— Camryn. — a voz de Justin vinha de longe. – Camryn. — agora mais perto — Camryn, acorda.
Abri os olhos, a luz do Sol estava forte demais. Fechei. Merda. Não acredito que tinha dormido aqui com ele. Levantei e andei em direção às escadas.
— Preciso ir pra casa. — ouvi seus passos atrás de mim, ele puxou meu braço me virando.
— Você tá nervosa. — sua cara estava coberta de diversão.
Puxei meu braço.
— Não costumo dormir com caras depois de dois dias. — virei e continuei andando, ele me seguiu rindo.
— Se você continuar falando assim vão pensar que eu te tracei.
Fiquei boquiaberta e virei para ele.
— JUSTIN!
Ele riu. Continuei descendo as escadas.
Cheguei no último degrau e sai, mas parei e olhei para os lados mal conseguindo abrir os olhos por conta da luz do Sol.
— Você não sabe pra onde ir. — ele cruzou os braços.
— Não precisava me trazer a um lugar tão privado.
Comecei a rir.
— O que? —ele sorriu.
— O jeito que você falou "te tracei" como se eu fosse um animal.
Ele riu.
— Não deixa de ser um animal selvagem que precisa ser domado.
Fiquei boquiaberta mas em um tom divertido.
— Você vai me mostrar o caminho agora ou vou ter que descobrir sozinha?
Ele sorriu e começou a andar, segui ele.— A lanterna do carro da sua mãe ta fraca, vão te dar multa desse jeito. — ele analisava o carro por inteiro.
Encarei-o.
— Como sabe que é o carro da minha mãe?
— Você disse. — ele continuava olhando o carro.
— Não, eu não disse. — retruquei.
— Disse sim. — ele me encarou — Posso ajeitar?
Balancei a cabeça concordando. Ele entrou no lugar onde estava sua moto e saiu com uma caixa de ferramentas abaixando-se na altura da lanterna. Encarei-o. Ele não estava mais com a sua jaqueta preta, estava apenas com uma blusa lisa normal e calça jeans.
— É a segunda vez que te pego me analisando. — ele sorriu mas não virou para me olhar. Como ele sabia?
— Não estou te analisando. Estava vendo o que você estava fazendo. - olhei para a lanterna.
— Eu nem comecei. — senti seu sorriso.
Merda. Ele sempre me pega.
— Pronto. — ele levantou batendo as mãos.
— Obrigada — dei um sorriso fraco. — Tchau.
— Tchau — ele retribuiu.
Virei e entrei no carro. Meu celular vibrou.
— Oi mãe
— Camryn, cadê você? Por que saiu tão tarde?
— Tive que comprar absorvente e estava cansada demais pra dirigir, acabei dormindo no carro.
Merda.
— Hm ok. — ela falou com não muita certeza — Pode aproveitar e comprar as coisas que estão na lista em cima do painel?
— Claro, beijo. Tchau.
Desliguei e parei no Walmart mais próximo, peguei a lista e sai.
— CAM! — levei um susto quando ouvi Mia atrás de mim. — Onde você tava? Te liguei a noite toda.
— Saí pra comprar absorvente. — ela cerrou os olhos — 100% verdade. — sorri e continuei a botar as coisas no carrinho.
— Você ta mentindo. — ela me seguiu.
— Não to.
— Ta sim.
— Eu sai com alguém — dei uma pausa — mas não foi nada demais.
— Você passou a noite fora. — ela ficou boquiaberta mas com um tom divertido.
— Não aconteceu nada. Eu estava morta e acabei dormindo.
— Com o Justin.
— Não — menti.
— Não acredito em você, Cam.
— Ok. — ri.
Ela revirou os olhos.
— Você é impossível.
Terminei as compras e me despedi de Mia. Íamos para a casa de praia a noite e passaríamos três dias fora, aproveitei e comprei as coisas que iríamos precisar.— Boa tarde, mãe. — entrei em casa com algumas sacolas na mão.
— Boa tarde, filha. — ela me encarou — Que horas você vai sair hoje?
— Daqui a pouco vou para a casa da Mia, a gente vai daqui umas 3 horas.
— Hm entendi. — sorri.
Terminei de tirar as coisas do carro e sentei ao lado da minha mãe, conversamos e rimos por um longo tempo e então subi para o quarto para arrumar minhas coisas.
Estranho. A janela tava aberta. Caminhei até ela e vi uma lata, de energético e embaixo dela uma foto. Peguei e percebi que a foto era a vista do prédio abandonado que Justin tinha me levado um tempo atrás. Virei a foto.
"Não sou o tipo que deixa flores e chocolates. Além do mais, nem somos amigos. Mas achei que iria gostar de ter sua própria 'mini-vista'. O energético é de citrus, seu sabor favorito beba antes de viajar e não durma no carro. Se cuida. JB"
Sorri e guardei a foto na minha bolsa, peguei o celular. Disquei o número dele.
"Mini-vista, sério?"
Ele não respondeu, mas aposto que riu. Desci e coloquei o energético na geladeira e voltei para arrumar as coisas.
Perto das 17 desci e peguei o energético, me despedi da minha mãe e sai.
— Quer que eu te leve? — a voz do meu pai me fez parar na porta.
— Não reclamaria. — sorri.
Deixei as coisas no banco de trás e entrei no banco da frente.
— Por que saiu tão tarde?
— Huh? — encarei-o.
— De madrugada.
Lá vamos nós.
— Sei que você não saiu para comprar nada, Cam. — ele me cortou antes que eu respondesse.
— Eu saí com alguém.
— Por quê mentiu?
— Porque você ficaria nervoso se eu falasse que fui me encontrar com alguém às 2 da manhã.
— Quem?
— Ninguém importante.
— Você saiu tão tarde assim para se encontrar com ninguém importante?
— Interrogatório. — sussurrei.
— Sou seu pai, me preocupo com você.
Por sorte chegamos na casa de Mia. Saí do carro antes que ele me enchesse de perguntas e peguei minhas coisas.
-— Tchau, pai. — beijei sua bochecha e corri para a porta da frente
Antes que eu batesse, Mia abriu e acenou para o meu pai que sorriu e deu partida.
— Que cara é essa?
— Pais e suas perguntas. — sorri.
Mia sorriu. Fiquei aliviada por ela não ter tocado no assunto. Entrei e fomos para a garagem pela porta da cozinha, coloquei uma das minhas bolsas no porta-malas e a que eu botei o energético e a foto, nos meus pés. Mia deu partida e eu peguei o energético.
— Já ta começando a se animar. — Mia e suas piadinhas.
— Não quero dormir no volante. - brinquei.
Mia sorriu nervosa.
— Tudo bem? — a encarei.
— Sim. — ela deu um sorriso fraco —Engasguei.
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The Second Chance
Teen FictionO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...