7 | Beach house

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      — Camryn. — a voz de Justin vinha de longe. – Camryn. — agora mais perto — Camryn, acorda.
       Abri os olhos, a luz do Sol estava forte demais. Fechei. Merda. Não acredito que tinha dormido aqui com ele. Levantei e andei em direção às escadas.
      — Preciso ir pra casa. — ouvi seus passos atrás de mim, ele puxou meu braço me virando.
       — Você tá nervosa. — sua cara estava coberta de diversão.
        Puxei meu braço.
        — Não costumo dormir com caras depois de dois dias. — virei e continuei andando, ele me seguiu rindo.
       — Se você continuar falando assim vão pensar que eu te tracei.
       Fiquei boquiaberta e virei para ele.
       — JUSTIN!
       Ele riu. Continuei descendo as escadas.
       Cheguei no último degrau e sai, mas parei e olhei para os lados mal conseguindo abrir os olhos por conta da luz do Sol.
        — Você não sabe pra onde ir. — ele cruzou os braços.
        — Não precisava me trazer a um lugar tão privado.
       Comecei a rir.
        — O que? —ele sorriu.
        — O jeito que você falou "te tracei" como se eu fosse um animal.
         Ele riu.
        — Não deixa de ser um animal selvagem que precisa ser domado.
        Fiquei boquiaberta mas em um tom divertido.
        — Você vai me mostrar o caminho agora  ou vou ter que descobrir sozinha?
         Ele sorriu e começou a andar, segui ele.

      — A lanterna do carro da sua mãe ta fraca, vão te dar multa desse jeito. — ele analisava o carro por inteiro.
       Encarei-o.
       — Como sabe que é o carro da minha mãe?
       — Você disse. — ele continuava olhando o carro.
       — Não, eu não disse. — retruquei.
       — Disse sim. — ele me encarou — Posso ajeitar? 
        Balancei a cabeça concordando. Ele entrou no lugar onde estava sua moto e saiu com uma caixa de ferramentas abaixando-se na altura da lanterna. Encarei-o. Ele não estava mais com a sua jaqueta preta, estava apenas com uma blusa lisa normal e calça jeans.
        — É a segunda vez que te pego me analisando. — ele sorriu mas não virou para me olhar. Como ele sabia?
        — Não estou te analisando. Estava vendo o que você estava fazendo. - olhei para a lanterna.
        — Eu nem comecei. — senti seu sorriso.
       Merda. Ele sempre me pega.
        — Pronto. — ele levantou batendo as mãos.
        — Obrigada — dei um sorriso fraco. — Tchau.
        — Tchau — ele retribuiu.
        Virei e entrei no carro. Meu celular vibrou.
        — Oi mãe  
        — Camryn, cadê você? Por que saiu tão tarde?
        — Tive que comprar absorvente  e estava cansada demais pra dirigir, acabei dormindo no carro.
      Merda.
       — Hm ok. — ela falou com não muita certeza — Pode aproveitar e comprar as coisas que estão na lista em cima do painel?
       — Claro, beijo. Tchau.
       Desliguei e parei no Walmart mais próximo, peguei a lista e sai.
       — CAM! — levei um susto quando ouvi Mia atrás de mim. — Onde você tava? Te liguei a noite toda.
      — Saí pra comprar absorvente. — ela cerrou os olhos — 100% verdade. — sorri e continuei a botar as coisas no carrinho.
      — Você ta mentindo. — ela me seguiu.  
      — Não to.
      — Ta sim.
      — Eu sai com alguém — dei uma pausa — mas não foi nada demais.
      — Você passou a noite fora. — ela ficou boquiaberta mas com um tom divertido.
      — Não aconteceu nada. Eu estava morta e acabei dormindo.
      — Com o Justin.
      — Não — menti.
      — Não acredito em você, Cam.
      — Ok. — ri.
      Ela revirou os olhos.
      — Você é impossível.
      Terminei as compras e me despedi de Mia. Íamos para a casa de praia a noite e passaríamos três dias fora, aproveitei e comprei as coisas que iríamos precisar.

      — Boa tarde, mãe. — entrei em casa com algumas sacolas na mão.
      — Boa tarde, filha. — ela me encarou — Que horas você vai sair hoje?
      — Daqui a pouco vou para a casa da Mia, a gente vai daqui umas 3 horas.
      — Hm entendi. — sorri.
     Terminei de tirar as coisas do carro e sentei ao lado da minha mãe, conversamos e rimos por um longo tempo e então subi para o quarto para arrumar minhas coisas.
Estranho. A janela tava aberta. Caminhei até ela e vi uma lata, de energético e embaixo dela uma foto. Peguei e percebi que a foto era a vista do prédio abandonado que Justin tinha me levado um tempo atrás. Virei a foto.
     "Não sou o tipo que deixa flores e chocolates. Além do mais, nem somos amigos. Mas achei que iria gostar de ter sua própria 'mini-vista'. O energético é de citrus, seu sabor favorito beba antes de viajar e não durma no carro. Se cuida. JB"
     Sorri e guardei a foto na minha bolsa, peguei o celular. Disquei o número dele.
      "Mini-vista, sério?"
    Ele não respondeu, mas aposto que riu. Desci e coloquei o energético na geladeira e voltei para arrumar as coisas.
    Perto das 17 desci e peguei o energético, me despedi da minha mãe e sai.
     — Quer que eu te leve? — a voz do meu pai me fez parar na porta.
     — Não reclamaria. — sorri.
     Deixei as coisas no banco de trás e entrei  no banco da frente.
    — Por que saiu tão tarde?
    — Huh? — encarei-o.
    — De madrugada.
      Lá vamos nós.
    — Sei que você não saiu para comprar nada, Cam. — ele me cortou antes que eu respondesse.
    — Eu saí com alguém.
    — Por quê mentiu?
    — Porque você ficaria nervoso se eu falasse que fui me encontrar com alguém às 2 da manhã.
    — Quem?
    — Ninguém importante.
    — Você saiu tão tarde assim para se encontrar com ninguém importante?
    — Interrogatório. — sussurrei.
    — Sou seu pai, me preocupo com você.
    Por sorte chegamos na casa de Mia. Saí do carro antes que ele me enchesse de perguntas e peguei minhas coisas.
    -— Tchau, pai. — beijei sua bochecha e corri para a porta da frente 
    Antes que eu batesse, Mia abriu e acenou para o meu pai que sorriu e deu partida.   
    — Que cara é essa?
    — Pais e suas perguntas. — sorri.
     Mia sorriu. Fiquei aliviada por ela não ter tocado no assunto. Entrei e fomos para a garagem pela porta da cozinha, coloquei uma das minhas bolsas no porta-malas e a que eu botei o energético e a foto, nos meus pés. Mia deu partida e eu peguei o energético.
     — Já ta começando a se animar. — Mia e suas piadinhas.
     — Não quero dormir no volante. - brinquei.
     Mia sorriu nervosa.
     — Tudo bem? — a encarei.
     — Sim. — ela deu um sorriso fraco —Engasguei. 

The Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora