𝟑𝟎 𝐁𝐔𝐑𝐘 𝐓𝐇𝐄 𝐏𝐀𝐒𝐓?

211 24 14
                                    

➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳➳

    Porque diabos estou chorando? Já passou.... Mas doi tanto. Seco o rosto com a barra das mangas, mas é inútil comparado ao Rio que surge por meus olhos.

  Respiro fundo, engolindo o choro. Nego com a cabeça, pareço escutar novamente ele gritando comigo e minha irmã. Kayro era muito novo para lembrar disto.

  Kairy e minha mãe fizeram de tudo para afastar Kayro dele.... O único garoto da família, o único youkai-negro.

  Encaro o espelho, meus olhos estão cansados de lacrimejar, mas não dá... O problema sou eu.

  Eu preciso me acalmar. Preciso parar de chorar. Preciso gritar. Preciso de silêncio.

  Respiro fundo, fechando os olhos por segundos, prendo o cabelo em um coque um pouco desajeitado e jogo água no rosto.

— Não vai acontecer. Não vai acontecer — Afirmo incerta.

  Quem eu quero enganar? Se ele sequer pôr os olhos em Kayro, vai querer mata-lo no mesmo momento.

  Céus. Não. Não. Não. Não. Denovo não!

  Nego, saindo dos pensamentos, só então abro os punhos, minhas mãos tremem, não só, estão sangrando.

  Não importa se doeu. Não importa se marcou. A culpada sou só eu?

  Deixo a água correr pelos pequenos furos feitos pelas unhas, vendo o sangue se misturar á água cristalina e sumir ralo abaixo.

  Tio Dewey avisou, não é uma certeza... Ele não estaria de cara lavada.... Por que estou remoendo?

   Eu poderia...

— Não! Não deveria despejar meus problemas nele... — Murmuro para mim.

   Eu deveria tentar conversar...

— Ele não entenderia — Resmungo, me jogando na cama, olhando pro teto.

   Estou acabada. Devo estar nessa insônia desde que saímos da casa do tio Dewey..... Eu não deveria ter enterrado o passado?

  É sem perceber, eu já estava andando pelos corredores. Paro em frente a porta, êxito, mas bato. Não demora muito para que seja aberta.

— Eu preciso de alguém pra conversar....  — Tendo matéria o tom firme — Muito tarde? — Brinco, sem muita graça.

  Seus olhos azuis me observam, de forma indescritível, mas eu realmente não gosto disso.

— Nunca vai estar muito tarde pra você, ruivinha — Dá espaço para que eu entre.

   Dou um mínimo sorriso.

— Tá um pouquinho bagunçado, mas não liga não — Brinca, jogando as roupas de cima da cama para o chão.

— Não. Eu não ligo.

  Sento no canto onde tinhas as roupas, ele do meu lado.

— Desculpa. Mas não sei como — Murmuro — Não sei como te explicar.... Sem... Chorar — Minha voz abaixa a cada palavra.

  Ele fica em silêncio. Respiro fundo. Devo começar do início.

— Meu pai.... — Começo, mas minha voz falha — Veio de um lado podre da família. Onde. Onde garotos não podem vir a nascer, pois seriam youkais-negros.

  Nego, mas tenho manter o tom firme.

— Desde que me lembro. Ele brigava muito com minha mãe. Kairy nunca me deixou escutar as brigas, sempre tentou me distrair... — Olho para minhas mãos — O motivo não era nada além de mim..... — Murmuro, não o olho, sei que Killua esta me olhando.

  Arranho os dedos, espontaneamente. Logo sou impedida pelo Albino.

— Não precisa dizer tudo. Só até onde precisar para se livrar desse peso — Fala cuidadosamente, segurando minhas mãos entre as dele.

  Olho pro chão.

— E toda vez. Toda vez que eu fazia algo errado — Nego, mas respiro e continuo — Ele me forçava a matar alguém ou ver alguém agonizar. Muitos eram amigos meus.... — Murmuro, é como se eu devesse o sangue inundando o chão daquele lugar.

   Eu odeio lembrar. Odeio rever. Odeio ele. Odeio á mim mesma por fazer aquilo.

   Eu tinha medo de fazer amigos. Eu tinha medo de sair da cama. Medo dele.

— E quando Kayro Nasceu.... Minha mãe pediu que Kairy o escondesse. Deixamos ele com o Tio Dewey por 2 anos — Nego, minha voz falha — Quando ele descobriu que Kayro era um menino e tinha sobrevivido ao parto. Ele surtou.

   Respiro fundo novamente. O olhar do Albino recai sobre mim, preocupado, mas tentando me acalmar.

— Nós escapamos naquele dia... Fomos morar na ilha das pérolas — Nego — Estávamos bem, mas meu pai nos encontrou com os amigos dele. Ele me mandou — Minha voz some, o nó cresce na minha garganta.

   Meus olhos já estavam turvos, eu não quero chorar aqui.

— Ele me mandou matar Kayro. Eu tinha 7 anos. Eu neguei — Seco o rosto, tentando me acalmar — Você já sabe como minha mãe morreu.... — Murmuro, apoiando a cabeça mas mãos — Ela tentou.... Tentou nós dar tempo para fugir....

   Killua sutilmente me abraça, retribuo. Logo me afasto.

— Naque dia.... — Fixo o olhar no chão — Kairy conseguiu nos tirar de lá, mas eu não o vi atrás de mim — Nego freneticamente.

   O Albino segura novamente minhas mãos, ele parece saber exatamente, pois além de preocupação, seus olhos ficaram em puro ódio.

— Foi umas das piores... Das piores situações. Ele nunca tinha sequer relado em mim.... — Sussurro, a voz trêmula.

𝐶𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑎....

𝑩𝑨𝑲𝑨 | ᴷᶦˡˡᵘᵃ ᶻᵒˡᵈʸᶜᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora