Capítulo 60

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Sasuke

A noite passada foi algo que eu não podia simplesmente apagar da minha mente. Não se tratava apenas de satisfazê-la, mas de explorar cada parte dela como se o tempo fosse escasso e precioso. Quando amanhecemos, ainda estávamos grudados, nossos corpos alinhados em perfeita harmonia. Era reconfortante, quase viciante. Meu corpo ainda sentia o calor dela, e a necessidade de controlá-la — de manter a distância — se misturava com a urgência de possuí-la mais uma vez.

Tomamos o café da manhã no quarto, um momento simples, mas que carregava uma intimidade única. Ayumi e eu nos ajeitamos juntos, dividindo o espaço pequeno do espelho enquanto nos preparávamos para a reunião.

A viagem até o prédio de Mei Terumī foi rápida, mas suficiente para eu repassar mentalmente o que viria a seguir. Mei era sedutora e confiante, mas nunca passou de uma figura irritantemente óbvia em suas intenções comigo. O problema não era ela — nunca seria. O que mexia comigo de verdade era Ayumi.

O que era interessante, no entanto, era a maneira como pensar na palavra sobrinha e associá-la a Ayumi me deixava excitado, assim como foi há mais de dez anos. Era algo proibido e selvagem, algo que transformava. Essa linha tênue entre o proibido e o inevitável fazia cada instante ao lado dela um teste constante ao meu autocontrole.

Quando chegamos, Mei nos esperava na entrada, seu sorriso ensaiado e olhar fixando-se em mim cheio de malícia. Ela mediu Ayumi da cabeça aos pés, o desdém mal disfarçado.

— Sasuke, que prazer vê-lo novamente — saudou, com uma voz melíflua que não despertava em mim nada além de indiferença.

— Mei. — Cumprimentei-a com um aceno breve, mantendo minha postura rígida e desinteressada.

Os olhos dela percorreram Ayumi mais uma vez, detendo-se nela como se quisesse encontrar alguma falha.

— O futuro investidor da HikariTech já está na sala de reuniões. Tenho certeza de que ele ficará impressionado... especialmente com sua sobrinha.

A tensão no ar era inegável. O que diabos ela queria dizer com isso?

Ayumi, sempre rápida em captar nuances, ergueu uma sobrancelha e perguntou de maneira firme:

— Como assim?

Mei deu de ombros, um sorriso enigmático estampado no rosto.

— Vocês vão entender — respondeu, antes de nos conduzir para a sala.

Assim que a porta se abriu, o esperado investidor se levantou para nos receber. Era impossível ignorar sua presença. Utakata era alto e tinha uma postura elegante, quase relaxada, que escondia uma intensidade perigosa. Vestindo apenas um Kimono, ridiculamente se mostrando, não sei por qual razão andar dessa forma.

Ele tinha fama não apenas por sua riqueza, mas por sua personalidade difícil e imprevisível. Um verdadeiro mestre no jogo de manipulação, sabia como usar seu charme tanto para atrair quanto para desestabilizar.

— Sasuke Uchiha! — saudou com entusiasmo calculado, sua voz grave ecoando pela sala. Ele estendeu a mão, um sorriso caloroso estampado no rosto.

Eu apertei sua mão, mantendo meu olhar firme e frio. Não havia nada de amigável na forma como o encarei. Meu sorriso foi um reflexo do dele — cortante, predatório.

— Utakata — respondi com um tom neutro.

Do canto do olho, observei Ayumi. Ela mantinha a compostura, mas havia um leve desconforto em sua expressão. Utakata, claro, notou isso imediatamente. Eu sabia que ele era um babaca!

Meu Tio SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora