- Camryn - apesar de eu estar sem fôlego, ele parecia normal. Ele sorriu e encarou o céu.
Olhei para cima, apesar de ser final de tarde, o céu estava mais escuro que o normal. Ele afastou e andou até a cesta, agachando e a pegando em seguida. Sua jaqueta estava pendurada sobre meus ombros, ajeitei-a e andei até ele.
Seguimos pela trilha sem falar muito, apenas rindo de certas piadas. Já estávamos no final da trilha, quando a chuva caiu. Usei a jaqueta dele para me cobrir, ele esticou a mão, peguei e corremos, ri. Quando chegamos na frente da casa, Mia estava parada, parecia angustiada.
- CAMRYN! - ela gritou quando me viu. Senti Justin soltando minha mão. - Onde você tava?
- Eu... - corrigi - a gente, saiu pra dar uma volta.
Encarei Justin, ele estava secando o cabelo com uma toalha que eu não tinha visto antes.
- Desde meio-dia? - ela parecia não acreditar- O que vocês fizeram depois?
Nos beijamos.
- Conversamos. - foi tudo o que disse.
Justin concordou repetidamente com a cabeça, sem falar nada. Depois de um tempo, entrou.
- Cam - Mia cerrou os olhos em diversão - o quê realmente aconteceu?
- Nada. - sorri de leve. - Vou tomar um banho.
- Cam! - ela soltou um grito enquanto eu entrava.
Andei até o quarto, ignorando alguns olhares e comentários enquanto passava pela sala. Estendi a jaqueta de Justin na cadeira e fui até o banheiro. Tirei as roupas molhadas e comecei a tremer, liguei o chuveiro na temperatura máxima e entrei. A reação foi instantânea, quase tive um choque térmico, pensei. Exagerada, minha consciência repetiu.
Depois do banho, sequei meu cabelo e coloquei uma roupa de frio, pela primeira vez, estava fazendo frio na casa do lago. Coloquei uma calça legging preta e uma blusa de moletom por cima de uma de manga caso o tempo mudasse. Olhei para o relógio: 18:35. Ouvi uma batida na porta, abri. Era Ian, com um sorriso enorme estampado no rosto.
- Só pra avisar que vai ter a fogueira, agora que a chuva acalmou.
- Pode deixar. - sorri. Enquanto ele se afastava, eu fechava a porta.
- E Cam? - parei na metade e o encarei. - Você tá linda. - ele sorriu e caminhou até a cozinha. Fechei a porta.
Deitei na cama e percebi o quanto estava cansada. Meus olhos começaram a se fechar.Uma batida, abri os olhos, estava totalmente escuro. Me senti desnorteada, apalpei a cama à procura do meu celular, não achei. Outra batida, apalpei a cômoda e o achei na ponta. A luz me fez piscar. 23:40. Merda. Fui até a porta e abri.
- Acorda, dorminhoca. - era Mia. - Já deixei você dormir muito, vem.
Voltei para o quarto e passei a escova só pra ajeitar o cabelo e sai. O vento era frio, estavam todos em volta da fogueira. Uns com cobertores, uns com duas ou mais blusas,e uns, ou melhor, Justin, com apenas uma blusa comprida e uma calça de moletom - o que me fez lembrar do primeiro dia que fui na casa dele, quando descobri quem eu era, espantei o pensamento. Mia andou até a área de lazer e ligou o rádio, começou tocar uma música calma mas depois ficou agitada, demorei para perceber qual era. Uma das favoritas de Mia, Heartbeat do Vicetone.
Alguns levantaram e começaram a dançar, outros ficaram se mexendo em seus cobertores.
- And it's you that i wanna and need - me arrepiei da cabeça aos pés quando alguém sussurrou bem perto do meu ouvido junto com a música.
Virei. Claro. Era Justin, segurando um copo de plástico vermelho e sorrindo. O encarei e sorri de leve.
- A música - ele continuou como se estivesse se explicando.
Ele cantou de novo, fechando os olhos e franzindo a testa na parte do And it's you that i wanna breathe, ri. Nunca tinha o visto desse jeito - não com tanta gente em volta. Sabia que ele era brincalhão, mas com certas pessoas.
Ryan passou do nosso lado e Justin colocou o braço em volta do pescoço dele, mexendo a cabeça com os olhos fechados e levantando o copo com a outra mão livre.
- AND IT'S YOU THAT I WANNA AND NEED - ele gritou junto com Vicetone depois que a batida passou. Ryan riu, ainda envolvido pelo braço de Justin, fiz o mesmo. Justin deu um gole na bebida e bateu no peito de Ryan, o libertando. Ryan andou até a casa, ainda rindo. Justin continuava balançando a cabeça, até que a música acabou e ele parou. O encarei, rindo. Ele fez o mesmo, mas não falou nada, bebeu outro gole.
Todos estavam entrando, franzi a testa e encarei Justin. Ele fez um sinal com a cabeça e seguimos todos até a sala de jogos, Mia estava ajeitando o karaokê.
- Quem vai ser o primeiro? - Ela falou no microfone. Levantei o braço e fui até ela, pegando o outro microfone. Ela sorriu.
- Deixa eu adivinhar - ela continuou - Pumpin Blood?
Sorri e concordei com a cabeça. Pumpin Blood era a única música que que eu cantava.
A música começou, tanto eu quanto Mia, quanto a grande maioria, começamos a dançar. Fui a primeira a cantar, cantei os três primeiros slides, depois Mia cantou os outros 3, e no refrão, cantamos juntas. Era provavelmente o melhor momento desde que chegamos. Todos rindo, dançando, se divertindo.
A música acabou, Mia ganhou por 2% a mais.
- Droga - bati na coxa, sorrindo.
Mia fez uma comemoração estranha e depois me abraçou. Quando fui me juntar com o resto, percebi que estava suada, o frio havia passado. Tirei a blusa de cima e a deixei de lado. Todos já haviam deixado os cobertores de lado, Mia ligou o ventilador.
Justin estava no canto, encostado na parede. Ele me encarou e sorriu, fui até ele.
- Então, Vicetone, o quê achou? - brinquei.
- Bom o suficiente pra lotar um show no Squeels.
Dei um soco de leve no seu ombro e abri a boca. Ele deu de ombros e riu. Olhei para frente, Scott e Ian eram os próximos. Começou a tocar Salt N Pepa e todos gritaram. Era a melhor música da década de 80.
Todos riram quando eles começaram a cantar e Scott começou a rebolar. Foram mais seis músicas e duplas depois de Salt N Pepa. A sala já havia esvaziado um pouco, umas quatro pessoas haviam saído. E os que sobraram, estavam espalhados pelo chão. Mia estava no canto com Ian, rindo. Justin estava encostado na porta e falando com Ryan. Scott estava sentado com Sarah, uma garota da sua sala de francês. E havia mais um casal no canto, cujo eu não conhecia mas não lembrava o nome. Mas logo depois eles saíram.
Bocejei. Dylan estava do meu lado, aproveitei e encostei a cabeça no seu ombro.
- Com sono? - concordei com a cabeça. Estava morta, mesmo tendo dormido antes da fogueira. - ... Cam?
- Desculpa - não tinha ouvido o quê Dylan acabou de falar, estava caindo.
- Quer que eu te leve pra cama? - ele sussurrou - No bom sentido, quero dizer.
Ri de leve.
- Não precisa. Só quero ajuda pra levantar.
Dylan levantou e estende a mão, a peguei e levantei. Fui até Mia e Ian e dei boa noite, fiz o mesmo com todos e sai, Dylan atrás de mim.
- Obrigada pela companhia. - brinquei quando cheguei no quarto.
- Não tem de que. - Dylan se curvou, e riu de leve.
- Boa noite. - dei um longo abraço em Dylan, estava cheiroso.
- Cam - o encarei - você sabe se precisar de alguma coisa ou alguém pra conversar, pode contar comigo né?
Sorri e fiz que sim com a cabeça.
- Eu sei que as vezes Mia não ta, então eu vou ta aqui se você precisar. Não importa o que aconteceu com a gente, você é como uma irmã que eu tenho a responsabilidade de cuidar. - sorri e beijei sua bochecha.
- Obrigada por tudo. O mesmo pra você. - estiquei o braço e te dei outra abraço. - Dorme bem.
Ele sorriu e subiu as escadas. Entrei no quarto e fechei a porta, meus olhos estavam começando a pesar. Fui logo para o banheiro e tomei um banho rápido antes que caísse no sono suada. Me joguei na cama, quando alguém bateu na porta. Resmunguei mas levantei.
- Justin - falei mais surpresa do que esperava.
- Sua blusa. - ele levantou minha blusa de moletom na altura do seu rosto. A peguei.
- Obrigada. - sorri.
- Boa noite, Camryn.
- Boa noite, Justin. - sorri.
Ele sorriu e andou até o seu quarto. Minhas pálpebras estava quase se fechando, se as deixassem fechar, cairia ali mesmo.
- Camryn. - a voz de Justin me despertou. Ele enrijeceu o maxilar, estava parado na porta do seu quarto. - Precisa de ajuda pra ir pra cama? - seu tom era sério mas havia uma pitada de divertimento.
Não falei nada, apenas entrei no quarto e fui em direção à cama, mas esbarrei na cômoda fazendo um barulho enorme e derrubando metade das coisas.
- Droga - exclamei colocando a mão na cintura, senti uma dor aguda.
Justin apareceu na porta e me encarou, estava sério mas depois riu de leve. Ele se aproximou e colocou as mãos nos meus ombros, sua mão estava gelada e meu corpo quente, o que me fez arrepiar. Ele me guiou até a cama, resmunguei quando deitei.
- Ta doendo? - ele me encarou. Demorei pra perceber que ele se referia a cintura. Concordei com a cabeça. Minha não ainda pressionando a cintura.
Ele saiu do quarto e depois voltou um um vidro que parecia de hidratante. Ele se agachou, ficando da altura da cama e colocou um pouco do líquido na mão. Tirei a mão devagar e levantei a blusa até a altura da cintura, estava vermelha, não sabia se era por causa da batida ou por eu estar pressionando-a.
Justin colocou a mão devagar, estremeci, o líquido era gelado. Ele passou a mão devagar, pressionando um pouco. Sentia dor toda vez que ele pressionava, provavelmente minha cintura vai ficar com uma marca roxa. A dor era tão irritante que mal tinha sentido o toque dele sobre minha pele, me arrepiei.
- O que foi?
- Frio. - não era mentira, mas não era o motivo. O encarei. - É gelado.
- Isso ajuda - estava concentrado na minha cintura - o gelado ameniza a dor. Por isso que o gelo é a primeira coisa que uma pessoa pega quando bate em alguma coisa.
Não ouvi o que ele falou depois. Apenas o encarei. Ele tinha uma marca no rosto, uma cicatriz pequena e duas pintinhas do lado. Tinha várias outras espalhadas pelo pescoço e do outro lado do rosto, mas estava escuro demais pra ver. Seu cabelo parecia macio, e era. Seus cílios eram longos, o tipo de cílios que deixava qualquer menina com inveja. Não percebi que eles estava me encarando, com um sorriso pequeno no rosto. Desviei o olhar pra minha cintura e abaixei a blusa. Ele levantou e colocou o vidro em cima da cômoda.
- Vou deixar aqui, se você quiser. Cuidado pra não derrubar. - ele brincou.
Ele agachou e pegou dois frascos de perfume e meu carregador que havia caído no chão, os colocou na cômoda e virou para me encarar.
- Quer que eu cante uma canção de ninar?
Revirei os olhos e ri. Ele fez o mesmo e andou até a porta. Sussurrei antes de cair no sono:
- Obrigada pelo dia, Vicetone.
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The Second Chance
Novela JuvenilO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...