Despertei próximo ao meio-dia revigorado, confiante e inabalável, como qualquer homem fica após um voraz sexo seguido de um bom sono. Olhar para o lado e ver Linda deitada, desnuda, com a pele descoberta, fez com que me sentisse pronto para mais um pouco do velho vai-e-vem. Passei a mão sobre suas belas pernas e pude sentir os pelos, curtos e loiros, eriçarem, o que fez-me sorrir, mordendo meu lábio inferior. Uma noite como a que tive era tudo do que precisava.
"Agora é só levar os papéis...", pensei, levantando-me e procurando as roupas baixo.
Vestida a cueca, olhei para o quarto, caminhei até a sala, procurando a maldita pasta com os papéis e ocorreu-me então que havia deixado a pasta em casa. "Merda..." Mas tudo bem, tudo bem, disse para mim mesmo. Não seria algo tão insignificante que estragaria meu dia. Iria até minha casa, pegaria os papéis e pronto. Tão simples quanto pode ser.
Andei até o banheiro; havia um grande espelho no local, e eu não me surpreenderia se Linda passasse admirando-se o tempo todo. Tão Perfeita... Meu reflexo acusava uma barba crescente, mas por hora resolvi que deixaria assim. Urinei, joguei uma água no rosto e voltei para o quarto, procurando o resto de minhas roupas.
"Eddie...", Linda murmurou, puxando o edredom para si e cobrindo a deleitosa imagem de suas pernas.
"Volte a dormir, meu amor." Abotoava minha camisa. "Eu tenho que resolver umas coisas no escritório."
Calcei os sapatos e direcionei-me até a saída, mas não antes de apertar o quadril de minha querida, que sorriu com o ato.
Fora da casa, a brisa batia fresca em meu rosto. Não fazia frio, o vento acariciava-me quase que de forma gentil. Céus, como eu me sentia bem! Entrei no meu velho sedã e liguei o rádio, aumentando o volume por nenhum motivo especial, apenas por estar no clima.
***
Adentrei minha casa, perguntando-me onde diabos havia colocado os papéis. O vento adentrou a sala, fazendo com que um pedaço de papel flutuasse pelo cômodo. Outro maldito pedaço de papel.
"Não acredito nessa porra...", falei alto.
Agachei-me para pegar o bilhete, cogitando que talvez fosse que recebera dias antes, perdido pela casa. Mas não era. Para o inferno, pois não era.
"Espero que as próximas palavras tirem seu sorriso", o bilhete dizia, com as mesmas malditas letras vermelhas. "Lembro-me do motivo e não desviarei do caminho. O sangue de duas pessoas está em suas mãos e escorre pelos seus dedos... Seus, Edgar. Quanto mais você pode suportar? Quanto? Estou à sua espera... E a contagem continua. Um, dois..."
Não foi medo ou receio que senti, como no primeiro bilhete. Não... O sexo afasta todos os demônios que podem se assentar nos ombros de um homem e, por Deus, eu ainda sentia o ardor nas costas causado pelas unhas de minha amada. Como eu poderia me sentir assustado? Eu era invencível! Imortal! Sentia-me assim e além, sentia-me furioso; estava completamente puto. Amassei o maldito bilhete, jogando-o para o lado e amaldiçoando até a décima geração do desgraçado que estava mexendo comigo e corri para a porta, abrindo-a com força contra a parede, saindo de casa. Olhei para os lados, como se fosse encontra-lo, como se algo fosse me levar ao infeliz – não poderia pensar em um remetente feminino, em minha mente era ele –, respirando forte e com os punhos cerrados.
"Desgraçado..." Dobrei as mangas da camisa, colocando-as na altura dos cotovelos e voltei para dentro, fechando a porta com o mesmo ímpeto que a abrira.
Lembrava-me de alguns loucos, ainda vivos, de meu tempo como policial, mas ninguém com um toque tão peculiar como aquele. Escrever cartas com sangue, por Deus! Pensei em discar para algum informante que eu possuía quando detetive, alguém deveria saber de algo, mas não possuía mais o número de nenhum puto infeliz para quem eu pudesse ligar. Estava em desvantagem; no meio de uma briga de foices no escuro.
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Liberte-se
Mystery / ThrillerObra disponibilizada na íntegra para o Wattpad. Skoob: https://www.skoob.com.br/livro/511410ED517738 Para adquirir o livro pela Amazon: http://www.amazon.com.br/Liberte-se-Matheus-Mundim-ebook/dp/B00ZPSLZHE/ Convite: O passado nos constrói e nos co...