25 | All of sudden I miss everyone

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     Acordei com a luz do sol na cara, levantei e senti uma dor aguda na cabeça, resmunguei.
     — Bom dia, bebum. — Maia estava deitada em um colchão ao lado do meu. Ela fez careta. — Você tá horrível.
     — Não tanto quanto você. — ela riu. — O que a gente ta fazendo aqui?
     — Na sala? — não tinha percebido, mas concordei com a cabeça. Ela deu de  ombros e levantou — Noite dura.
      Ri de leve e olhei em volta, Mia estava jogada no sofá, na poltrona atrás do colchão, estava Anna. Levantei e fui até a cozinha, de algum modo, estava com uma camisa branca um pouco a cima dos meus joelhos. Sentei na bancada da cozinha e encarei Maia.
     — Brincaram de boneca? — ela em encarou confusa. — A roupa.
     — Você tirou a roupa, não foi tão difícil.
     — Ei! — minha expressão mudou, ela riu.
     — Brincadeira.
     Respirei aliviada, não que de algum modo tenha acreditado que era capaz de fazer isso.
     Peguei uma maça e dei uma mordida, Maia estava fazendo alguma coisa no fogão. Olhei para o relógio, 11:30. A casa estava praticamente vazia, todo mundo havia saído ou todo mundo estava dormindo. Ian apareceu e desceu as escadas depois de um tempo.Estava com uma blusa preta, um shorts branco e o  cabelo bagunçado. Não tinha semelhança alguma com Justin.
      — Bom dia. — ele resmungou e me encarou, sorrindo de orelha a orelha — Bela camisa.
      Não respondi. O encarei, seus olhos eram totalmente pretos, mas de algum modo, brilhavam como se fossem dourados.
      Fui até a porta dos fundos, Justin estava fazendo arremessos na quadra de basquete. Era uma quadra velha, ainda da época que o pai de Mia era capitão do time de basquete no colegial.
      — Ele fica ainda mais gostoso de azul. — era Maia, ela encostou do outro lado da porta.
       — O que você quis dizer — falei encarando a quadra, depois virei para encarar Maia — quando falou de mim e do Ian?
       — Vocês namoraram. — seu tom não era de muito certeza, mas não sabia em qual sentido era; no sentido de não ter certeza de mim e Ian ou de não ter certeza se deveria ter falado.
      — Isso é uma merda.
      — Não acho que seja, ele é bem gostoso.
      — Não isso. — franzi a testa — Esse sentimento de ser você mesma mas não ser, sabe? Sinto como se eu precisasse de alguém para me entender. Isso é uma merda.
       — Eu acho que eles estão errados. — a encarei — De esconder de você tudo isso.
       — Não acho que eles estejam.
       — Por que?
       — Não gostei de nada que descobri até agora.
       — Você é sortuda, Cam.
       — Não acho que sortuda seja a palavra certa. Talvez ferrada seja mais apropriada.
      — Você teve uma segunda chance de recomeçar. Mesmo que não tenha acontecido de um jeito bom, aconteceu. Você simplesmente acordou um dia e não sentiu nada, não se arrependeu de nada. Isso é sorte.
      Não falei nada, apenas a encarei. Senti a sinceridade e a dor em cada palavra, como se ela tivesse jogado todo o peso dos seus arrependimentos em mim, toda a vontade que ela queria de acordar um dia e esquecer tudo. Fui até ela e a abracei.
     — Você é uma boa amiga, Cam.
     — Você também. — sorri, Maia retribuiu e virou a cabeça, vi seu rosto se fechar, estava prestes a chorar — Ei.
     — É de alegria. — ela sorriu e me encarou — Eu to feliz, Cam. Feliz em te conhecer, você é provavelmente a única amiga que eu vou ter.
     — Maia — a encarei — você era cercada por garotas na escola e por garotos. Você era a líder delas, não apenas de torcida mas a líder do bando. Você é Maia Gattina.
    — Mas não é o mesmo. Era tudo sobre popularidade, você sabe disso.
    — Você tinha Mia.
    — E ferrei tudo. Então — ela deu um sorriso fraco — estou feliz por ter você.
    Sorri e a abracei. Depois de um tempo,  Maia saiu para a varanda. Peguei uma garrafa de água na cozinha e tomei uma aspirina, a noite passada realmente tinha sido dura. Passei pela sala, Mia e Anna ainda estavam dormindo. Fui até o quarto e tomei um banho gelado longo, coloquei um shorts e uma blusa qualquer e comecei a mexer no guarda-roupa. Achei um portfólio preto no fundo, abri, não era um portfólio, era um caderno de desenhos.
     O primeiro desenho, era uma cidade vista de cima. Os prédios altos, as casas, algumas com telhados pontudos, outras com um espaço vazio no ligar de telhados, no fundo, tinha uma praia. Senti uma sensação estranha, um fraco ímpeto de reconhecimento.
     O segundo, parecia o mesmo, porém visto de mais longe. Parecia que estava sendo visto por alguém em cima de algo alto, um prédio.
      O terceiro, a mesma coisa, só que mais longe. Dessa vez, a cidade não era mais o foco principal. O foco principal eram duas pessoas sentadas em uma parte alta do suposto prédio. No canto da folha, havia uma frase: "Você só precisa de uma." E embaixo, uma assinatura "Camryn Davis."
      — Cam — fechei o caderno sem perceber — O que você ta fazendo?
      — Nada. — engoli em seco e sorri — Acordou, dorminhoca b
      — Nem me fala — Mia resmungou e se jogou na cama — minha cabeça ta girando.
      — Toma. — levantei e peguei o pote de aspirina da cabeceira. Mia tomou quatro. — Mia!
      — Tudo ou nada, baby.
      — Espero que você não tenha um treco na minha cama.
      Mia deu de ombros e se levantou, saindo do quarto. Fiz o mesmo e fui até o jardim, já era o 13ª dia que estávamos na casa do lago, uma grande parte já estavam arrumando os carros. Sentei e os observei, não falava com a maioria, mas sabia que ia sentir faltar.

The Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora