𝟑𝟕 𝐈'𝐋𝐋 𝐇𝐄𝐋𝐏 𝐘𝐎𝐔 𝐒𝐓𝐀𝐘 𝐈𝐍 𝐂𝐎𝐍𝐓𝐑𝐎𝐋

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    Ele força o calcanhar contra o ferimento em minha barriga, meu ar corta, a dor é imensa, sinto o gosto do sangue na boca. Eu preciso dar um jeito de sair daqui o quanto antes. Céus. Que nenhum dos meninos venham atrás de mim. Não vai adiantar e assim ele vai ter exatamente o que quer, Kayro...

— Eu acho que você não me entendeu ainda. Vou perguntar denovo. Onde está o garoto? — Desta vez puxa para que levante, a dor é grande, mas meu ódio no momento está maior.

— Vai pro inferno! — Digo com a voz quebrada, e ele ri.

— Talvez você conheça o inferno agora — Me força a olhar pra ele.

— Deixa ela, por favor.... — Kairy pede, enquanto parece tentar se livrar do controle sobre ela.

— Cale-se! — Altera o tom, enquanto me força a andar atrás dele.

   Acabo grunhindo com a dor aumentando, ainda mais quando sou jogada contra uma mesa de vidro, o som do vidro se partindo foi a única coisa que senti com clareza, pois em questão de tempo se ficaram pedaços na minha pele, por um momento a dor parece entorpecer, como se não existisse, minha respiração para por segundos, que parecem horas.

— Kayra! — Minha irmã levanta, mas logo senta novamente — Para com isso pai! — Pede com a voz chorosa, porém logo ele faz um sinal com a mão, ela anda até mim.

— Onde está o garoto? — Questiona novamente, fico quieta — Não vai abrir o bico? — Faz ela segurar a adaga. Nego, enquanto tento ignorar a dor.

   Kairy ergue a adaga, chorando em negação, fecho os olhos, porém nada, logo abro os olhos, vendo a adaga a milímetros de meu peito.

   Ele parece confuso. Kairy acabou de suprimir o controle dele, isso é bom. Talvez dê tempo de descobrir como acabar com isso de uma vez.

— Sai daqui Kayra..... — Sussurra, enquanto finca a adaga sobre o ombro do nosso pai que cai com o impacto rindo— Eu não vou manter ele muito tempo ocupado. Pega o bebê e saí!

— E como ela vai levantar? — Ele ri já sem muito ar, enquanto tira a adaga do ombro e a joga no chão — Vocês só saem daqui mortas ou sob meu controle! — Logo minha irmã o empurra para umas das jaulas e fecha, mas sabemos que não vai o segurar por muito tempo.

    Kairy corre para me ajudar a levantar, oscilando o próprio controle, me guiando até a porta, abrindo, logo me entregando a cesta com o bebê.

— Tem uma porta que dá pros fundos, é rápido, vai ficar longe dos seguranças e das pessoas do baile — Diz, enquanto aponta pro fim do corredor — consegue?

— E você?

— Kayra, não posso ir, eu posso machucar vocês.... Sai daqui, eu cuido do nosso pai....

— Por favor.... Vem comigo. Eu te ajudo a ficar no controle.

  Ela êxita, mas afirma, me apoiando enquanto nos duas saimos da sala, andando pelo lado oposto do corredor.

  Minha visão está ficando turva, tem pequenos pedaços de vidro no meu cabelo, ainda estou sangrando. Não sei se vou conseguir me manter despertada por muito tempo....

— Kayra, não é hora pra desmaiar.... Você tem que ficar acordada, me ajudar a ficar no controle.... — Kayra murmura preocupada, enquanto eu paro bruscamente de andar.

   Minha respiração ofega, enquanto tento manter a dor ignorada. Porém logo ela me sufoca, novamente perdendo o controle. Kairy puxa a própria mão para longe, deixando o bebê comigo, que agora chora, confundindo mais minha cabeça.

— Kayra, você vai ter que ir sozinha, nosso pai esta perto, eu não quero te machucar ou pior — Murmura com a voz embargada, me devolvendo a adaga — Eu te amo. Okay? — Beija minha testa, me ajudando a levantar.

— Não. Não. Não. De novo não — Nego, ela sorri tentando me acalmar.

— Vaí — Diz, enquanto tenta se controlar — Fica. Não! Vai, vai antes que eu perca o controle sobre mim!

   Tem que ter um jeito....

— Não. Tem que ter um. Espera — Percebo um cicatriz no pescoço dela, aquilo não existia ali, nem quando pensei que ela morreu....

— Que foi? — Pergunta, um tom preocupado.

    Se eu estiver certa. Sei como parar isso. Amy tinha uma também.... Talvez.

— Acho que sei como te libertar... — Murmura enquanto ponho a mão sobre a cicatriz que fica um pouco negra.

   Kairy parece entender enquanto toca a cicatriz quando eu tiro a mão. Ela sorri com esperança.

— Deus, tomara que dê — Ela murmura, enquanto segura minha mão — Vai ter que cortar, consegue?

   Nego, eu tenho medo. E se eu....

— Você consegue. Só faça. Antes que ele volte — Diz calmamente.

— E se eu te matar ou machucar demais? — Minha voz treme.

— Vai ser melhor do que eu fazer isso com você — Tenta passar confiança, enquanto me faz segurar firme na adaga — Por favor...

— Primeiro temos que nos esconder.... — Digo, enquanto levanto apoiando-me na parede.

𝐶𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑎....

𝑩𝑨𝑲𝑨 | ᴷᶦˡˡᵘᵃ ᶻᵒˡᵈʸᶜᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora