Capítulo VIII - Liberte-se / Parte 17: James Morris

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Momentos marcantes da vida são sempre definidos por um segundo de hesitação e incerteza.

"A sua vida foi feliz?", perguntei à Linda, já próximo à caminhonete.

"Oi? Me desculpe... Eu não entendi a pergunta." Ela sorriu. Um lindo sorriso. O que não tornava a realidade mais fácil.

"Ah... Não é nada".

Não seria fácil... Mas era preciso.

Poderia ouvir as palavras do destino, descontraídas como em uma conversa de boteco, em minha cabeça: "O futuro está em suas mãos. Aperte-o, ou deixe-o escorrer por entre seus dedos. A escolha é sua. Despeço-me neste momento. Foi um prazer. Até mais ver, James Morris."

Entramos no banco de trás. A porta se fechou e Linda veio sobre mim com sua pele macia e seu belo corpo. Não mentirei, por um momento esqueci o motivo de estar ali. Rapidamente desci seu vestido, deixando seus fartos seios à mostra, dançando com minha língua sobre eles à medida que Linda arquejava, desabotoando minha calça.

Afastei-me um pouco, apertando suas torneadas coxas e subindo seu vestido, que agora cobria apenas parte de sua barriga.

"Isso..."

Desci a calça e puxei Linda para mim, penetrando seu úmido sexo.

"Isso... ah... aí...". Ela se apoiava no banco em seu movimento do clássico sobe-desce.

Com o rosto apertado contra seus seios, desci minha mão pelas costas da mulher.

"Ah... ah...", ela arquejava.

Minha mão alcançara minha própria cintura.

"Assim... Assim..."

Quando voltei com minha mão, esta trazia algo frio, que Linda pode sentir deslizar em sua coxa.

Meu coração disparava. Estava prestes a banhá-la com meu sêmen e o momento se aproximava – o ápice era palpável. Deus! Culpei-me por estar apreciando aquele bom momento.

"Hm... O que você...". Ela abriu os olhos, notando a lâmina do canivete que se aproximava de seu peito. Arquejei, abrindo a boca como reflexo – meu ato terminara e a semente fora plantada. "O que você está... SOCORRO!!"Interrompera o coito, trombando contra a porta do carro no desespero de abri-la. "SOCORRO!!!" Ela batia no vidro.

"Me desculpe, Linda, mas o mundo é cruel. Culpe a mim, mas culpe também ao desgraçado do Edgar. Culpe-o como eu faço!"

Foi quando ela sentiu a língua mais quente – e fria ao mesmo tempo, o paradoxo da morte – de sua vida cruzando seu pescoço e abrindo sua traqueia.

"Por...", engasgava-se. "Por..." As mãos se afastaram do vidro indo ao encontro do próprio pescoço.

Por fim ela desmaiou sobre o meu descoberto membro ainda úmido pelo gozo.

Linda estava morta. Ligados por sangue, enfim. Ligados por sangue, Edgar Visco.

Afastei-a de meu colo, recolocando minha calça no lugar. Um sorriso estampava meu rosto tatuado com os respingos de sangue da mulher que Edgar mais amara em sua vida. Ligados por sangue. O cheiro da morte confundia-se com o cheiro de sexo que exalava de seu maravilhoso corpo. O colar vermelho ainda escorria de seu pescoço. Com os dedos, fechei os olhos que ainda me observavam. Fui a última pessoa que ela vira. O que acontecera naquela noite, aquela tão escura noite que ficaria na história de Circodema, nada, nem ninguém, poderia apagar.

Tomei o que existia de mais precioso para meu inimigo.

Venci.

"Edgar, Edgar...". Afastei-a, abrindo a porta do veículo.

Seria impossível não me lembrar dos últimos versos de meu mais querido poema: No fim estaremos ligados por sangue...

Mas este anda não era o fim. Não... A vingança não estava completa.

Ainda.

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