1 | Hey

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Segunda-feira. Mais uma segunda que existia para estragar o fim de semana. Acordei – sem muita vontade – e me arrumei para mais um dia de escola. Estava terminando o colegial e pretendia fazer psicologia.
— Camryn o café já tá na mesa. - minha mãe gritava como todas as outras manhãs.
— Já to indo, mãe.
Desci as escadas com pressa e corri para a cozinha, dei um beijo em minha mãe, peguei meu pão e sai, não esperei resposta, apenas sai. Chamei um taxi como de costume, demorou uns belos 15 minutos para ele chegar, ainda estava na hora. Entrei e falei o endereço da escola, como faço toda semana ás 8:00.

— Caaaaaam - era Mia, minha melhor amiga, que praticamente pulou em mim — Por quê não chegou mais cedo como combinamos?
Merda. Tinha esquecido.
— Meu pai me pediu para fazer umas coisas pra ele antes de sair e me atrasei. - menti.
— Mentirosa - incrível como ela sempre sabia. - Vamos logo antes que a Sra. Nariz Grande não deixe a gente entrar.
Subimos os degraus e corremos para a sala, por sorte a Sra. Nariz Grande – professora de biologia – não havia chegado. Sentei na 3ª cadeira, logo na frente de Mia como de costume.


Finalmente chegou o fim do dia. Estava exausta por ter tido aula da Sra. Nariz Grande por duas horas e meia pelo simples fato que dois dos nossos professores resolveram faltar.
— Cam, você vai pra minha casa hoje?
Tinha esquecido. De novo.
— Merda Mia, esqueci de trazer minha mochila, vou voltar e te encontro lá, ok?
   — Fazer o que.  - ela revirou os olhos e sorriu, beijando minha bochecha e entrando em seu carro.
Chamei outro táxi, esperei 10 minutos. 15. 20. E nada. Desisti e abri o aplicativo do Uber Driver e chamei o que estava mais próximo. Keith. Só Keith. Achei estranho, pois a maioria possuía sobrenome mas não liguei porque já estava nervosa o bastante por ter esperado o maldito táxi por 20 minutos. Keith chegou em menos de 5 minutos, fiquei aliviada. Entrei no carro e falei o endereço.
Estávamos andando quando de repente paramos. Olhei para a fora. Merda. Trânsito. Bufei alto e senti Keith se ajeitando no banco. Aproveitei para fazer a pergunta que tanto me incomodava.
— Com licença — ele olhou de relance — por que você não tem sobrenome? Desculpa a pergunta.
        Ele deu um leve sorriso.
— Eu tenho, na verdade. Só não uso por motivos pessoais. É uma longa história.
Olhei para a janela ao meu lado e para a janela de frente do carro. Ainda estávamos parados.
— Bom parece que temos tempo. — sorri de leve, curiosa.
Keith se separou da mulher e foi viver com outra. Quando seu filho descobriu, ficou furioso, deixou claro que não queria ter ele como pai, e se algum dia ele desse o sobrenome para aquela mulher, ele fugiria e nunca mais voltava.
— Então você mudou?
      Ele suspirou.
— Não — falou tão baixo que parecia outro suspiro. — Me casei com a mulher, ele ficou louco de raiva e fugiu. Tentei reverter a situação mas era tarde.
       Fiquei boquiaberta, não imaginava que era tão complexo assim.
— Sinto muito.
— Tudo bem, filha.
       Sorri e mal tinha percebido que já estava na esquina de casa.
— Número 902. Logo alí. - sorri. - Muito obrigada.
— Não tem de que. — ele deu um sorriso fraco e saiu.
Entrei em casa e subi as escadas. Deitei na cama por um momento e vi minha mochila ao lado da porta do banheiro. Merda. Mia. Peguei e desci as escadas enquanto ligava pra ela.
— Cam — parei para encara-lá — pensei que ia dormir na casa de Mia hoje.
— E vou mãe, tinha esquecido minha mochila. — olhei em volta.
— Seu pai vai trabalhar até tarde hoje, tem uma reunião importante.

— Cam porra cadê você?
Mia atendeu.
— Cheguei em casa agora, já to indo.
— Vem logo.
— To indo estressadinha - ri de leve.
— Você vai ver a estressadinha quando chegar aqui. — desliguei.
A casa de Mia ficava dois quarteirões daqui e eu não estava com a mínima vontade de andar. Mas minha mãe ia sair com o carro e o meu, estava no concerto fazia uma semana. Bufei e comecei a andar. Algumas ruas estavam escuras, mas não liguei. Estava nervosa demais já.
— Hey —  me assustei quando olhei para o lado e vi uma figura parada em cima de uma moto, ele sorriu de orelha a orelha. — Moças como você não deveriam estar andando sozinhas.

The Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora