| JUSTIN |
— Garoto solitário. — Ian entrou no quarto sorrindo.
Suspirei e peguei o blazer de cima da cama. Tentei sair mas ele bloqueou.
— O que você quer? — o encarei impaciente.
— A mesma coisa que você. E você sabe que eu sempre consigo o que eu quero — ele deu uma pausa — irmãozão.
Ri
— Já te vi no chuveiro, não teria tanta certeza disso. — parei antes de sair e o encarei — irmãozinho.| CAMRYN |
— Justin me recusou. Você me recusou. — Maia estava na sala com Scott — Ah meu Deus! Já sei, vocês são gays. Isso explica tudo.
— Exatamente. — ele exclamou sarcástico — Você pegou a gente.
— Me fala o que tá acontecendo. Eu nem vou lembrar amanhã mesmo.
Fui até o quarto e peguei a chave do carro. Passei pela sala um pouco rápido demais e fui até o carro de Mia, dei uma arrancada e sai. Minha consciência latejando, relembrando cada palavra como um flash. A verdade era que eu fugi, de novo. Você tem medo Cam, medo de mostrar o que sente. Bati no volante e acelerei.
Meu celular vibrou, era Mia. Ignorei mas senti culpada, retornei.
— Cam, cadê você?
— Vim comprar uma coisa.
— Ta tudo bem?
— Claro — menti.
Engoli em seco e desliguei. Você é uma idiota, Camryn Davis. Virei no primeiro retorno e voltei, deixei o carro de Mia no mesmo lugar e andei pra longe da festa. Fui até o penhasco do outro dia, mesmo esbarrando em alguns galhos e estando escuro era o único lugar quieto e que ninguém ia aparecer para fazer perguntas idiotas. Sentei na pedra e apoiei-me a cabeça no joelho.
— Cam... — ninguém apareceu. Era Maia, ignorei. — Eu meio que te segui. Desculpa — ela deu uma pausa — agi como uma vadia mais cedo. — ela deu outra pausa, parecia pensativa — Mais do que o normal na verdade. Provavelmente estou bêbada agora, mas tenho certeza que estou sóbria o suficiente pra te pedir desculpa. Todo mundo me odeia agora.
Suspirei fundo, Maia deu o sorriso fraco de sempre e saiu.
— Maia — ela parou — Desculpa.
— Pelo que?
— Você esteve comigo esses dias, eu não quero acabar assim.
— Não foi um simples assim, Cam. Eu fui idiota em falar aquilo e praticamente te obrigar a fazer aquilo.
— Você não foi a única idiota hoje. — dei um sorriso fraco.
— Tudo bem? — ela sentou do meu lado.
Concordei com a cabeça e deitei em seu ombro. Falar era a última coisa que eu queria.— Cam — acordei com o sussurro de Maia — acho que todo mundo foi embora.
Levantei a cabeça e olhei para a casa, os carros, exceto o de Maia, não estavam mais lá, as luzes estavam apagadas, e as cadeiras não estavam mais na varanda.
— Acho melhor a gente ir.
— Por que voce tá sussurrando?
— Eu to com medo — ri alto.
— Do que?
— Serial killers, ursos — ela deu um tapa no ar — mosquitos.
Ri e levantei, batendo na parte de trás do vestido.
— Você acha que sussurrando eles não acham a gente? — sussurrei debochada.
Ela cerrou os olhos, ri e fui até o começo da trilha.
— Que horas são? — Maia pegou o celular do bolso
— 4:25.
— O que a gente ta fazendo no meio do nada às 4:25?
— Você dormiu, eu não queria te acordar. Você disse que foi idiota, achei que um cochilo fosse bom.
— Para de fazer isso!
— O que?
— Sussurrar. É irritante.
Houve um barulho de galho quebrando, Maia gritou. Ri.
— Agora eles sabem que você tá aqui. — sorri.
— Eu vou te matar, Cam. — outro galho quebrou. — Isso é normal?
— São apenas galhos, Maia.
— Eles não tão vindo do meu pé e eu tenho certeza que não tão vindo do seu também, porque não tem nenhum galho aqui.
Olhei pro chão, outro barulho, Maia gritou e eu gritei em seguida.
— Eu não posso morrer.
— A gente não vai morrer, Maia.
— Você tá sussurrando!
— Eu vou te matar, Maia. — sorri sem mostrar os dentes.
Outro barulho, dessa vez eu gritei primeiro e corri, senti os passos de Maia atrás. Chegamos no carro rápido.
— Eu vou pegar minhas coisas. — estava ofegante.
— Não me deixa aqui!
— Não faz diferença. — não percebi que estava sussurrando. Peguei a chave reserva debaixo do tapete e fui até a porta dos fundos.
Abri e acendi a luz do corredor, fui até o quarto e terminei de pegar as coisas do banheiro, coloquei na mala e fechei. Maia estava sentada na cama.
— Ouviu isso?
— Isso o que? — houve um breve silêncio — Você tá louca.
Um barulho forte de vidro quebrando me assustou. Maia pulou da cama.
— Quem é a louca agora?
Fui até a porta e tranquei.— Você tá ouvindo alguma coisa?
— Não. — houve um silêncio — E você?
— Não. — encostei a cabeça na porta. — Acho que já foi.
— A quanto tempo a gente ta aqui?
— 40 minutos, eu acho.
Maia levantou e pegou um taco de beisebol no canto do quarto que eu nunca tinha reparado. Levantei e abri a porta devagar, Maia me deu o taco. Saímos o mais devagar possível. Fomos até a cozinha, não havia nada quebrado ou fora do normal. Andamos até o corredor.
— Ouch!
— Cala a boca!
— Eu pisei em alguma coisa.
Olhei para o chão, apesar de estar escuro, o pedaço de vidro brilhava.
— Ah meu Deus. — falamos em sintonia.
Segui os cacos de vidro com o olhar, a porta por onde entramos estava totalmente acabada, todos os vidros estavam no chão. Um barulho veio da sala, tanto eu quanto Maia viramos rápido e andamos devagar, a luz do corredor havia apagado, estávamos em total escuridão. Quando chegamos na sala, havia uma figura de costas abaixada na mesa de centro, encarei Maia e depois fui andando devagar em direção a mesa. Levantei o taco para bater na figura, ela virou na hora, gritei e a acertei em cheio.
— Mas que porra... — Ian apareceu no topo da escada.
— Ian?
— Maia. — ele me encarou, surpreso — Camryn. O que vocês tão fazendo aqui?
— Cam — Maia exclamou — acho que você acabou de matar Justin.
Maia se ajoelhou no chão, ao lado de Justin.
— Ei... — Justin levantou rápido, Maia gritou e socou seu abdômen.
— Ah meu Deus! Desculpa.
Ian desceu as escadas e parou na minha frente.
— O que vocês tão fazendo aqui?
— A gente tava dormindo. — Maia o encarou.
— Vocês são lésbicas? — Ian ergueu a sobrancelha.
— Sim. — ela sorriu — Vocês são?
Ri.
— Se eu levantar você vai me socar de novo? — Justin encarou Maia sério.
— Ha-ha.
Ele riu e levantou.
— Vocês quebraram o vidro? — encarei Ian, depois Justin.
— Mais ou menos. — Ian respondeu.
Justin cruzou os braços.
— Não sei se vocês conhecem — Maia pegou a chave do bolso e balançou, depois colocou na mesinha. — Chave, meninos. Meninos, chave.
— Quantas pessoas você socou pra pegar ela? — Ian brincou.
Senti Justin se segurando para não rir.
— Vou soca-la na sua...
— Maia! — exclamei rindo.
— Então — Ian continuou — o que as panteras tão fazendo aqui?
— Transando. — Maia sorriu, Justin abaixou a cabeça rindo.
— Ian perdeu a carona. — Justin quebrou o silêncio.
— E você?
— Fiquei pra proteger a princesa. — ele sorriu.
Maia o encarou.
— Ok. Eu vou com o Justin, e a Cam vai com Ian. Ou vice-versa.
— Você tá cansada? — concordei com a cabeça.
— Há quanto tempo a gente tá dirigindo?
— 3 horas.
Suspirei fundo e encostei a cabeça na porta.
— Pode deitar no meu ombro, se quiser.
— Eu to bem, Ian. — sorri— Obrigada.
Ele retribui. Liguei o rádio, estava tocando NOFX, desliguei.
— Pensei que gostasse deles.
— Eu gosto.
— Que maneira estranha de demonstrar.
Dei um sorriso fraco e fechei os olhos.
— Camryn, acorda. — abri os olhos e vi Maia parada do meu lado. Levantei e pulei para fora do carro, o vestido já estava começando a me incomodar. Olhei em volta, estava parada na frente da casa de Maia.
Entramos e fomos até o quarto. Não achava o fato de Maia morar sozinha estranho, afinal, eu mesma morava mais sozinha do que com os meus pais. Mas no caso de Maia, era um pouco mais complicado. Pelo pouco que eu conheci, sua mãe era uma vadia metida que não ligava para nada além dos próprios negócios e o seu pai, sempre a rejeitou.
Maia foi até o quarto, pegou uma toalha e uma blusa e me entregou. Fui ao banheiro e tomei um banho demorado, depois voltei para o quarto de Maia e deitei em uma das duas camas. Capotei.
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The Second Chance
Подростковая литератураO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...