35

57.4K 3.6K 272
                                    

Quatro horas depois e eu estava num bar universitário, ao lado dos novos noivos, meia dúzia de amigos dentistas do Brian e o Michael, é claro. Grace havia liderado a primeira rodada de tequila, obrigando todos a tomarem caso quisessem receber um convite para o casamento que a propósito aconteceria num período de seis meses.

Felizmente, eu havia repetido duas vezes a lasanha feita pela senhorita Doyle - a mãe do Brian - que é uma quarentona simpática, com os mesmos cabelos cacheados e castanhos do filho mais velho. Pelo que fiquei sabendo, o noivo da Grace tem três irmãos, todos os homens e futuros dentistas, que estavam sentados em minha frente no jantar e não paravam de olhar para o meu decote de maneira descarada. Michael - sentado ao meu lado - me cutucava e apontava para um dos garotos Doyle com sua risadinha sacana. Para fugir daquela cena constrangedora, coloquei a taça de vinho em minha frente e não tirei de lá nem quando estava com sede.

Por outro lado, a família da Grace é pequena: composta apenas pelos seus pais e ela, o que poderia ser um pouco estranho se minha amiga não tivesse tanta facilidade em se adaptar com diferentes situações. Ela foi a rainha da noite, o que era de se esperar, contando as piadas mais engraçadas e tentando colocar todas as pessoas à mesa incluídas em sua conversa. Percebi, pelo olhar que os familiares do Brian a lançavam, que ela havia sido acolhida como uma filha naquela família. Depois do pedido de casamento - que aconteceu com uma declaração de meia hora - o jantar foi servido e depois comemos a sobremesa (um mousse de maracujá maravilhoso).

Michael falou pouco durante o jantar. Passou a maior parte do tempo analisando os familiares da Grace e o Brian com uma expressão curiosa. Tentei ignorar sua presença e agir normalmente.

Quando estávamos nos despedindo, a Grace pediu que eu a acompanhasse num bar próximo a casa do Brian, onde ela poderia ficar comemorar (verdadeiramente) o fato de sair do grupo das solteiras (no qual estou inserida). Eu concordei, afinal, não havia como negar.

Era a noite dela.

E Michael me acompanhou porque ele não deixaria a noite terminar sem graça como foi até aquele momento.

O bar estava lotado, com grupo de jovens bêbados dançando nos espaços vazios e conversando mais alto que o normal espalhados pelo recinto. Pensei que a última vez que eu fui num lugar assim, terminou no apartamento do Oliver, com sua irmã bêbada desmaiada em meus braços e meus sapatos vomitados. Mas pelo visto, aquela seria apenas mais uma noite de aventuras com a Grace.

- Nós vamos morar numa casa próxima ao do Brian... Eu até tentei, mas não sou boa cozinha (...) Não quero me casar usando véu, é muito antiquado (...) É claro que será na igreja católica, se não os meus pais não iriam (...) Sim, Sarah, pode deixar que envio um convite para o Cole.

Ela respondeu a todas as perguntas que as pessoas fizeram, com o mesmo sorriso do início da noite. Seus olhos pareciam cansados e ela bocejava hora ou outra, mas não perdeu a pose e muito menos o copo de cerveja em sua frente.

Sarah era uma garota baixinha, com excesso de gordura na região abdominal e no quadril. Ela tinha uma voz parecida com a de Dolores Umbridge de Harry Potter e olhos miudinhos, perguntou todos os detalhes sobre o casamento, a lua de mel e a futura casa da Grace - coisas que eu nem sabia. Felizmente, minha amiga pediu mais duas rodadas de tequila e quando eu terminei a última, já não conseguia sentir minhas pernas.

Foi nesse momento que comecei a gostar de estar ali. Peguei-me mexendo os ombros conforme a música eletrônica tocava e adorando o calor juvenil que emanava naquele ambiente. Até do jogo de luz - colocado estrategicamente no centro do bar - eu estava gostando, vez ou outra deixando as pessoas coloridas e atraentes.

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora