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— Aí, a "pessoa" isso, a "pessoa" aquilo - Flavia falou, zombando da minha namorada que revirava os olhos pra ela — assume tua mulher, garota.
As meninas estavam zombando da entrevista que Julia deu ontem, onde a entrevistadora perguntou o tipo de "boyzinho" que atraí ela. Mas vamos lá, eu não sou um boyzinho.
— Deixa ela, Flavia — repreendi minha irmã, puxando Julia para o meu colo — isso aí é inveja.
Flavia fechou a cara, fazendo a gente rir ainda mais que antes.
Julia soltou uma risadinha enquanto se ajeitava no meu colo, claramente se divertindo com a situação. Ela sempre soube como tirar de letra as provocações da Flavia, mas não podia negar que essas brincadeiras acabavam deixando ela levemente desconcertada.
As meninas voltaram a conversar entre si, enquanto Julia e eu ficamos só ouvindo, aproveitando nosso momento juntas. A morena tinha deitado a cabeça no meu ombro, enquanto eu acariciava de leve sua coxa coberta pela calça moletom.
— Eu 'tava com saudade — ela murmurou baixinho, beijando meu pescoço em seguida. Eu suspirei, não esperando a demostração repentina de afeto.
Senti um calor gostoso se espalhar pelo meu corpo quando Julia encostou os lábios no meu pescoço. Aquele gesto simples, mas cheio de significado, me fez sorrir, e não pude resistir em puxar ela um pouco mais para perto.
— Eu também, amor — sussurrei de volta, deixando meus dedos deslizarem suavemente por sua perna, como se quisesse memorizar cada detalhe daquele momento — esses dias longe foram uma tortura.
A ginasta sorriu contra minha pele, e eu senti o leve tremor de uma risada silenciosa que só eu poderia perceber tão de perto. Ela se afastou um pouco, apenas o suficiente para me olhar nos olhos, ainda com aquele sorriso suave nos lábios.
— Eu sei — ela disse, acariciando meu rosto com a ponta dos dedos — mas agora estamos aqui.
Suas palavras eram simples, mas carregadas de uma sinceridade que só nós duas entendíamos. Aqueles dias longe, cada uma ocupada com suas responsabilidades, tinham sido mais difíceis do que eu queria admitir. E agora, sentindo o peso do corpo dela contra o meu, parecia que tudo finalmente estava no lugar.
— Prometo que a gente não vai mais ficar tanto tempo separado assim — completei, apertando ela um pouco mais.
— Promete mesmo? — Julia brincou, mas eu via nos olhos dela que, no fundo, ela sentia o mesmo. Era difícil ficar longe.
— Prometo — respondi, sem hesitar.
Ela abriu um sorriso largo, daqueles que me faziam sentir que tudo valia a pena, e se aninhou de novo em meu colo. Fiquei ali, com ela nos braços, enquanto as vozes das meninas ao fundo se misturavam numa melodia suave, quase como um lembrete de que, apesar de todo o caos do dia a dia, esses momentos de paz eram o que realmente importava.
O tempo parecia parar, e eu só queria ficar ali, segurando Julia, sentindo seu calor, a respiração tranquila dela contra meu peito. Era engraçado como, às vezes, só o fato de estarmos juntas bastava para apagar qualquer preocupação, qualquer pensamento. O mundo lá fora poderia esperar.
Julia suspirou, um suspiro longo e satisfeito, como se também estivesse absorvendo cada segundo desse momento. Eu sabia que, por trás daquela força e independência que ela sempre mostrava, havia uma necessidade de segurança e afeto que ela só me deixava ver. E eu estava mais do que feliz em ser essa pessoa para ela.
— Vamos fazer alguma coisa só nós duas amanhã? — sugeri, quebrando o silêncio, mas mantendo a voz baixa, quase como se não quisesse interromper a tranquilidade que nos envolvia.
— Acho uma ótima ideia — ela respondeu, sua voz suave e sonolenta — que tal aquele café que você gosta?
— Perfeito — concordei, sentindo o coração leve. Era exatamente disso que precisávamos.
