Capítulo VII - Olho por Olho / Parte 5: James Morris

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Inerte. Inerte é a palavra que descrevia bem meu estado naquele começo de tarde. Muito passava por trás de meus olhos vidrados e cansados. Não podia dormir; não poderia dar-me ao luxo de descansar. Qualquer maldito som me agitava, me fazendo tremer. Todo ranger de minha casa ameaçava ser o meu carrasco – a hora que uma tropa de policiais arrombaria a porta para me prender. Minha hora havia chegado, algo dizia em meu âmago.

Antes da vitória vem sempre a ambição.

"Não! Não!", levei as mãos aos cabelos.

Merda. Eu não havia chegado até onde estava para nada. Não, não. Levantei-me. Tinha de agir.

Mas como? Como? Não estava tudo perdido? Estava. Não!

Não iria perder. Não poderia perder.

E foi no resvalar dos olhos no lugar onde tudo começou dias antes em que tive uma epifania. Uma segunda chance?

Corri para o local.

Lembra-se de eu mencionar um rastreador que era vendido para mães preocupadas, maridos desconfiados e blábláblá, que eu coloquei no carro de Edgar? O software do mesmo ainda estava no computador naquele quarto. Há muito eu não usava, mas no momento seria minha salvação, meu triunfo. Poderia localizá-lo; poderia terminar com tudo no mesmo dia – sair em disparada para os últimos cem metros de meu caminho!

"Vamos, vamos, VAMOS", balançava as pernas de nervosismo, frente ao computador.

Ele ligou. Primeira parte concluída, capitão. Certo, continue com o procedimento, marujo.

Meus dedos corriam frenéticos pelo teclado.

"Por favor, por favor!", agitei o monitor. Meus nervos estavam à flor da pele.

O programa carregava de forma lenta, mostrando as ruas da cidade. Procurando... Procurando... Por favor, aguarde.... Era de extrema inocência das autoridades permitir a circulação de tal aparelho. Mães preocupadas, maridos desconfiados... Mesmo? Quantos crimes não poderiam ser associados ao mesmo aparelhinho preto que estava debaixo do carro de Edgar?

Concluído. O sinal vermelho acusava a localização do maldito sedã negro de Edgar Visco.

"AQUI ESTÁ!", gritei, sorrindo, extasiado, batendo na escrivaninha.

O tempo continuava a passar – e não a meu favor. Precisava agir logo.

Capitão, a missão foi um sucesso. Ótimo, marujo. E agora, o que faremos? Esquecera-se do motivo? Não, capitão. Então, continuemos o caminho.

Continuemos o maldito caminho.

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