Capítulo 62

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Nós estávamos correndo
Através da tempestade, através da noite
Nós estávamos correndo no escuro
Nós estávamos seguindo nossos corações
E nós teríamos caído
E iríamos lentamente desmoronar
Nós iríamos lentamente cair na escuridão

FALLING APART; Michael Schulte

ASEN KONAN

Eu estava mais uma vez naquela sala fria, úmida e pútrida, sentindo meus músculos tensos prestes a se partirem conforme meus braços permaneciam pendurados nas vigas do teto pelas correntes

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Eu estava mais uma vez naquela sala fria, úmida e pútrida, sentindo meus músculos tensos prestes a se partirem conforme meus braços permaneciam pendurados nas vigas do teto pelas correntes. Meu corpo já não me respondia, e já havia perdido as contas de quanto tempo havia se passado desde que a tortura começou.

Poderia ter se passado dias e eu sequer notaria, não lá embaixo, não naquele lugar, não havia noção de tempo naquela sala; não havia como saber que dia era, que hora era ou em que ano estávamos. Os dias se passavam e eu apenas existia, em silêncio, porque até a simples tarefa de falar me doía.

Alguma coisa estava pingando no chão rochoso abaixo dos meus pés, e eu me concentrava, de olhos fechados, naquele som contínuo que parecia ser a única coisa que eu conseguia ouvir ali.

Plic. Plic. Plic.

Aquilo se repetia por minutos intermináveis, pingando e pingando em algum lugar, mas eu não conseguia me mover, não conseguia mover os lábios, não conseguia sentir meus pés ou minhas pernas, nem mesmo meus braços. Eu estava paralisado.

— Acorda! — Uma voz masculina rompe o silêncio, seguida de um jato de água salgada que atinge minhas costas violentamente, causando um choque térmico em meu corpo.

Eu sibilo, deixando um gemido de dor escapar apenas porque não consigo gritar; não tenho forças para isso, e eu nem mesmo quero. Estou cansado.

Abro os olhos com dificuldade, e percebo a visão do olho esquerdo manchada e rompida, como se minhas íris estivessem rasgadas ao meio. Eu pisco, atordoado, e desvio o olhar na direção do som incessante do líquido pingando, minha atenção parando na poça abaixo dos meus pés.

Sangue.

Meu próprio sangue. Estou pendurado sobre meu próprio sangue como um cordeiro sacrificado, e com um único olho bom, consigo enxergar o buraco aberto entre meu peito, a ferida em carne viva derramando tanto sangue quanto é possível, escorrendo por meu torso e o resto do corpo, até finalmente pingar no chão.

Plic. Plic. Plic.

— Veja só essa bagunça, você está horrível, sabe disso? — O sujeito continua, mas minha atenção se assemelha a uma arma engatilhada no escuro, não sabendo para que direção apontar.

Dark Wish (Série Dark #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora