Capítulo IV - Charlie? / Parte 3: Paul Thompson

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Dez horas... Onze horas... Onze e meia, noite.

Edgar puxou o celular do bolso para conferir as horas. Meu pai o teria repreendido, um homem de sua idade deveria possuir um relógio em seu pulso.

Nada acontecia e minha ansiedade aumentava. Tinha a ingênua certeza de que encontraríamos quem quer que fosse o covarde desgraçado naquela noite. A ideia de que isso me pouparia de rever o rosto de Edgar fazia com que eu alimentasse ainda mais minhas esperanças.

O celular de Edgar começou a tocar. Voltei minha atenção a ele, bebendo um gole de minha cerveja – meu prudente novo parceiro insistira em continuar com os destilados.

"Onde?", ele disse, após um tempo ouvindo.

A conversa alheia tornava impossível ouvir qualquer traço de voz do telefone da distância que ele estava, mas entendi que a ligação era da estação. "Por que ligaram para Edgar e não para mim?", eu me perguntava. Eu era sempre o primeiro a ser chamado, independentemente da situação. O infeliz já começava a querer tomar o meu lugar.

"O que houve?", perguntei, quando ele baixou o telefone.

"Temos que ir", respondeu, levantando-se.

A frase tinha todo o efeito necessário para me fazer arrepender da calmaria. Pelo tom, boas notícias não nos aguardavam.

Comecei a segui-lo quando, antes de ultrapassar a porta, o balconista chamou minha atenção. Edgar não havia pao pelas bebidas, fazendo-me arcar com suas despesas. Amaldiçoado seja você, Edgar Visco. Amaldiçoado seja você.

Do lado de fora, ele gritava. "Ei!", chamou um agente que cobria a rua. Este se aproximou. "Temos que ir garoto, vamos!" O policial assentiu e ele passou-lhe o endereço. "Avise todos", completou. "Paul! Vamos!"

Mesmo havendo tomado suas quatro doses de whisky, Edgar seguiu para seu próprio carro.

A noite começava...

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