A verdade

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Penélope respirou fundo, sentindo a tensão nos músculos do corpo.

— Antes de ir para Londres pela primeira vez, quando você me sequestrou… eu estava grávida.

Colin a encarou em choque.

— Grávida? Mas… você nunca mencionou isso.

— Eu sei. — O olhar de Penélope se desviou para o chão, lembrando-se da dor daquela época. — O pai era Michael. Eu não estava pronta para ter um filho e, no fundo, sabia que não poderia contar a ninguém sobre isso.

Colin sentiu um aperto no coração ao ouvir o nome de Michael.

— E o que aconteceu?

— Eu tomei a decisão de abortar. Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, mas eu sentia que não poderia trazer uma criança para aquele mundo. — Ela parou, permitindo que suas emoções fluíssem antes de continuar. — E quando descobri que estava grávida novamente, agora com você... Eu fiquei paralisada.

— Penélope... — Colin sussurrou, a expressão dele se tornando sombria.

— Eu também pensei em abortar essa gravidez, Colin. E, para me proteger, acabei armando aquela cena em que Michael atirava em mim. Eu pedi para ele fazer isso — a confissão saiu como um sussurro doloroso.

Colin sentiu como se o chão tivesse se aberto sob seus pés. Ele recuou, a incredulidade e a raiva tomando conta dele.

— Você pediu para ele atirar em você? — a voz dele era tensa, quase um sussurro. — Como você pôde fazer isso, Penélope? Isso era o nosso filho!

— Eu estava desesperada! — Penélope respondeu, a voz tremendo. — Eu não sabia como lidar com tudo isso! Eu só queria que a dor parasse!

— Dor? — Colin repetiu, o tom de sua voz aumentando. — Você achou que a solução era se ferir? Você não teve o direito de tomar essa decisão sozinha!

— Colin, você não entende! — ela insistiu, lutando para manter a calma. — Eu estava com medo! Eu não sabia se conseguiria ser uma mãe, se eu poderia dar a esse filho uma vida que ele merecia.

— E você acha que eu não tinha o direito de estar envolvido? — Colin quase gritou, sua expressão de dor se transformando em indignação. — Isso não é só sobre você! É nosso filho! Eu teria apoiado você, Penélope! Eu teria feito qualquer coisa para que você se sentisse segura!

Penélope respirou fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam transbordar. — Eu não queria que você tivesse que passar por isso. Eu não queria que você se sentisse preso em uma situação que eu causei.

— Preso? — ele riu sarcasticamente. — Você acha que eu me sinto preso? Eu quero ser pai, Penélope! E você me excluiu dessa decisão! Você não teve o direito de decidir por nós dois!

O coração de Penélope se partiu com a realidade de suas palavras. — Eu sei, eu sei! E me desculpe! Eu estava tão confusa e perdida... eu não sabia como lidar com tudo isso.

Colin passou a mão pelos cabelos, frustrado. — Então você acha que mentir para mim era a solução?

As palavras de Colin cortaram Penélope como uma lâmina afiada, fazendo com que lágrimas se formassem em seus olhos. Ela sabia que ele estava magoado, mas a dureza de suas palavras a atingiu de forma profunda.

— Colin, por favor, — ela implorou, a voz tremendo. — Eu já te disse que estou arrependida. A Agatha está bem, e isso é o que importa!

— Você realmente acha que isso é suficiente? — ele retrucou, cruzando os braços. — E quanto ao fato de que sua mãe quase a matou? Quando ela descobrir que você tentou tirá-la de mim antes mesmo de nascer, você acha que ela vai entender?

Between Blood and Desire. (Polin ' máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora