— Acorda dorminhoca. — abri os olhos, a luz do sol me atingiu como um raio. Mia estava parada na frente da janela, tinha acabado de abrir a cortina, ela sentou na ponta da cama. — Bem, temos coisas pra fazer hoje.
— Que tipo de coisas? — sentei com um resmungo.
— Compras — ela sorriu — ... com Maia.
Arregalei os olhos.
— Eu não ouvi direito.
— Bem — ela levantou e foi até o guarda-roupa — você ouviu direitinho.
— Ok, quem é você e o que você fez com a minha melhor?
— Dei uma folga. — Mia riu e deu de ombros, abri a boca e joguei a almofada nela. — Cam, você está realmente precisando de roupa nova.
Ela virou para me encarar segurando uma das minhas blusas com um gato estampado na frente.
— Mia! — levantei e fui até ela, ela riu.
Peguei uma roupa e fui ate o banheiro, instantes depois ouvi uma buzina.
— Nossa amiguinha chegou. — Mia gritou.
Coloquei a blusa rápido e sai do banheiro abotoando o shorts, peguei a escova e dei uma passada rápida no cabelo. Mia estava parada na frente do espelho passando batom, virou para me encarar.
— Vamos. — ela sorriu e saltitou até a porta do quarto, a segui. Descemos a escada e fomos até o jardim, Maia estava encostada no carro conversando com Scott.
— Scott — Mia começou — tem como você deixar essa... coisa dentro da calça pelo menos por um dia? — ela sorriu irônico.
Eu e Maia rimos.
— Por um dia. — Scott repetiu e piscou enquanto passava por Mia. Ela revirou os olhos.
Cumprimentei Maia e entrei no carro, Mia fez o mesmo.
— Capota levantada ou abaixada?
— Abaixada. — Mia falou como um flash. — Não acho que vai chover hoje.
Maia sorriu e deu ré com tudo, depois acelerou pela pequena estrada de terra até a estrada normal. Mia ligou o rádio, estava tocando Tegan & Sara, eu amava, mas Mia achava brega. Maia pegou um CD e colocou.
Andamos cerca de 15 minutos até o pequeno centro, Maia estacionou na frente de uma loja de lingerie, onde eu e Mia praticamente vivíamos. Mia pulou do carro e correu para dentro da loja. Fiz o mesmo.
— Cam — Mia pegou um top de oncinha — Você tem que comprar isso.
— Minha vida sexual não anda tão boa quanto a sua, Mia. — brinquei enquanto mexia em uma das arara.
Ela sorriu e deu de ombros, se sentindo orgulhosa e entrou no provador. Maia estava do outro lado da arara, sorrindo.
— O que é isso?
— Isso o que? — ela me encarou.
— Esse sorriso.
— Já sei o que a gente vai fazer hoje à noite.
— Hmm — a encarei, confusa.
Ela foi até o provador que Mia estava e bateu no pequeno pedaço de parede que dividia os provadores.
— Mia — ela bateu mais algumas vezes e parou — sai dai, a gente tem coisa melhor pra fazer.
Mia abriu a cortina, estava apenas com o top e com a calcinha.
— Não acho que tenha algo melhor que isso.
— Ok pantera, você está super sexy mas precisa guardar um pouco pra hoje à noite.
Mia me encarou confusa, retribui com um gesto confuso.
— Hoje à noite? — Mia a encarou.
— Aham. Vamos dizer que — ela deu uma pausa e me encarou, depois voltou para Mia — temos uma despedida de solteiro hoje.
— Maia você vai...
— Não — ela me cortou — mas conheço alguém que vai.
— Então a gente vai simplesmente sequestrar uma noiva? — peguei um copo de água que estava na mesa.
— Quase-noiva. — Mia corrigiu. — Gostei da ideia.
— Não é um sequestro se ela quiser vir com a gente.
— Quem é a sortuda? — Mia a encarou.
— Anna. — quase cuspi a água
— A menina do parque?
— Ela tá na sua casa, Mia. — Maia sorriu. —Você devia conhecer mais as pessoas que estão na sua casa.
— Do mesmo jeito que você me conhecia quando transou com o meu namorado?
— Wow — dei uma pausa — ok. Se a gente quer que isso funcione, é melhor a gente não... vocês sabem.
Mia sorriu sem mostrar os dentes e entrou no provador. Encarei Maia, surpresa.
— Parece que vocês não são tão amigas quanto eu pensei. — ela deu de costas e voltou a mexer na arara. Bebi um longo gole de água.
Mia saiu do provador com o top na mão e foi até o caixa, falando com a vendedora. A vendedora sorriu e guardou a peça. Mia retribuiu e andou na minha direção, pegando a bolsa do sofá.
— Ainda topam?
— Temos escolha? — Mia deu o mesmo sorriso de antes e foi até o carro, pulando para dentro. Passei por Maia e fiz o mesmo.
Fomos até uma loja de transporte, Maia alugou uma limusine em forma de van. Por dentro era igual as limusines normais, só que maior. Depois, fomos até uma loja que eu não sabia exatamente pra que era.
— Me esperem aqui. — Maia pulou pra fora do carro e entrou na loja.
Mia deitou no banco, colocando os pés sobre o carro.
— Desculpa.
— Pelo que exatamente? — a encarei.
— Por não ter te falado.
— Tudo bem. — dei de ombros. — Não quero saber dos detalhes, sabe o que eu quero dizer.
Mia riu, fiz o mesmo. Maia voltou saltitando com um sorriso enorme no rosto e pulou no carro.
— Entãaaao — Mia virou para encara-lá.
— Não vou falar nada. — ela encarou Mia e sorriu, depois voltou o olhar para a frente — A noite promete, meninas.
Ela sorriu de novo e acelerou. Encarei Mia. Chegamos em casa perto das 17 horas. Mia desceu do carro rápido.
— 21 horas. Preparem a noiva.
— Quase-noiva. — Mia corrigiu.
— Tanto faz. — ela deu de ombros e acelerou.
— Deixa que eu falo com ela. — Mia concordou com a cabeça.
A maioria do pessoal estava fora da casa, procurei Anna pelo jardim mas não achei. Subi as escadas e fui até seu quarto. A porta estava entre-aberta, dei uma batida e empurrei devagar. Ela estava sentada na cama, com um livro na mão.
— Como vai, noiva? — sorri. Ela parecia surpresa em me ver. — A gente não se fala muito, na verdade... a gente nunca se falou. — ela riu de leve — Mas você é amiga da Maia que é... amiga da Mia — amiga não era o termo específico — então...
— Eu sei da festa.
— Ah — exclamei — Que bom.
— Não importaria com a sua ajuda. — sorri e entrei no quarto.
— Então, o que ai vestir? Não precisa nada demais.
— Afinal, a gente nunca sabe onde vai terminar. — a encarei. Ela sorriu. — É uma citação. Do meu jeito, mas tem o mesmo propósito.
— Dante, certo?
Ela concordou com a cabeça e levantou. Colocou uma blusa verde e uma calça jeans em cima da cama
— O mais simples possível.
— Ótimo. — sorri — Vou me arrumar.
— Cam — virei para encara-lá — Tudo bem se eu me arrumar com você?
— Sim, claro que sim. — sorri. — Vamos.
Ela retribuiu e pegou a roupa, me seguindo até o meu quarto. Enquanto ela tomava banho, escolhi minha roupa; uma regata laranja e uma calça jeans. Anna saiu enrolada na toalha, sorri e entrei no banheiro. Tomei um longo banho quente, e me vesti, saindo com a cabelo enrolado na toalha.
— Cam, eu... — Mia entrou com tudo mas parou de falar parar encarar Anna. — Oi, novinha. — ela sorriu.
— Eu vou esperar lá fora. — sorri e Anna saiu.
— Já está planejando o seu casamento? — Mia brincou, joguei a toalha nela.
— Por que vocês estão fazendo isso mesmo?
— Isso o que?
— Isso. Despedida de solteiro, quero dizer, Mia Sawyer e Maia Marsh juntas, fazendo a festa de uma "normal".
— Davis — ela corrigiu — Maia Marsh parece um trava-língua.
— Não foge do assunto.
— Talvez a gente queira levar alguém pro mal caminho, já que não funcionou com você.
Cerrei os olhos, ela riu. Anna entrou no quarto.
— Tem uma van preta parada na porta, vocês estão planejando me sequestrar ou algo do tipo?
Tanto eu quanto Mia rimos. Puxei Mia pelo braço e fomos até a varanda.
— Ei — Ian puxou Mia — a gente não tá convidado?
— Não — Mia sorriu — coisa de menina.
— Posso ser menina por uma noite. — ele sussurrou.
— Você já faz isso o dia todo. — Mia sorriu, alguns dos meninos que estavam perto gritaram empolgados. Mia puxou o braço e andou até a varanda.
A limusine era enorme, os bancos eram de couro, não eram alinhados em fileiras como uma van normal – não tinha nada a ver com uma van, só por fora – eram alinhados como em um limusine qualquer.
— Que a festa comece. — Maia sorriu e levantou uma taça de champanhe, se jogando no banco.
— Vamos dar umas paradinhas. — Mia encarou Maia, ela sorriu. Anna parecia tão confusa quanto eu.
Fomos até o centro e paramos do lado oposto da loja de lingerie. Descemos e atravessamos a rua.
— A loja não costuma fechar às 21?
— Comprei tanta coisa aqui, que as vendedoras me devem uns favores. — Mia sorriu.
Entramos na loja, estava completamente vazia. Maia acendeu a luz.
— Vamos meninas — de cada provador, saiu uma mulher vestida com lingeries diferentes e desfilaram.
— Sua vez, Anna. — Mia a puxou até um dos provadores. — Coloca isso. — ela pegou um top parecido com o de oncinha.
— Eu não vou colocar isso.
— Por diversão, Anna. — sorri.
Ela pegou e entrou no provador. Enquanto nós colocamos outro tipo de lingerie. Ficamos esperando com as outras três mulheres parada na frente do provador.
— Anna. Você vai sair? — Maia exclamou. Estava com um top preto, e uma calcinha preta e branca.
— Eu não vou sair.
— Bem, se você não sair, nós vamos entrar. — exclamei.
Abri a cortina devagar. As meninas gritaram empolgadas.
— Você tá sexy!
— Vai deixar seu noivo caidinho. — sorri.
— Não, eu vou tirar isso.
— Não, não vai. Seu noivo vai. — Maia exclamou. Rimos.
— Com certeza. — Mia sorriu.
Entramos nos provadores e nos trocamos, Mia comprou a lingerie pra Anna. Voltamos para a van e fomos até a misteriosa loja que Maia havia parado.
— Vamos ter umas aulinhas. — Mia sussurrou no meu ouvido. Foi ai que eu entendi.
Entramos na loja e fomos até uma sala, estava vazia, a não ser por uma mulher parada na frente do pole dance.
— Meninas — ela começou — é tudo sobre o corpo. — ela passou a mão da barriga até as coxas. Olhamos com surpresa pra ela. — Quem de vocês é Anna? — as mulheres do desfile apontaram parar Anna ao mesmo tempo.
A mulher do pole dance sorriu e deu uma volta.
— Ela não vai fazer isso. — sussurrei para Mia.
— Vai devagar, Anna. — Maia a encarou.
— CADÊ O POSTE — Era tarde demais, Anna já havia corrido gritando até o pole dance. Rimos.
Passamos um bom tempo assistindo a aula de pole dance de Anna e bebendo alguns drinks, depois fomos parar a próxima parada. Antes de chegarmos, a limusine parou. Maia deu um pulo para fora da van, fizemos o mesmo.
— O que aconteceu?
— Vai demorar cerca de uma hora pra concertar. — o motorista exclamou.
— O que? É por isso que eu faço tudo antes, pra não acontecer esses problemas. Você tem que ligar para alguém agora.
Ouvimos um barulho de sirene, o carro do seguro parou na frente da van. Maia sorriu. Um homem desceu com uma caixa de ferramentas na mão.
— Precisam de ajuda? — ele colocou a caixa de ferramentas no chão e arrancou a blusa.
As meninas gritaram. Anna parecia surpresa. Voltamos para a van com o stripper-mecânico e dançamos até a próxima parada. Era um bar, parecido com a sala do pole dance, também estava vazio. Maia provavelmente privatizou tudo pra essa noite. Ela comprou algumas bebidas com a identidade falsa, passamos um bom tempo no bar.
— Então, Anna — começou Maia — por quê vai se casar tão cedo?
— Ela tá grávida. — falou Mia. Encarei Anna.
— Não! Eu não to grávida. — exclamou Anna — Vou me casar por amor.
— Tão cedo assim? — perguntou Maia.
Anna concordou com a cabeça.
— É, bem... eu acho que eu não posso evitar se eu achei o homem que eu quero ficar logo de primeira. Não é disso que se trata? — a encarei — Se talvez nós não estamos aqui procurando quem nós queremos ficar para sempre, então o que estamos fazendo aqui?
Bebi um longo gole da minha bebida. Milhares de coisas circularam minha cabeça, mas estava tonta demais para se concentrar em uma.
— Eu acho que... — Maia pegou um balde e colocou em baixo de Anna, na mesma hora que ela vomitou.
— Primeiro porre? — Mia a encarou, com nojo. Maia concordou com a cabeça.
— Bom, acho que já deu por hoje. Hora de ir, meninas.
Maia entregou o cartão para o barman, pagou e depois saímos. Anna apoiada em mim, enquanto eu segurava seu cabelo. Ela deitou quando entramos na van.
— Deixem ela comigo hoje. — exclamou Maia — O motorista leva vocês.
Mia concordou com a cabeça. A primeira parada foi a casa de Maia, ela e Anna desceram.
— Boa noite. — exclamou Maia. Sorri.
Encostei a cabeça em um dos bancos e estiquei as pernas.
— Eu estava pensando no que a Anna disse. — encarei Mia — Você sabe, que tudo deve ser por amor.
— Um pouco assustador, né?
— É... você acha que ela tá certa?
Mia me encarou. Continuei:
— As pessoas vão te decepcionar, eu sei disso, eu até que já espero isso mas... Eu não sei... e se você acordar um dia e perceber que é você a decepção?
Mia olhou para a janela e suspirou, sem falar nada.
— No que você tá pensando?
— Eu estava pensando sobre... — ela deu uma pausa — como é que eu vou pagar essa limusine.
Ri, Mia me encarou e fez o mesmo.
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The Second Chance
Teen FictionO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...