Quando voltamos no fim do tarde, Maia e Rob já estavam de volta arrumando a lareira. Dylan estava na cozinha cozinhando alguma coisa com uma garrafa de cerveja ao lado.
— Ei pombinhos. — Maia exclama levantando do chão e batendo as mãos.
Dou um sorriso e me junto à eles enquanto Justin vai até a cozinha. Sento no chão e Rob levanta para buscar mais lenha. Maia senta ao meu lado.
— Quando você vai? — ela pergunta.
— Depois de amanhã. Pela manhã.
— E quando volta?
Encolho os ombros e pressiono os lábios.
— Não vou poder voltar por um tempo. Não vou viver apenas sob às custas da empresa do meu pai, quero dizer, eu nem trabalho e ganho todo o rendimento. — suspiro — Não vou abandoná-la, só quero colocar alguém que eu confie pra fazer o certo, e eu não tenho ninguém.
Maia pressiona os lábios e meneia a cabeça, sem responder. Rob volta com a lenha e eu jogo algumas na lareira até que por fim, Maia a acende.
— Quem quer alguns petiscos? — Dylan sai pela porta da cozinha.
Eu, Maia e Rob fazemos um coro como um criança e sentamos no sofá. Dylan coloca os petiscos na mesinha central e Justin traz alguns chocolates quentes para Rob e Maia. Em seguida ele volta com mais dois e me entrega um, beijando meus cabelos — o que me dá uma leve sensação de conforto e eu sorrio. Ele senta do meu lado e pega minha mão.
— Queria que fosse sempre assim. — exclamo.
— Eu também. — ele sussurra e dá um sorriso.
Olho pela sala e vejo Dylan e Rob sentados um do lado do outro, mão sobre mão e na poltrona na minha frente, vejo Maia me encarando. Quando nossos olhares se encontram, ela faz careta e eu repito. Ambas rimos. Penso no meu pai por um instante mas espanto o pensamento, não preciso mais dele. Tenho tudo o que preciso bem aqui.
— Vamos jogar Eu Nunca. — Dylan quebra o silêncio.
— Com chocolate? — Justin levanta uma sobrancelha.
— Por que não? — Dylan retruca e Justin dá de ombros.
— Ok. Eu começo. — Maia exclama se remexendo na poltrona. Prendo a respiração. — Eu nunca beijei o Dylan.
Tanto eu quanto o Rob bebemos um gole
do chocolate.
— Eu nunca fiz sexo no banco traseiro do carro. — Dylan fala.
Maia é a única que bebe. Rio de leve.
— Eu nunca perdi a memória. — Maia dispara e eu abro a boca a encarando e rindo.
— Ei! — exclamo enquanto bebo um gole do chocolate e todos riem.
— Eu nunca perdi ninguém que amava. — Rob fala.
Tanto eu, como Maia, Dylan e Justin bebemos.
— Eu nunca assisti Harry Potter. — falo para quebrar o gelo e todos me encaram. — Parem de olhar como se eu fosse louca!
— Na verdade, você é. — Dylan exclama e eu rio. Em seguida, todos bebem.
— Eu não tenho um irmão louco. — Maia exclama e Justin bebe.
— Eu nunca fiz sexo na praia. — Justin exclama e Maia bebe.
— Por que sinto como se fosse mais fácil perguntar onde você não fez sexo? — Rob a encara e todos riem.
— Você definidamente não me conhece. — Maia exclama e dá uma piscadela rindo em seguida. — Vamos jogar um jogo rápido agora. Eu falo o nome de alguém e vocês têm que falar a primeira palavra que vem na cabeça.
Todos meneiam a cabeça.
— Ok, hmm... — Maia faz uma cara pensativa — Rob.
Falo tímido, Justin fala legal e Dylan fala bondoso.
— Minha vez. — Justin exclama — Camryn.
— Amnésia. — Maia dispara.
Rio e em seguida todos fazem os mesmos.
— Deixe-me viver! — exclamo.
— Foi a primeira palavra! — ela retruca. — Ok. Última da noite. Como vão chamar seus filhos?
Um silêncio percorre a sala até que Dylan é o primeiro a falar.
— Sophia ou Tyler.
— Lindos mas comuns. — Maia exclama, pensando novamente — Gosto de Sophia.
Ela dá um sorrisinho.
— Gosto de Margaux. — Justin exclama para a minha surpresa. Ele quase não estava falando então isso foi um grande passo.
— Gosto de Benjamin. Ben. — falo em seguida.
— Margaux est chic. — Maia exclama e Justin dá um sorriso torto. Rob boceja logo em seguida.
— Acho que vamos subindo. — Dylan se levanta.
— Também vou. — Maia levanta e logo em seguida Rob. A noite acabou. Olho no relógio e está beirando às 23:45. Ainda é cedo, penso, mas não falo nada. Maia se levanta e beija meus cabelos, em seguida vai até a cozinha e quando sobe, está com um copo de água na mão. Dylan e Rob vão logo atrás.
Em instantes eles desaparecem e eu e Justin somos os únicos. Inclino-me para encará-lo.
— Por que está tão tenso?
Ele dá um sorriso.
— Tudo bem.
— Não perguntei se estava bem.
— Estou apenas pensando.
Ele me puxa para perto e beija minha testa.
— Tem uma praia aqui perto, você sabia? — ele continua.
— Não, pensei que era só o lago.
— Ela é deserta. Acho que apenas os nativos sabem de sua existência.
— E como você sabe?
— Descobri por acaso. Você gostava de lá. — ele dá uma pausa — Você quer ir?
— O que? Agora? — sento no sofá e o encaro.
— Por que não?
— Não é perigoso?
Ele dá um sorrisinho.
— Se ninguém conhece, não é.
O encaro por um instante.
— Ok. — respondo por fim.
Levanto e vou até o quarto, faço uma pequena mala e quando saio vejo Justin embrulhando alguns sanduíches e cervejas. Ele não percebe a minha chegada, encosto na porta e o observo. Ele tem músculos bem definidos e alguns fios caem sobre sua testa, ele embrulha alguns sanduíches e bebe um gole de água, em seguida faz o mesmo até levantar o olhar e me encarar.
— Pronta?
Faço que sim com a cabeça e ele termina de ajeitar os sanduíches e as cervejas no cooler. Em seguida, pega as chaves do carro de cima da mesa e estica a mão, pego e caminhamos até o carro.
Passamos por diversas estradinhas de pedra e areia até chegarmos na frente de uma vegetação alta. Ele para e olha ao redor, sigo seu olhar até uma estreita estradinha de areia, ele a segue até chegarmos na praia. Andamos alguns quilômetros pela beira da praia até pararmos. Ele desliga o carro e desce, faço mesmo.
Olho para o céu e entro em choque. Nunca vi tantas estrelas juntas. Consigo ver o cruzeiro do Sul, Júpiter, Saturno, Marte, as plêiades... Abaixo o olhar e vejo Justin me encarando.
— É lindo.
— Eu sabia que gostaria. — ele sorri e estende uma toalha, sentando em seguida.
Sento ao seu lado e ambos ficamos em silêncio.
— Eu sei que estávamos evitando falar sobre o que vai acontecer depois de amanhã, mas — pressiono os lábios — precisamos conversar.
Ele não fala nada. Espero. Nada.
— Eu não me encaixo no seu mundo, e você não se encaixa no meu. — ele fala finalmente — Você tem um futuro brilhante, eu não. Você tem uma mente brilhante, eu não. Eu nunca tive e nunca vou ter. Minha vida é aqui, e a sua é no mundo.
O encaro, abismada.
— Eu não acredito que você disse isso.
— A verdade?
— Não, isso é um bando de merda! — explodo — Você não acha que eu também estou apavorada? Claro que estou! Tenho quase 18 e em menos de um ano já perdi mais coisas do que posso contar. Estou mudando para uma cidade nova, tenho que me preocupar com a empresa do pai, cujo me abandonou se você não lembra. Minha mãe está morta e os parentes mais próximos estão à 4.000km de distância e eu não tenho o apoio de ninguém. Ninguém. E agora, você me fala que a única pessoa que eu tenho não pode ficar do meu lado. Você não tem esse direito!
Espero uma resposta mas ele fica quieto, com as mãos apoiadas no joelho. Um silêncio percorre o ar e de longe, escuto as ondas levemente quebrando.
— Você quer sanduíche? — ele fala depois de um longo tempo.
Meneio a cabeça e ele me entrega, comemos em silêncio absoluto. Conto até dez e ele quebra o silêncio.
— Estou com você. Sempre.
Sinto meus ombros ficarem mais leves e dou um sorriso.
— Sempre. — sussurro enquanto ele coloca o braço ao meu redor e acaricia meu ombro.
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The Second Chance
Teen FictionO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...