Capítulo I - Ligados por Sangue / Parte 17: James Morris

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E lá estava o grande Edgar Visco abraçado com sua mulher entrando em seu maldito carro. Aquele sedã preto... Sempre causava-me um grande mal-estar observá-lo; podia sentir minhas entranhas se revirarem dentro de mim naquele momento. Lágrimas escorriam de meus olhos e levei a mão à boca, temendo vomitar. Um torpor de lembranças explodiu em minha cabeça, fazendo-me sentir nauseado e assombrado; tirando-me a capacidade de reação. Fechei os olhos, temendo desmaiar.

Quando recuperei os sentidos, o carro do desgraçado já dobrava a esquina, fazendo-me recear por um momento perdê-lo de vista. Em meio a tosses, acelerei meu próprio sedã. Creio que um dos pontos mais difíceis que havia vivenciado na minha jornada foi quando coloquei um rastreador, que era vendido para mães preocupadas, maridos desconfiados e/ou qualquer pessoa que quisesse adquirir, naquele sedã negro. Fora difícil conseguir dormir em tal dia... Fora difícil conseguir parar as lágrimas em tal dia. Porém, era o que devia ser feito; possibilitou-me conhecê-lo de tal forma que às vezes nem era preciso utilizar o dispositivo para encontrá-lo e não era raro esquecer de sua existência. Permitiu-me saber de tudo que era preciso até dar o primeiro passo.

Ligados por sangue...

Segui-o não muito de longe; em outros anos ele teria notado, mas meu almejado alvo estava "obsoleto" e atentando-se a outras coisas. Isso teria que mudar. Isso iria mudar.

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