar direito no momento que o vira e de repente o ar gelado entrou novamente em meus pulmões, provocando dores agudas por todo o meu organismo.

- Você sabe que pode continuar aqui, se quiser - ele disse, voltando a olhar para mim.

Sua expressão era séria e o olhar determinado, fazendo com que eu estremecesse e perguntasse mentalmente se conseguiria resistir a ele se ficasse muito mais tempo naquela sala. Esbocei um sorriso irônico.

- Não, obrigada - falei, olhando para a janela panorâmica novamente - Tenho outros planos em mente, senhor.

- Você imagina o quanto é estranho ser chamado de senhor por você?

Sua pergunta fez com que eu fosse pega de surpresa.

- Estou apenas tentando cumprir a promessa que eu te fiz, senhor - respondi, roucamente.

Oliver abriu a gaveta e tirou de lá alguns papeis com alguns escritos em tinta impressa. Ele os grampeou e voltou a olhar para mim.

- Eu sei.

Aproximei-me dele novamente, sentindo minha garganta coçar pela vontade de pergunta-lo tudo que havia passado pela minha cabeça nesses últimos dias.  Ele havia tirado férias para me esquecer e havia sido bem sucedido?  Mas fui incapaz de escutar as prováveis respostas.

- Posso saber onde esteve nessas últimas semanas?

Ele suspirou e me encarou, fazendo com que eu soubesse a resposta antes mesmo de escutá-lo.

- Ohio.

É óbvio que ele estava com ela.  O Darcy não estava com aparência de quem havia tirado férias para visitar o Havaí ou mesmo outro país que lhe desse tranquilidade e novas possibilidades de vida.  Ele passara três semanas em um hotel cinco estrelas de Ohio, visitando seu antigo amor todos os dias, reafirmando sua promessa de que eles estariam juntos para sempre - foi como uma facada no meu coração, no meio dele. 

Pela milésima vez ele havia confirmado que pertencia a alguém que teve oportunidade de conhecê-lo anos antes de mim e transformar sua vida de modo que eu jamais seria capaz. Odiei o destino por ter nos separado tantos anos antes.  Talvez, se ele tivesse ficado nos Estados Unidos ao invés de estudar na Inglaterra, teríamos nos esbarrado em Nova York e dado início a essa mesma história, em uma época em que tudo seria mais fácil.  Sem antecedentes.

Mas então, conclui que culpar a Mia ou o destino não iria mudar a realidade: nós estávamos separados. Talvez para sempre. 

Por isso, balancei minha cabeça novamente, apagando todas as lembranças dos poucos momentos que passamos juntos da minha cabeça e disse:

- Entendi, com licença.

Virei e respirei fundo, sentindo o peso do meu corpo inteiro.  Caminhei até a porta, com os olhos secos e os lábios brancos.

- Fischer... - soou sua voz aveludada.

Nossos olhares se cruzaram mais uma vez, no momento que eu havia acabado de colocar a mão na maçaneta.  Darcy abriu a boca duas vezes e fechou-as, contendo seu impulso de dizer o que precisava.

- Senti sua falta.

Uma onda de calor se espalhou pelo meu corpo como febre.  Meu cérebro implorou para que eu deixasse minha palavra de lado e fosse recuperar as semanas perdidas. Contudo, cerrei meus punhos contra a maçaneta fria da porta de seu escritório.

- Não torne isso mais difícil, por favor  - falei.

E sai dali, antes que ele pudesse responder-me.

Uhuuuul, olha quem voltou depois de três semanas (ou capítulos?) em Ohio. Quem estava com saudade de #juoli, #juliver ou #jardy (já vi os três com vocês)? Gostou do capítulo? Então curte e comenta, me ajude a tornar essa história melhor!!! Beijo e muito obrigada leitores lindos e incríveis.

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora