Capítulo VIII - Liberte-se / Parte 8: Paul Thompson

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Alguns estabelecimentos comerciais já abriam ao redor da cidade. As pessoas conversavam nas ruas; sorriam. Para alguns o mundo não estava acabando. A filha fizera aniversário, a mãe se curara de uma doença, o pai fora promovido... Havia motivos para muitos comemorarem em Circodema. Muitos, mas não eu.

***

Em um lugar onde o preconceito racial não era evidente, mas se dava em pequenos atos, comentários e brincadeiras, olhares suspeitos, um casal mudando para o outro lado da rua... Eu convivia com estes pequenos hábitos ao longo de minha vida, mas nunca quando estava com a farda. Meu uniforme azul-marinho da polícia de Circodema fazia com que as pessoas me respeitassem, me admirassem e não me subestimassem. Quando Edgar chegou com sua fama, e apenas sua fama, tomando uma posição de referência, mesmo com o passado que teve, com todas as falhas e todos os vícios... Ele não merecia tal respeito naquele lugar, eu sabia disso. E George, logo o tenente George Hoff, quem eu tanto admirava e tratava como se fosse meu próprio pai, dava prioridade a um homem visivelmente instável, confiava mais no estranho com fama do que naquele que sempre esteve ao seu lado.

Iria mostrar meu valor. Mostraria a todos, como uma vez mostrei, que era capaz. Mais do que capaz! A vida nunca fora fácil para mim, mas isso nunca fora motivo para abaixar a cabeça. Não seria em tal momento que a abaixaria. Superaria esta fase como sempre superei tudo em minha vida: com trabalho e honestidade. Fiz disso o meu objetivo.

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