O dia amanheceu com dolorosas pontadas de dor do lado direito do pescoço.
Ainda com os olhos fechados, massageei minha pele e tentei consertar meu cabelo, passando as mãos sobre os fios rebeldes. Oliver continuava dirigindo, com o semblante cansado e o rosto encurvado em sua carranca habitual. Quando notou minha presença, ele esboçou um sorriso.
- Acabamos de chegar - disse, com a voz rouca e apontou para o meu lado.
Meus olhos doeram devido à claridade solar do lado de fora do carro. Se em Nova York fazia frio, os raios de sol já despontavam suavemente em Ohio, indicando o inverno estava por acabar. Nós dois estávamos numa rua larga, ocupada quase que unicamente por um grande prédio branco com aparência de hotel cinco estrelas. No entanto, a placa dizia que se tratava de um centro de reabilitação.
Olhei para o Oliver, perguntando-o em pensamentos o porquê de me trazer ali. De todas as possibilidades que haviam passado em minha cabeça (que foram muitas) uma clínica de reabilitação não era forte o suficiente nem para ser considerada. Ele estacionou o carro na esquina, tirou as chaves e desabou sobre o banco do motorista, soltando longos suspiros.
- Vamos - ele disse, com os olhos fechados.
- Se você quiser cochilar um pouco antes...
- Não dirigi sete horas para cochilar, Fischer - ele disse e abriu os olhos novamente.
Oliver abriu a porta do carro, enquanto eu ainda tirava o cinto de segurança. Cambaleei com minha bota de salto na calçada, até me acostumar a andar novamente. Parecia que havia corrido uma maratona solitária - meu corpo estava quebrado e estalava a cada movimento que eu fazia. Embora eu tivesse certeza de que Oliver se sentia do mesmo jeito (ou muito pior, já que eu consegui dormir um pouco), ele não demonstrava mais sinal de cansaço.
Sua postura permanecia perfeitamente erguida por baixo da camisa gola polo e calça jeans clara que ele havia vestido depois que eu concordei em vir até aqui. Além disso, era a primeira vez que eu o via usando boné: um azul marinho com o nome de um time de futebol americano. Ele não parava de me surpreender em cada pequeno detalhe de sua vida.
Fiz um coque com meu cabelo e limpei a lente dos óculos. Quando senti gotículas de suor em minha testa, percebi que estava usando uma roupa quente demais para Ohio. Então, tirei o sobretudo e o dobrei cuidadosamente, colocando-o em meu braço direito.
Oliver esperou que eu acompanhasse seus passos, antes de adentramos pelo saguão da clínica. Lá dentro, o chão era semelhante aos da empresa: porcelanato polido branco e paredes pintadas em um tom que era mescla de bege e cinza. Pessoas trajadas de branco passavam de um lado para o outro, os quais eu julguei serem médicos e enfermeiros, todos com o mesmo semblante de quem dormiu pouco demais.
Eu o segui até uma recepcionista com traços de indígena, que aparentava ter pelo menos cinquenta anos.
- Bom dia, vim para visitar a senhorita Lewis.
- Você marcou o horário?
- Sim, meu nome é Oliver Darcy e costumo vir aqui todos os finais de semana, sendo atendido pela senhora - ele respondeu.
Eu revirei os olhos para o Darcy, que piscou, demonstrando ter ficado sem graça pela sua própria grosseira. A mulher apenas mastigou a própria saliva e voltou sua atenção para o computador, digitou algumas coisas, até que a impressora começou a fazer barulho.
- Qual o nome da senhorita? - ela perguntou, dirigindo-se a mim.
- Julia Fischer - respondi.
Ela digitou meu nome no computador e a impressora fez barulho novamente. A mulher pegou os papeis e nos entregou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como suportar Oliver Darcy - COMPLETA
RomancePLÁGIO É CRIME. Julia Fischer conseguiu o tão sonhado estágio da Darcy Media Group, uma das maiores empresas de arquitetura do país. Faltando apenas dez meses para adquirir seu diploma em Administração, ela está mais focada do que nunca no trabalho...