34 | San Diego

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Minutos depois paro o carro de Maia na frente da minha casa e Justin para a moto na esquina caso meu pai esteja acordado. Entro e pego as chaves do meu carro, logo depois saio e ando até a porta do motorista.
— Você não vai dirigir. — Justin sai de trás do carro.
— Eu não vou na sua bicicleta.
Ele ri.
— Me dá as chaves.
Suspiro e estendo a mão, ele pega a chave e entra no carro. Entro no banco de trás.
— Gostava mais quando não dirigia.
Ele não responde, mas o vejo rindo pelo retrovisor.

Abro os olhos e demoro um tempo até reconhecer onde estou. Levanto quando olho pela janela e vejo o mato ficando para trás.
Não falamos nada desde que saímos, uma parte de mim agradece mas a outra, se incomoda. Olho para retrovisor e Justin faz o mesmo, desvio o olhar.
— Quanto tempo falta?
— Duas ou três horas. Não tenho certeza. — ela olha de relance para o retrovisor — Você quer parar?
Sim.
— Não. — respondo. — Por que demora tanto? Pensei que era só 200km.
— Fecharam a estrada principal. — algo na sua voz não parece firme. — Fome?
Assenti com a cabeça.


Minutos depois estávamos parando no único restaurante que encontramos: Karen's Trucks — o que justificava os 30 caminhões parados do lado de fora.
Entramos e o cheiro era de fritura seguido por uma música country. Homens bebiam no bar e as garçonetes pareciam strippers. Uma mulher enorme com o cabelo trançado passava pano na mesa mais distante do bar. Justin foi até lá e sentamos. Peguei o cardápio.
— O que? — ergui o rosto sobre o cardápio e vi Justin me encarando.
— Só tem besteira. — sussurrei. Ele riu. — Para! Não vou comer aqui.
— Você vai querer sair daqui sem pedir nada? — ele aponta com a cabeça para a mulher enorme — Ela não vai ficar muito feliz.
— Nem meu estômago. — retruquei.

Justin

Era engraçado ver Camryn com nojo. Sua expressão mudara totalmente desde que entramos, talvez assim ela parasse de ser tão turrona.
— Ei. — chamo sua atenção enquanto ela encarava a mulher gigante que ainda passava pano nas mesas.
— Você realmente acha que ela é durona? — ela não desviou o olhar da mulher.
Coloquei a mão na boca, tentando não rir.
— Justin!
A encarei. Seu cabelo estava um pouco bagunçado, seu rosto vermelho, não sei exatamente por quê, mas ela continuava inegavelmente atraente.
Levantei e andei até a porta, senti Camryn correndo atrás de mim. Quando se aproximou, senti que seus braços estavam tremendo e seu corpo estava tenso. Estiquei o braço e segurei sua mão. E ela não soltou. O que era bom sinal, afinal.

Camryn

Estava tremendo até sairmos do restaurante, mas de algum modo a mão de Justin sobre a minha me acalmou. Penso em Maia e puxo a mão.
— Não faça isso de novo. — falo mais pra mim mesmo do que pra ele.
Ele abre o carro e entro no banco de trás.

— Ei — sinto um toque no ombro — Camryn, acorda.
Abro os olhos e vejo Justin parado do lado de fora do carro.
— Comprei umas coisas, se você ainda estiver com fome.
— Aonde estamos? — sento e olho em volta.
— 50km da entrada. Achei uma padaria, podemos sentar ali e comer. — ele aponta para um campo do outro lado da estrada.
Concordo com a cabeça e atravessamos. Qualquer estrada que liga Los Angeles a San Diego estaria quase impossível de atravessar, mas o fato de ser 3:30 da madrugada, ajuda.
Sento na grama úmida e Justin senta poucos passos de mim. Queria ele mais perto. Mas não posso.
— Fui a cremação da sua mãe hoje. — ele fala enquanto morde um pedaço de torta. — Não te vi.
— Ela não queria que eu fosse. — dou uma pausa e corrijo —Não queria que ninguém fosse. Me fez prometer que eu não ia chorar por ela. — Podemos mudar de assunto?
Encaro um saco de frutas e ergo uma sobrancelha.
— Você comprou fruta na padaria? — ele concorda com a cabeça — Mentiroso!
— Por que? — ele me encara.
— Porque não existe fruta na padaria.
— Existe sim.
— Não.
Sim. Não. Sim. Não. Sim. Não. Passamos um longo tempo discutindo até que canso e pego um pêssego.
— Camryn. — exclamo um 'huh?' mas não o encaro. — Olha pra mim.
Viro.
— Eu sei que você não tem uma tia que mora em San Diego.
Merda. Lá vamos nós.
— Por que você fez isso então?
Ele da de ombros.
— Por diversão e pra ver essa cara que você ta fazendo agora.
— Te odeio. — sai quase que automaticamente e ele ri.

The Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora