8 | Craziness

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— EU SABIA. — Mia praticamente pulou no banco do carro enquanto eu contava o que realmente aconteceu.
— A gente só conversou.
— Mesmo assim, você tava com ele!
Fiquei séria.
— O que foi? —Mia me olhou de relance.
— Eu sinto uma coisa estranha.
— Como assim?
— Não sei, Mia. Não sei explicar, é como se algo me puxasse pra ele, como se ambos fossemos um imã. Têm horas que eu odeio ele, na maioria das vezes eu acho, mas têm horas que eu quero saber mais sobre ele, conversar com ele.
— Foi isso que você fez você sair em plena madrugada?
— Sim, eu acho. Eu não sei — suspirei — é muito confuso. Quando eu to com ele, vejo que ele tem uma história pra contar, mas eu sei que no fundo eu não quero saber.
— Ou talvez algo te puxe para que você não saiba.
Não respondi, liguei o rádio.
— Vamos animar um pouco. — sorri.
Dançamos e cantamos por uma hora, até que Mia ficou exausta e eu, 100% animada por conta do energético.
— Deixa eu dirigir. — sorri.
Mia encostou e trocamos de banco, não deu 10 minutos e ela dormiu.
Eram 8 horas de carro, e já havíamos passado 4 horas e meia dentro do carro. Abaixei o rádio e curti a música lenta que estava tocando, a estrada estava vazia.
Dirigi por 2 horas quando Mia acordou.
— Estou faminta. — ela mal conseguia abrir os olhos. Ri.
— Você parece uma criança. — ela sorriu.
Mia abriu uma bolsa de isopor que estava no banco traseiro e pegou dois sanduíches.

Andamos mais uma hora e chegamos. A casa pertencia aos pais de Mia, era enorme e era a 200 metros da praia. Tinha um lago e era lá que passamos praticamente toda nossa infância.
Descemos e arrumamos as coisas, os vizinhos mais próximos eram 10km de distância, estávamos praticamente sozinhas a não ser o porteiro, dois seguranças e a cozinheira.
Subi e arrumei minhas coisas em um dos quartos, coloquei um biquini preto e uma saída branca bordada. Fui direto para o lago.
— Você não muda nunca, Cam.
Levei um susto quando vi um cara parado na beira do lago.
— Desculpa quem é você?
— Acho que não lembra de mim — ele sorriu — Ian.
Sorri.
Mia apareceu em um biquíni branco e abraçou Ian por trás dando um beijo em sua bochecha me encarando com aquele olhar de "explico depois."
Ficamos no lago até amanhecer e entramos para tomar café. A cozinheira se chamava Marta e era um pouco mais velha do que eu pensava.
— Sua granola. — Mia empurrou um bote em minha direção, sorri.
Ela e Ian comiam o típico café-super-gorduroso-americano, ovos com bacon. A campainha tocou, Mia correu para a porta. Eram 5 garotas e 6 garotos, entre eles Dylan e Scott.
— Prontos para a festa? — Scott ergueu duas garrafas e todos gritaram. Olhei para Mia enquanto todos iam em direção ao jardim.
— Chamei uma galerinha. — ela sorriu e saiu antes que eu gritasse.
Ouvi a música começar tocar e o barulho do lago enquanto algumas pessoas entravam nele.
— Cam — a voz de Dylan me distraiu.
— Dylan, ei. — sorri.
— Bom te ver aqui. — sorri de novo comendo minha última colherada de granola.
— Não pode com eles, junte-se a eles. — sorri e puxei a mão dele até o jardim.
A música estava alta – sorte dos vizinhos que moram a 10km daqui – e havia vários tipos de bebidas.

— CAM — Mia gritava e dançava enquanto cambaleava para trás. Bêbada. Ambas estávamos.
Já passava das 2 da manhã mas todos estavam com a mesma empolgação. Mia saiu e eu fiquei sozinha, dançando.
— Você tá muito gostosa nessa saída. — senti Dylan sussurrando na minha orelha.
Virei e coloquei meus braços em torno do seu pescoço e sorri.
— Você ta muito bêbada. — ele bebeu um gole do copo que estava em sua mão.
Balancei a cabeça, mal conseguia ouvir suas palavras. Inclinei e beijei seus lábios. Ele recuou mas riu.
— O que você ta fazendo?
— Me divertindo. Você devia também. — inclinei e beijei-o de novo, dessa vez ele não recuou, soltou o copo e agarrou minha cintura.
O gosto de álcool era predominantemente. Era tudo o que eu sentia, álcool e música. Dylan me puxou para dentro da casa e subimos as escada, entramos em um dos quartos.
Sentia seus dedos correndo pelas minhas costas até as minhas coxas por onde ele tirou minha saída de modo que eu fiquei só de biquíni. Dylan tirou a camisa e jogou ao lado da cama, apertando seus lábios contra os meus.
—CAM! — a voz de Mia ecoava pelo quarto. Ela correu em direção a Dylan e o empurrou, ele cambaleou mas se segurou na penteadeira. Mia correu e em um movimento rápido deu um tapa na cara dele e em seguida vários socos em seu peito. — SEU IDIOTA!
— MIA!
— Você ficou louca, Cam — ela gritava.
— Pelo amor de Deus, Mia você não é minha mãe. — meu tom soava quase tão alto quanto o dela.
— Preciso agir como ela às vezes.
— Você tá bêbada não sabe o que ta falando.
Ela ficou boquiaberta e me encarou, depois encarou Dylan.
— Mas pelo jeito to muito mais sóbria do que você.
— Merda merda merda — coloquei as mãos no cabelo. Dylan ainda estava calado, com uma marca vermelha enorme na bochecha direita.
Desci as escadas e vi Mia entrando no carro. Corri até ela.
— Você não vai dirigir assim.
— Você não é minha mãe, Cam. - ela abriu a porta e entrou.
Suspirei e entrei no carro.
— O que você ta fazendo?
— Entrando no carro. Você não vai sair daqui assim sozinha.
Ela bufou e saiu do carro andando em direção à casa. Sai e parei um pouco atrás dela.
— Mia. — ela parou e virou. Estava chorando. Andei em sua direção e a abracei.
— Por que você tá chorando?
— Porque você é louca.
— Desculpa. Não vai acontecer de novo.
— Eu mato ele a próxima vez. — ambas rimos mas algo na voz de Mia me dizia que ela não estava brincando.
Ainda não entendia por que ela ficou tão puta, mas mesmo assim não perguntei.
Subimos e fomos para o telhado para ver as estrelas assim como fazíamos quando éramos crianças. O céu estava maravilhoso, me fez lembrar da noite no farol. Conversamos por um longo tempo até que ambas dormimos.

— Bom dia, dorminhoca. — Mia como sempre acordava primeiro.
Levantei mas deitei, minha cabeça estava explodindo.
— Merda. — cobri o rosto com as mãos.
— Maldita ressaca — Mia riu.
Levantei e entrei em casa, desci e Ian já estava na mesa comendo ovos e bacon como sempre. Todos já haviam ido embora, só estávamos nós e o jardim estava uma bagunça. Sentei e comi o de sempre.
O dia foi ótimo e relaxante, provavelmente para curar a ressaca de ontem. Depois do café, tomei um banho e passamos o dia sentados na beira do lago conversando, comendo e rindo. De noite saímos para um lual com as  pessoas de ontem e um pouco mais.
Acabamos ficando mais de 3 dias, fomos embora 8 dias depois.

— Boa noite, mãe.
— Cam — ela levantou e me abraçou — senti sua falta. — sorri.
— Eu também.
— Como foi?
— Foi ótimo. - tirando o fato que minha melhor amiga quase matou um garoto. — Estou morta, vou subir. Boa noite. — beijei sua bochecha e subi.
Me joguei na cama e cai no sono.

The Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora