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É impressionante como o tempo voa quando você se mantém ocupada.
Passei as semanas seguintes, centrada em resolver qualquer coisa que o Darcy impunha. Como a Grace vivia na casa do Brian e eu havia terminado de assistir os episódios da última temporada de One Tree Hill, não havia nada que pudesse me distrair do trabalho.
Além do próprio Darcy, é claro.
Inclusive, meu chefe se aproveitou para dobrar meu serviço, encarregando-me desde contratar o Buffet para a reunião mensal a acompanha-lo nas construções de seus projetos, para depois fazer relatórios do progresso para que os clientes ficassem satisfeitos. Os dias estavam corridos o suficiente para que eu não visse o tempo passar, mas também não tinha do que reclamar. Apesar de continuar frio, Darcy não se dirigia a mim de forma grosseira, tampouco fazia piadas mal-humoradas desde nossa viagem a Miami.
Naquela tarde de segunda-feira, decidi que ao invés de almoçar, iria desenrolar o relatório da família Jones. Coloquei o macarrão instantâneo no micro-ondas da empresa, que havia comprado antes de ir ao trabalho e voltei para a minha sala. Consegui termina-lo às duas horas da tarde.
Ufa! Deitei minha cabeça na poltrona, satisfeita por ter concluído uma das tarefas do dia, quando o telefone tocou. Percebi que era o número do Darcy e atendi rapidamente.
— Posso ajuda-lo senhor?
— Fischer, venha até minha sala.

Desliguei o telefone depois de dizer "ok" e levantei-me da cadeira. Eu estava usando uma saia lápis azul marinho e uma camisa de seda branca que havia comprado na última liquidação da Francis, meu cabelo estava preso em um coque caprichado.
Lembrei-me, durante o percurso, de que havia encomendado lentes de contato, após meses de luta com a Grace e mamãe, sendo que a última por via e-mail.
Bati na porta do Darcy, que não respondeu (para variar) e entrei em sua sala.
Ele lia um caderno com atenção e a gola da sua camisa estava desabotoada, deixando uma parte do peitoral bronzeado à mostra. Tentei não olhar muito, para que ele não percebesse e quebrasse nosso relacionamento distante, mas amigável e limpei minha garganta para que minha presença fosse notada oficialmente, pois eu tinha certeza que ele já havia percebido.
Darcy apenas olhou para mim, mas manteve a cabeça baixa.
— Senhorita Fischer, quero que você remarque meus compromissos de sexta-feira à tarde.
Foi uma afirmação inédita e ao mesmo tempo preocupante, pois o Darcy nunca havia pedido que eu remarcasse seus compromissos. Já deixei claro inúmeras vezes como ele parece viver apenas para o trabalho.
Por isso, as palavras saíram de minha boca por pleno impulso:
— Desculpe-me intrometer, senhor, mas aconteceu alguma coisa?
Darcy fechou o caderno e ergueu a cabeça (finalmente) para analisar minha expressão. Só que dessa vez, aquilo não me intimidou.
— Preciso recepcionar uns amigos, até que meu pai volte de Miami.
Fiquei surpresa por ele ter respondido uma pergunta pessoal, sem pedir que eu parasse meu trabalho para perguntar de sua vida. Concomitamente, senti meu coração mais leve e dei um sorriso tímido.
— Certo, então eu irei remarcar alguns para segunda e distribuirei os outros para o resto da semana.
Darcy assentiu, eu assenti.
Ficamos nos olhando por um momento. Ele mantinha as mãos ao redor do caderno que segurava a pouco e a postura erguida, os olhos me encaravam e os lábios estavam relaxados, em um quase sorriso. Tentei decifrá-lo, mas então me dei conta de que já fiz aquilo mais vezes do que poderia contar e acabei sendo notada no final, com o rosto enrubescido.
— Mais alguma coisa, senhor Darcy?
Darcy passou a mão em seu cabelo curto e pensou um pouco antes de responder.
— Hm... Senhorita Fischer — começou, com a voz enevoada — Meus pais darão um jantar para recepcionar os amigos e eu gostaria que você me acompanhasse.
Ergui minhas sobrancelhas e deixei minha mandíbula cair de tão surpresa, no momento que Darcy me observava, esperando por uma resposta. Mas como responder de imediato quando tudo que você tem são perguntas como:

a)      Eu escutei direito?
b) Ele realmente me convidou ou estava apenas zoando comigo?
c) Por que ele me convidaria para um jantar com sua família?
— A senhorita terá outro compromisso? — perguntou, acordando-me da luta interna.
Eu dei um sorriso exagerado e neguei com a cabeça.
— Não, tudo bem, eu aceito.
Fiquei vermelha pela maneira que concordei em ir acompanha-lo, em um tom estridente que poderia ser confundindo com animação. Quer dizer, não que eu não estivesse animada, eu ainda nem tinha tempo para processar aquela ideia.
Ele contraiu os lábios para o lado esquerdo, em um sorriso torto e meio desconcertado.
— Está bem, eu irei até sua casa às vinte e uma horas.
— Ok, mais alguma coisa?
— Já começou o relatório da família Jones?
Abracei minhas mãos e sorri.
— Na verdade, eu já terminei.
Percebi sua expressão se transformar pela surpresa, de uma forma vívida. Ele cerro o punho esquerdo e o colocou em cima do caderno.
— Ótimo, traga para mim.
— Certo, com licença, Sr. Darcy.
Caminhei até a porta e girei da maçaneta para voltar até minha sala, sentindo seu olhar em minhas costas desordenar minha mente. Senti-me atraída a olhar para ele mais uma vez, no intuito de tentar entender o que vinha acontecendo, porém me contive. A resposta não estava estampada em seu rosto e muito menos naquela sala que deixei para trás assim que fechei a porta e caminhei pelo corredor.
Uma das estagiárias novata, Sophie, passou por mim e sorriu. Eu sorri de volta e entrei na minha sala. Tranquei a porta e escorei meu corpo nela, meu coração batia acelerado de uma maneira boa, como quando Jim Win me convidou para ser seu par no baile de formatura.
Meu Deus! Eu estava feliz por ter sido convidada pelo Darcy para um jantar que poderia ser de negócios. Claro que sim, não havia outra explicação! Murmurei uns palavrões inaudíveis e caminhei até o computador para imprimir o relatório e entrega-lo para o Darcy.
Eu gostaria de dizer que não, mas a dúvida permaneceu comigo o dia inteiro.

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora