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Ele não falou nada durante o percurso, pelo contrário – estava silencioso o bastante para me deixar ainda mais nervosa.  Tentei pensar em algo para dizer e quebrar aquele "gelo", mas então me lembrei de que a pessoa do meu lado não iria alongar uma conversa, a não ser que fosse algo muito importante sobre o trabalho, algo que não consegui imaginar.

Quando enfim chegamos a residência dos Darcy, uma mansão palaciana com um imenso jardim em sua frente, fomos recepcionados por uma mulher loira e seu marido que aparentava ser pelo menos vinte anos mais velhos, ambos com sotaque de algum lugar do sul da Inglaterra.  Darcy foi simpático com eles – algo que não é habitual na empresa – e até comentou que iria para Inglaterra no próximo inverno. 

― E essa linda mulher, seria sua nova eleita? ― a mulher perguntou, olhando diretamente para os meus olhos e deixando-me enrubescida.

Darcy olhou para mim com os olhos soltados e depois de um segundo, tornou a encarar a mulher com um sorriso simpático que poderia deixar qualquer pessoa do sexo feminino morta.  

― Não ― comentou e depois tornou a olhar para mim ― Deixe-me apresenta-la a senhorita Fischer, minha talentosa colega de trabalho.

Talentosa? Oi?

Fiquei tão perplexa com o elogio do Darcy que mal pude cumprimentar a mulher que me encarava com um sorriso apático. 

― Julia, está é Olivia Giffin, esposa de Sidney Giffin, um dos acionistas da empresa.

Eu abaixei levemente minha cabeça e depois a levantei novamente, sentindo minhas bochechas queimarem. 

― É um p-prazer, senhores.

Então, ele se despediu da mulher e seu marido e fez sinal para que eu o acompanhasse pela sala de estar de sua antiga casa, que na verdade parecia um salão de festas luxuoso.  Não havia muitos convidados ali, cerca de trinta pessoas ajudavam a compor a decoração da festa, com trajes finos demais para um "simples jantar de negócios".  Mas quando falo fino, não quero dizer que eles estavam fora dos padrões (resumindo: bregas).  Suas roupas de grifes francesas, os cabelos arrumados num coque formal ou mesmo quando estavam soltos, a maquiagem discreta e os ternos sem um vestígio de lã – tudo ali cheirava a riqueza, o que me fazia sentir completamente deslocada, até na maneira de me portar no salto.  Meu Deus, eu estava andando direito?

― Não se preocupe Fischer, eles não são quem parecem ser ― Darcy comentou em meu ouvido, como se lesse meus pensamentos.

Esqueci-me de como ele era bom em decifrar minhas expressões. Ou então, de como demonstro facilmente meus anseios.   Apenas sorri como resposta, ainda estava me acostumando em ser tratada com simpatia pelo meu chefe que naquela noite parecia ser outra pessoa.  Será que ele tem um irmão gêmeo secreto que ninguém sabia?

― Senhorita Fischer, que bom revê-la!

Elevei meus olhos para cerca de um metro de distância e vislumbrei a imagem do senhor Darcy pai, o homem alto e robusto que passou seus olhos verdes para o filho mais velho. Ele sorria abertamente para mim e estava ao lado de sua esposa, há mais de trinta e cinco anos, Laura Darcy, que era um clone (quase) perfeito da princesa Diana, a não ser pelo cabelo ruivo e a coloração dos olhos, castanhos ao invés de azuis.  Ela parecia tão feliz de me ver quanto seu marido.

― Pai, mãe ― Darcy comentou, com as mãos no bolso e a expressão distante.

Laura balançou a cabeça e abraçou o filho, que não esperava tamanho gesto e ficou alguns segundos sem retribui-la.  Enquanto isso, eu cumprimentei o Sr. Darcy pai, que me fez algumas perguntas sobre a empresa.

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora