- Caramba Jules, quem usa óculos para ir a uma boate?
Grace estava escorada na parede, encarando-me com incredulidade. Soltei um longo suspiro.
- Quem precisa - respondi, com mau humor.
Aluguei a sexta temporada de One Tree Hill e comprei uma barra de chocolate para assistir em frente meu computador e estava satisfeita com o final de semana quando ela apareceu no quarto, usando um vestido justo com decote V, dizendo que eu estava atrasada.
Então, me lembrei da promessa que fiz alguns dias atrás, de que iríamos sair na noite de sábado.
Sim, falei que não queria sair, pois estava ficando tarde e havia me esquecido completamente da promessa, mas ela é incansável e insistiu até que eu levantasse da cama e tirasse a primeira peça do meu guarda-roupa.
- Nós estamos indo para uma festa e não para a igreja! - ela disse.
Franzi a testa.
- Você quer companhia ou não?
Grace se aproximou de mim e depois de fazer uma careta de desaprovação, deu de ombros.Dei a ela a chave do carro e deixei-a me guiar para o que chamo de "noite da Grace" - em que ela:
a) Conhece um cara tatuado, bêbado ou careca e passa a noite se agarrando com ele, enquanto eu fico sentada no balcão, recebendo cantadas baratas do preparador de drinks.
b) Fica muito bêbada ou chapada - preciso arrumar um jeito de coloca-la no carro e depois carrega-la até o apartamento.
c) Ela conhece um cara que tem um amigo divorciado e me apresenta.
Enfim, nada muito animador.
Deito minha cabeça no retrovisor, enquanto Grace aumenta o volume de uma música da Britney Spears que está tocando na rádio. Estou vestido uma blusa preta com manga comprida, calça jeans casual e um salto preto, que é a única peça cara do meu guarda-roupa. Meu cabelo está preso em uma trança lateral que disfarça a rebeldia dos meus cachos. Olhando para o vestido da Grace, parece que vamos para lugares diferentes.
Grace dá umas palmadas no volante e mexe seus ombros, cantarolando desafinadamente o refrão de Toxic. Eu olho para ela e solto uma gargalhada.
- Essa noite será espetacular, escreve o que estou falando.
Eu apenas assinto com um sorriso desanimado.
Passamos por duas casas noturnas e Grace reclama da monotonia de ambas, alegando que deseja um lugar espetacular. Apesar de fingir estar chateada, adoro a maneira como ela tenta reverter às situações: sempre que algo a deixa triste, Grace inventa uma festa, uma música ou uma viagem para ficar melhor.
Por fim, optamos por uma boate chamada Mont Blanc Club - que na verdade é um galpão com uma placa de neon acima de uma porta de metal, com uma enorme quantidade de pessoas esperando para entrar.Grace estaciona o carro há alguns metros da casa noturna. Tiro o cinto de segurança e ajeito minha trança. Ela entrega a chave do carro para mim e retira um batom vermelho da sua bolsa de strass prateado.
Saímos juntas do carro e caminhamos até alcançar a fila.
- Filas deveriam ser proibidas - Grace reclama, abaixando-se para apertar a fita do sapato - Elas atrapalham mais que crime.
Dois homens passam e observam minha amiga, mas ela nem percebe e se levanta novamente. Aperto a bolsa contra meu ombro e sinto-me feliz por ter escolhido uma blusa com manga comprida, pois está frio.
A música eletrônica aumenta conforme nos aproximamos da entrada.
Não querendo ser chata, mas eu sempre tive problema com boate. Primeiro porque sou a pessoa mais desajeitada dançando (pelo menos sóbria), segundo porque o jogo de luz me deixa cega e faz minha cabeça doer, terceiro porque não consigo escutar nada que as pessoas me dizem, fazendo com que eu concorde com tudo e sorria de uma maneira superficial - o que já me colocou em várias situações constrangedoras.
Demora cerca de quarenta minutos para alcançarmos o primeiro lugar na fila. Dois seguranças grandalhões com uma expressão fechada que me remete ao Sr. Darcy pediram nossas identidades, o dinheiro e depois nos entregaram pulseiras verde neon.
Meus ouvidos são bombardeados pela música e assim como previ, o jogo de luz recai sobre mim, impedindo-me de enxergar a diante. Grace segura a minha mão e me puxa para uma mesa vazia.Coloco minha bolsa em cima da mesa e sento-me na cadeira, enquanto minha amiga começa a dançar. Olho ao redor, mas não consigo notar muita coisa do ambiente que está lotado.
- Vamos beber alguma coisa? - ela pergunta.
- Cuba libre! - opino.
Ela revira os olhos para mim, dá as costas e se infiltra pela multidão.
Aos poucos, começo a relaxar e balanço minha cabeça de acordo a música. Ainda estou sentada e sóbria demais para dançar. Quando olho para a esquerda, vejo um homem me encarando, alguns metros distante.
Embora esteja verde pela luz fluorescente, consigo notar sua beleza.
Ele é alto, tem o cabelo preto e encaracolado, está usando uma camisa de gola polo e calça jeans escura. Enrubesço quando ele sorri, mostrando belas covinhas nas bochechas. Respondo com um sorriso tímido que parece ser um convite para que o homem se aproxime.
Droga, ele está vindo!
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Como suportar Oliver Darcy - COMPLETA
RomancePLÁGIO É CRIME. Julia Fischer conseguiu o tão sonhado estágio da Darcy Media Group, uma das maiores empresas de arquitetura do país. Faltando apenas dez meses para adquirir seu diploma em Administração, ela está mais focada do que nunca no trabalho...