Não. Não. Não. Não. Não pode ser.
Vesti a primeira blusa que e aai correndo do quarto, todo o efeito do álcool já havia saído do meu corpo com o choque. Corri para a garagem sem falar nada, peguei meu carro e sai. Fui para o lugar onde Justin ficava. Sai voando do carro com apenas a foto em minhas mãos.
— QUANDO VOCÊ IA ME CONTAR? — estava gritando, as lágrimas caindo.
Ele saiu e seu rosto fechou completamente quando viu a foto.
— Camryn...
— Eu não acredito que você mentiu esse tempo todo — estava soluçando pulei para cima dele batendo em seu peito descontroladamente — PORRA, EU QUERO TE MATAR.
Ele segurou meus pulsos, me encarando.
— DEIXA EU FALAR PORRA. — ele continuava me encarando. Eu continuava chorando.
— Você não tem noção de como doeu e ainda dói — seus olhos estavam cobertos de lágrimas que não se atreviam a sair — pra você foi fácil Camryn, você esqueceu tudo e eu lembro de cada momento, eu senti e sinto cada dor. — suas lágrimas caíram. — Procurava você desesperadamente Cam, em cada canto. Sentia seu perfume toda vez que eu dormia. Eu até esqueci como era o seu rosto, como era sentir o toque das suas mãos. O calor que tinha o seu abraço. A única coisa que eu tenho é um vazio, pra poder lembrar que um dia a gente existiu. Que um dia a gente foi real.
Estávamos ambos chorando, só que eu soluçava. Suspirei fundo
— Eu quero saber de tudo. — mal conseguia falar.
Ele me levou para o prédio abandonado, que era mais perto do que eu imaginava. Sentamos no mesmo lugar.
— Foi a 8 meses atrás — ele não me olhava — a gente saiu, eu, você, Mia, Ian, Ryan e a namorada dele. Bebemos bastante, e você queria ir pra casa, e eu te levei. Quer dizer — uma lágrima caiu de seu olho — tentei. — sua voz quase não saia — Passei a 140km/h no farol vermelho da avenida e batemos de cara com um carro preto. O carro amaçou completamente, a gente saiu vivo de lá por milagre. Você quase morreu e eu quase não tinha um arranhão. Sem fraturas sem nada. — mais lágrimas caiam de seu rosto — Recebi alta 4 horas depois e você estava em coma. Comecei a pensar que era desse jeito que eu pagaria pelos meus erros, sendo o culpado da sua morte. Mas não, você viveu e perdeu 92% da memória. — ele me encarou — Eu te visitei, todo dia durante 2 meses e você não acordou. O dia que você acordou foi um alívio, mas não me deixaram entrar.
— Por que? — suspirei — Isso é demais pra mim.
— Porque eu fui o culpado.
— Quem é essa? — apontei para a garota do lado do Ryan.
— A namorada dele. E a razão por ele não falar. — encarei-o ainda com os olhos cheio de lágrimas — Eles sofreram um acidente, na mesma avenida. Ela não sobreviveu e ele não aguentou lidar com a culpa.
Solucei, não conseguia falar nada. Senti o efeito do álcool no meu estômago e fiquei tonta, quase cai. Ele levantou ficando em pé na minha frente.
— Tudo bem?
— Resultado da noite passada, tomei um porre.
— Vou te levar pra casa.
— Não, eu quero saber.
— Você tá cansada.
— Não vou sair daqui.
— Então eu te carrego.
Ele me pegou e andou até onde meu carro estava. Entrei e dei partida.
Aquilo tudo era demais pra mim. As palavras dele. Tudo o que aconteceu. Fui chorando até em casa.
Meu celular vibrou, era Mia, apesar se se sentir culpada, ignore. Cheguei em casa e suspirei fundo antes de entrar.
— A gente pode conversar?
— Claro. Senta aqui. — fui até a sala
— Por que vocês não me contaram? - eles se encararam, peguei a foto e coloquei ma mesa.
— Filha... — meu pai levantou esticando um dos braços, recuei.
— Não — estava chorando de novo - Eu tinha o direito de saber. Por que esconderam de mim?
— Não queríamos te machucar. — os olhos da minha mãe estavam cheio de lágrimas.
— Não pensaram que iam me machucar do mesmo jeito? — uma lágrima saiu e eu subi.
Me tranquei no quarto e chorei por horas até que dormi.Acordei cedo e sai antes que meus pais acordassem. Fui para um dos únicos lugares que eu gostava de pensar, o prédio abandonado. Fui sozinha, sem avisar a ninguém.
Fiquei um tempo sozinha pensando em tudo que ele me disse. Pra você foi fácil Camryn, você esqueceu tudo e eu lembro de cada momento, eu senti e sinto cada dor. As lágrimas caíram.
Me assustei quando o elevador desceu, fiquei encarando, esperando. Era ele. Ele saiu e sentou ao meu lado, não falamos nada. O elevador desceu de novo, esperei. Era Mia. Levantei, chorando ainda mais por vê-la e corri abraçando-a.
— Eu te amo tanto, Cam. —ela também chorava.
Ele levantou, ela o encarou e foi abraça-lo. Sei que ele queria chorar, conseguia ver em seus olhos. Eles sentaram no telhado, e eu me aproximei do muro. Eles estavam conversando, não conseguia ouvir muito bem. Me aproximei.
— Ei — ela o encarou — eu sei que você tem feridas que nunca vão cicatrizar, viveu com elas tanto tempo que já nem sei se estão ai. A dor tem raízes profundas, sei disso, mas a única maneira de arrancá-la é perdoá-la e perdoar a si mesmo.
Ele a encarou, seus olhos castanhos estavam mais claros que o normal.
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The Second Chance
Genç KurguO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...