Liberte-se

Capítulo VI - O Epitáfio e o Espetáculo / Parte 2: Paul Thompson

"Dois putos adolescentes!", esbravejava pela manhã, na delegacia. "Dennis disse que um dos miseráveis mijou nas calças, pelos céus! Dois moleques com medo de serem presos por carregar um béque de maconha! Uma porra de uma ponta de maconha, merda!". Os outros policiais baixavam a cabeça, sem saber o que fazer ou dizer. "E o filho da puta do Edgar sumiu! Desapareceu da face dessa porra de planeta!". Pausei por um momento, levando a mão à cabeça. Minha respiração era audível na sala. "Tomara que este desgraçado tenha morrido..." desabafei, sentando-me em uma das inúmeras cadeiras daquele saguão.

A noite não rendera o esperado. Fora os adolescentes com maconha, nada mais tivemos. Já somavam duas noites desperdiçando todo o pessoal daquele lugar em operações sem sentido que apenas um perdedor, desgraçado, como Edgar Visco poderia ter proposto, por Deus!

"O que faremos agora?", Jeff, um dos policiais, atreveu-se a quebrar o silêncio, perguntando. Um bom homem.

"Eu...", fiquei um pouco constrangido com a pergunta. "Eu não sei. Gostaria que George estivesse aqui.". Olhei para os oito policiais que me ouviam atentos. "Vocês deveriam descansar. Foi uma noite longa... Estão dispensados por hora."

"Senhor", responderam-me em uníssono. Sentia-me orgulhoso do respeito que possuíam por mim; necessita-se mais do que sorte em alguns casos e uma fama barata e misteriosa para se adquirir respeito; algo que verdadeiros homens dão valor.

Massageando meus próprios ombros, encaminhei-me para sala do tenente, onde me sentei na cadeira do homem que tanto admirava e, cedendo ao cansaço, adormeci.