Capítulo IV - Charlie? / Parte 9: Linda Rivera

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Acordei dedicando o meu primeiro pensamento do dia ao meu querido noivo, Edgar. Queria respostas; precisava de respostas e iria obtê-las. Estávamos nos encaminhando para um casamento, por Deus!

Levantei-me, dedicando alguns minutos a um bom e relaxante banho. Vesti roupas leves, caseiras, enrolei uma toalha nos cabelos e segui para a cozinha, pensando preparar algo para comer. Pão, tomate, alface, hambúrguer... Aproximava-me da primeira mordida quando a campainha tocou.

Eddie... Não havia dúvidas de que era ele querendo se explicar, como deveria mesmo fazer. Posei o lanche ao lado e caminhei até a porta.

Meus pensamentos se concretizaram; ele estava à minha espera com um rosto desolado. A raiva deu espaço para um pouco de empatia e pena.

"Eddie..."

"Me desculpe...", ele me abraçou. Pude ouvir um vestígio de choro em sua voz.

"Eddie, meu querido. O que houve?". Afagava seus cabelos em meio ao abraço. Poderia apostar que senti um cheiro de rum, mas ignorei. "O que houve?". Afastei-me, olhando em seus olhos.

"Charlie...", olhou para os lados, suspirando. "Charlie está morto."

Deus. "Charlie? Keller? Do seu escritório? Como, meu querido?"

"A operação... A maldita operação não deu certo. Recebemos a ligação. Assassinado", ele mordia os lábios.

"Não é sua culpa, Eddie...", tentei abraçá-lo, mas ele se afastou.

"O mesmo assassino, Linda. O mesmo desgraçado. Era minha operação e eu falhei. Falhei e alguém morreu."

"Eddie...", inclinei-me novamente. Desta vez, ele aceitou. "Está tudo bem... Não é sua culpa. Não é, meu querido". O cheiro de álcool era compreensível. "Você já comeu algo hoje? Deixe que eu preparo alguma coisa para você comer."

"Não... O enterro. Tenho que ir. É daqui a pouco, às duas."

Olhei para o relógio, os ponteiros ainda não apontavam uma hora.

"Você tem que comer algo, Eddie. Eu fiz um hambúrguer, mas estou sem fome", fui até a cozinha, pegando o prato. Observei-o sentar-se e fui até ele. "Coma enquanto arrumo um casaco e seco meu cabelo, aí iremos. Tudo bem?"

"Tudo bem, eu acho." Pegou o prato, desviando os olhos para ele.

Seguia para o quarto quando ele me chamou. "Linda!" Desviei os olhos. "Você tem algum remédio para dor de cabeça? Essa merda está me matando", disse, com a cabeça baixa, massageando as têmporas.

"Não querido... me desculpe! Mas o almoço deve ajudar a melhorar..."

Sem muito o que fazer, ele assentiu.

Há uma maneira pior de começar um sábado do que com um enterro? Sentia-me mal e constrangida em situações como tal, sem saber o que fazer ou dizer. Mas tinha de fazer aquilo; por Eddie, por meu noivo.

"A cabeça está melhor, Eddie?", perguntei antes de sairmos.

Ele levou a mão ao rosto, acenando em negativa. "Vamos..."

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