Capítulo VIII - Liberte-se / Parte 12: James Morris

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Já fora de casa, fechei os olhos, sentindo a brisa em meu rosto. Limpara o ferimento no braço e, com um pedaço mais sutil de pano, consegui arrumar-lhe um curativo decente. Trajava-me bem; uma elegante camisa social negra – a primeira e de certo a última vez que a usaria. Não poderia ser diferente... Aquela seria "A noite", e não há melhor maneira de se referir a uma das noites que – depois todos saberiam – mais marcantes da cidade de Circodema.

Minha arma postava-se atrás e um canivete ao lado de minha cintura. O verdadeiro começo do fim.

Primeiro, porém, necessitava de uma bebida. Teria – e o odiava ter – que admitir que grandes feitos e grandes noites começavam sempre com uma bebida – para o bem ou para o mal, como eu muito bem sabia. Primeiro precisaria de um meio de locomoção, dado que tomaram o meu carro. Lembrei-me que em minha rua havia um comerciante que nunca fora muito cuidadoso com sua caminhonete; uma confiança exacerbada nos cidadãos que o cercavam. Olhei para os lados, procurando-a, e a mesma estava estacionada na esquina, negra como minhas vestes e a própria noite seria.

Andei em sua direção. Eu mesmo já não precisava ser cuidadoso. Não importava o que aconteceria depois daquela noite. Um sentimento libertador!

A porta não estava trancada. A chave estava na ignição. Era como se o próprio destino dissesse: "Vá. Vá, meu filho, e cumpra sua sina! Faça o que deve ser feito. Mas não se esqueça, não se esqueça do motivo ao longo de todo seu caminho... Aquele que vive por vingança, morre por vingança. Sempre foi assim e sempre será".

Eu era apenas um rapaz, mas entendia que assim seria. Entendia e aceitava. Era minha sina, meu maldito destino. Concordava que não poderia ser diferente.

Hesitei por um momento, inspirando profundamente. Meu peito estremeceu.

Não me esquecera do motivo e não mais me desviaria do caminho.

Girei a chave e me coloquei em movimento.

Um velho senhor apareceu no retrovisor após locomover-me por alguns metros.

"EEEI!", ele gritava. "VOLTE AQUI, DESGRAÇADO!!!!"

O destino, porém, não se importava com aquele indivíduo naquele momento. Não... Naquele momento havia apenas uma história para ser contada.

Minha vingança. Minha história.

E sem nenhuma expressão no rosto, pensando apenas no futuro, eu seguia com meu novo veículo.

Próxima parada: o fim, senhor. O tão desejado fim. Sente-se, aperte o cinto e, por favor, não fume. Sim, haverá turbulência, senhor.

Sempre há turbulência.

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