Seis dias mais tarde
— Ei ei, acorda macaquinha.
— Para de me chamar assim!
— Nós trouxemos o café! Levanta!
— Nós? — abro os olhos, levanto o corpo e me apoio nos cotovelos.
Maia meneia a cabeça.
— Justin está lá embaixo.
— Ahh — resmungo e deito de novo.
— Ainda está esperando o seu príncipe?
— Quem? — sei bem de quem ela se trata, mas não quero falar sobre isso.
— L. Brokemann.
— Não quero saber dele.
— Ah você quer!
— Maia, ele foi embora, ok? Não posso fazer nada.
Ela suspira e puxa meu cobertor, me descobrindo.
— Você pode levantar e tomar café com a gente. Anda, preguiçosa.
Resmungo mas levanto e troco de roupa. A presença de Justin não me afeta tanto quanto antes, o que é bom. Desço as escadas e o cumprimento.
— Hmm, o que é isso?
— Panquecas. — Maia exclama atrás de mim — Espero que não tenham queimado.
Ela passa sobre nós e corre em direção a cozinha, vou atrás dela. Justin senta na mesa e eu a ajudo com as panquecas.
— Esqueci o mel. Merda! Já volto. — ela sai e eu sento na mesa.
Há um silêncio perturbador.
— Nunca te agradeci, por ter me salvado. — exclamo e Justin me encara — Então, obrigada.
— Não foi nada.
— Foi sim. Você não desistiu. Não precisava ter feito aquilo.
— Você me ama. — ele segura o riso.
— Não acredito que você vai fazer isso.
— Você só quer me beijar de novo.
— Cala boca! — dou um tapa com força no seu ombro e ele ri — Era um momento ruim. E sim eu te beijei, mas pensei que fosse morrer.
— Se eu disser que te amo, você coloca uma panqueca pra mim?
— Eu vou te matar você.
— Eu amo, Camryn. Mas eu estou com Maia agora, e estou realmente começando a gostar dela.
— Isso é ótimo, realmente. Não queria que as coisa ficassem estranhas entra a gente, amo vocês dois e só quero que ambos sejam felizes.
— Sinto muito pelo seu pai. Queria poder estar aqui com você.
— Tudo bem. Sinto muito por não ter contado. Mas estou me acostumando.
— Isso é bom.
— É. — sorrio — Vai devagar com Maia, ok? Não tenta afastar ela, eu te conheço. Mais do que você pensa, também sou assim e olha onde isso me levou. Deixa ela estar aqui pra você, ela está dando o coração dela, e isso é difícil contando pelo que ela já passou com os caras lá fora. Então, cuida bem dela e dê o seu melhor. Ela merece isso. E você também.
— Não se preocupa, ela está em boas mãos. — ele sorri — Camryn.
O encaro.
— Não beije ninguém. — ele sorri.
Abro a boca e rio.
— Você é um idiota, sabe disso certo?
— Não achei o mel, então... quem vai comprar comigo?Perdi no par ou ímpar e acabei vindo com Maia, o que não foi uma boa ideia já que fomos no mesmo supermercado que encontrei Lucas o outro dia. Sei que é cedo demais, mas ele realmente mexeu comigo.
— Mais alguma coisa? — Maia me encara e depois olha para o carrinho. Acabamos comprando bem mais coisas do que só o mel, o bastante para alimentar um batalhão.
— Lucas. — congelo quando o vejo andando do outro lado da rua.
— O quê? — Maia franze a testa.
— Nada. — desvio o olhar — Só achei ter visto alguém. — olho pra o carrinho — Você pegou as esponjas?
— Não! — Maia exclama e anda — Bem lembrado.— Chegamos! — Maia fala alto enquanto entra com duas sacolas na mão. Justin aparece instantes depois e nos ajuda com as sacolas.
Ele franze a testa.
— Pensei que só precisávamos do mel.
— Eu também. — exclamo baixo.
Maia desempacota as compras e começa a guardar.
— Você não tem que fazer isso.
— Mas eu quero.
Fico quieta, não me importo, aliás é ótimo. Menos uma coisa para fazer. Ligo o rádio da sala e Reality começa a tocar, começo a dançar enquanto tiro o tapete para varrer, olho de relance e vejo Maia rebolando enquanto lava as louças e Justin está sentado no chão guardando as frutas na gaveta da geladeira.
Isso é bom. Muito bom. Não penso mais no meu pai ou na minha mãe, ou tenho sonhos com Justin, tudo já ficou para trás. Quase tudo. A imagem de Lucas mais cedo não sai da minha cabeça, por que diabos ele mudou da água pro vinho? É loucura.
— Cam! — Maia grita da cozinha.
— O quê? — respondo.
— Vamos fazer uma festa hoje a noite. — ela grita tentando abafar o som do rádio que agora toca Wasted.
— Isso é bom! — retribuo — Aonde?
— Aqui!
— Oh! Obrigada por avisar! — exclamo sarcástica.
— De nada! — ela grita e volta a rebolar enquanto lava um prato.
Passamos a manhã toda arrumando — e desarrumando — a casa. Algumas semanas atrás o pensamento de Maia, Justin e eu juntos não soava muito bem. Mas agora, parece mais que normal estarmos sempre juntos. Seja em casa, ou fora dela.
Justin sai para comprar as coisas que faltam enquanto eu e Maia ligamos para quem ainda não foi para a universidade — o que são poucos. Tanto eu quanto Maia iremos embora em quatro meses e Justin... bem, não sei o que ele pretende fazer.
— Dylan! — Maia gira pelo sofá — Vamos fazer uma festa na casa da Camryn hoje, aparece aqui.
Não ouço sua resposta.
— Ok. Beijos. — Maia desliga e me encara — Ele vem.
Ligo para Mia, mas desligo quando lembro que ela já foi para Sorbonne. Logo depois, olho para a lista telefônica na minha frente e vejo o nome de Ian. Por um momento penso em ligar, mas lembro do seu relacionamento com Justin e desconsidero a ideia. Ligo para duas garotas que participaram do grupo de líderes de torcida do colegial, ambas marcam presença. Passamos grande parte da tarde ligando e ligando e ligando... até que tanto eu quanto Maia nos jogamos no sofá e ligamos a TV. Está passando maratona de Orphan Black, Maia da um gritinho e eu pego dois energéticos na geladeira. Assisto dois episódios e desabo.
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The Second Chance
Novela JuvenilO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...