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Coloquei o bolo de chaves em cima da cômoda, juntamente com a minha bolsa.

O cheiro de macarronada se espalhou pelo apartamento e a voz da Rihanna cantando Diamonds chegou aos meus ouvidos, sendo acompanhada pela Grace. Revirei os olhos, tirei o sobretudo e o coloquei no encosto do sofá.

Ela apareceu na porta da cozinha, com o cabelo amarrado em um coque alto, trajando um avental sujo de molho de tomate. Ao me ver, Grace colocou as mão na cintura e encostou seu corpo na parede.

- Onde você estava? Cheguei hoje de manhã e não te encontrei, mandei milhões de mensagens e você não respondeu - disse, tentando se fazer de brava,

Sentei no sofá, coloquei os pés em cima da mesa de centro e deitei minha cabeça nas almofadas fofinhas que enfeitavam nossa casa. A dor de cabeça havia voltado no momento que entrei no carro do Darcy para retornar a Nova York.

Grace se aproximou de mim e pelo aumento do cheiro de comida italiana, conclui que ela passara a manhã inteira se aventurando na cozinha - algo que eu jamais havia visto em meia década de amizade.

- Jules, você não vai acreditar - disse, se sentando ao meu lado.

Eu me levantei para encará-la, torcendo para que não fosse nenhuma notícia ruim. Mas a Grace não se aguentava de tanta felicidade, com o sorriso branco comprimindo suas bochechas, ela colocou a mão na cabeceira do sofá e cruzou as pernas.

- Eu queria te contar ao lado do Brian, com uma roupa mais bonita, mas... Você sabe que não sou muito boa em guardar segredos.

Sim, eu sei Grace - respondi mentalmente. Tentei parecer um pouco mais animada ao encará-la, mas eu não conseguia sentir alegria nem se o Papai Noel (verdadeiro) aparecesse na porta do apartamento com todos os presentes que já quis ganhar.

Então, ela mostrou o anelar direito com um anel de prata, com uma pedra de diamante.

- Fui pedida em casamento! - ela gritou.

Mordi os lábios fortemente e tentei me segurar, mas o choro veio como explosão e em questão de segundos, grossas lágrimas saíram dos meus olhos e escorreram pelas têmporas. Eu funguei e tentei limpá-las, mas elas continuavam a sair.

A expressão de alegria - tão presente no rosto da minha amiga - se transformou em choque quando seu sorriso murchou e os olhos se elevaram, tentando entender o motivo para o meu choro.

- O que foi?

Eu tentei controlar minha respiração para respondê-la, mas simplesmente não conseguia.

- E-eu não c-consigo - tentei falar - E-estou f-feliz por você, m-mas.

Desde pequenos, somos ensinados que a inveja é o sentimento mais vergonhoso que um ser humano pode sentir. Não é por acaso que ela é a explicação cristã para o início da maldade do mundo: um querubim - um dos anjos de alto escalão - invejou o poder de Deus e foi expulso dos céus, tornando-se o rei do inferno, que tem por objetivo atrair as almas mundanas, corrompendo-as para o sua casa. Pelo menos era o que a professora de catequese me disse quando lhe questionei sobre a origem do pecado. Depois que meu pai morreu, parei de frequentar a igreja católica, mas por algum motivo essa crença sempre percebeu intrínseca a mim: a inveja é um mal que afasta nossos amigos, desmerece nossas conquistas e infecta tudo de bom que acontece em nossas vidas. Invejar minha melhor amiga, a única pessoa que permaneceu comigo desde que cheguei à Nova York, fez com que eu me sentisse imunda - do tipo que não se resolveria com um milhão de banhos. Mas era impossível olhar para aquele anel e pensar que nós duas escolhemos os lados diferentes da mesma moeda: ambas estávamos apaixonadas pela primeira vez em nossas vidas. Só que a Grace fora pedida em casamento e provavelmente se mudaria daquele apartamento em menos de um ano, constituiria uma família com um cara legal, finalmente teria o border collie chamado Remo Lupin que ela tanto sonhava, quem sabe um casal de filhos que brincariam pela casa quando eles dessem um churrasco. Quem sabe eu seria a madrinha de um de seus filhos...

Enquanto isso, eu havia acabado de ser dispensada pelo homem que eu amo.

E provavelmente sairia daquele apartamento para alugar outro, em um bairro mais próximo do meu futuro emprego ou quem sabe em outra cidade.

Pensei que ela gritaria comigo, me chamaria de invejosa e depois diria que iria para a casa do Brian, ficar alguns dias até que a gente pudesse repensar em nossa amizade - isso já aconteceu outras vezes, embora os sentimentos e situações fossem diferentes. Contudo, a Grace me olhou profundamente por cerca de cinco minutos e depois colocou sua mão (esquerda, sem anel) no meu ombro.

- Você está triste pelo senhor Darcy?

Eu passei a mão sobre meus olhos e assenti, ainda incapacitada de responde-la vocalmente.

- Oh Jules, eu te entendo - ela disse e me puxou pra um abraço.

Desabei em seu ombro.

E nós duas ficamos daquele jeito, por vários minutos... Ou talvez horas.

Gatinhas, tô adorando a torcida de vocês pro Oliver e a Julia... Mas estou com dúvidas, Jucy ou Juliver? Hahaha. E o Michael, meninas? Como ele fica nessa história? Obrigada pelos comentários. Espero que gostem da história o tanto que estou gostando vocês!! Vocês alegram meu dia ❤️❤️❤️❤️

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora