Flavia Saraiva

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A medalha pesou assim que foi colocada no meu pescoço

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A medalha pesou assim que foi colocada no meu pescoço. Apesar de não ser a de ouro, eu estava feliz.

Eu estava encantada com toda a cerimônia de premiação.

Antes de subir no pódio, olhei para todos no estádio.

Minhas companheiras de equipe emocionadas, algumas tristes pelo segundo lugar, mas outras muito felizes por termos chegado tão longe. Os torcedores, alguns revoltados pelo resultado, e outros que só queriam aproveitar o momento. E tinha ela.

Minha namorada acenou pra mim quando nossos olhares se cruzaram, e eu tive que me conter para não correr até ela.

— Disfarça a cara de trouxa — Kerolin deixou um tapa fraco no meu ombro, me tirando do transe que entrei olhando pra Flávia.

— Deixa de ser chata — resmunguei empurrando ela, enquanto começava a tocar o hino dos Estados Unidos.

A medalha de prata balançava suavemente enquanto o hino dos Estados Unidos preenchia o estádio. Era uma melodia familiar, mas naquele momento, soava diferente. Eu senti um misto de orgulho e melancolia que não conseguia esconder.

Ao término do hino, o estádio explodiu em aplausos, mas meus olhos procuraram apenas um rosto na multidão. Flávia estava lá, com aquele sorriso que sempre me fazia esquecer de tudo. Ela acenou novamente, agora com mais entusiasmo, e eu retribuí, sentindo o calor das lágrimas querendo escapar.

Desci do pódio com um suspiro, seguindo o exemplo das outras jogadoras e me aproximando da grade que separava o campo da arquibancada. Encontrar ela no meio da confusão foi difícil, principalmente por causa do seu tamanho, mas com um pouco de ajuda e zoação das outras garotas, ela chegou até mim.

Nossos olhares se encontraram mais uma vez, e o sorriso que ela me deu fez o peso da medalha parecer insignificante. Flávia estendeu a mão por sobre a grade, e eu a segurei firme, como se aquele gesto pudesse transmitir tudo que eu estava sentindo.

— Eu tô tão orgulhosa de você — ela disse, e pela primeira vez naquele dia, deixei que uma lágrima escapasse.

— Eu queria que fosse ouro... — admiti, a voz saindo trêmula.

— Isso aqui é só um pedaço de metal — ela respondeu, puxando minha mão para perto do peito dela — o que você fez lá dentro, com o coração, com a alma, isso vale muito mais.

Sorri entre as lágrimas, me inclinando um pouco mais para perto dela. As vozes das minhas companheiras se tornaram um borrão ao fundo, junto com os gritos dos torcedores e o burburinho da comemoração. Ali, naquele momento, só existia nós duas.

— Eu queria poder te beijar agora — sussurrei, um pouco envergonhada pela confissão, mas sem conseguir evitar.

— E quem disse que você não pode? — ela disse com um sorriso contido, apoiando suas mãos nos meus ombros.

— Tem certeza? As pessoas não sabem sobre a gente.

O sorriso de Flávia se ampliou, mas agora havia uma seriedade nos seus olhos que eu não tinha visto antes. Ela inclinou a cabeça, se aproximando um pouco mais, de modo que só eu pudesse ouvir o que ela dizia.

— E se souberem? — a voz dela era suave, mas determinada — eu não me importo mais, e você?

Aquela pergunta me pegou de surpresa. Nós sempre fomos discretas, mantendo nosso relacionamento entre as pessoas mais próximas, com medo do que os outros poderiam pensar ou dizer. Mas ali, naquele momento, cercada por milhares de pessoas e com a medalha de prata ainda pendendo no meu pescoço, percebi que algo tinha mudado dentro de mim.

Olhei ao redor, vendo as minhas companheiras sorrindo e rindo entre si, os torcedores ainda eufóricos com a cerimônia, e então voltei a olhar para Flávia. Ela estava ali, ao meu lado, como sempre esteve, e o que importava realmente era isso.

— Eu não me importo — respondi finalmente, com uma firmeza que me surpreendeu.

Flávia sorriu, um sorriso que irradiava alívio e felicidade, e antes que eu pudesse pensar duas vezes, ela me puxou para um beijo suave, terno, que fez o mundo ao nosso redor desaparecer por completo.

O beijo foi breve, mas foi o suficiente para que um burburinho começasse ao nosso redor. Eu podia ouvir algumas das minhas companheiras gritando em apoio, e talvez alguns torcedores tivessem percebido, mas naquele momento nada mais importava. Quando nos separamos, havia um brilho de orgulho nos olhos de Flávia que eu nunca esqueceria.

— Acho que agora elas sabem — ela sussurrou, um pouco brincalhona, mas com um tom de satisfação inegável.

— Deixa saberem — respondi, com um sorriso que refletia toda a paz que senti naquele instante.

Não importava se a medalha não era de ouro. Eu já tinha o que mais importava ao meu lado, e isso era tudo que eu precisava.

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Buenas noches muchachos

Eu só queria que essa mulher me desse uma chave de braço 😩😩😩

Eu só queria que essa mulher me desse uma chave de braço 😩😩😩

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