O barulho da chuva me acorda com tudo. Levando rápido, assustada logo depois que um pedaço de gelo cai no telhado. Sou a única que tem sono leve? Levanto e vou até a cozinha, a casa está um silêncio. Tomo um copo de água e paro na frente da escada. Não é possível que nem Maia nem Dylan nem aquele cara não tenham acordado. Eu que estou aqui embaixo acordei, imagina se estivesse lá em cima. Paro na frente do quarto de Justin, a porta está encostada e posso vê-lo dormindo como um anjo.
— Ok, talvez eu seja a louca. — murmuro para mim mesmo antes de voltar para o quarto.
Pego um livro que achei na sala e começo a lê-lo, não chego nem no segundo capítulo e fecho o livro. Um saco. Levanto e vou até o quarto de Justin, abro a porta devagar e caminho até a cama, torcendo para que ele não acorde. Deito devagar e mordo o lábio inferior quando a cama range, viro e Justin não se mexe. Suspiro e deito ao seu lado, colocando o lençol no rosto.
Não sei quanto tempo dormi, provavelmente pouco, o céu continua o mesmo e não ouço nenhum barulho na cozinha.
— Tudo bem? — seguro um grito quando ouço a voz de Justin. Ele está deitado ao meu lado, ainda com os olhos fechados.
— Como sabe que estou acordada?
— Você não para de se mexer desde que chegou.
— Você me viu entrando?
— Não. Eu senti.
Faço careta mesmo sabendo que ele não esteja vendo.
— Sabe o que quis dizer.
Olho de canto de olho e o vejo sorrindo.
— O que está te incomodando?
— A chuva.
Ele se inclina para o lado esquerdo na direção da cabeceira, seus músculos das costas se contraem. Apesar de eu já tê-lo visto sem camisa antes, nunca percebi o quão bem desenhados são seus músculos. Ele vira e estende o braço, com um saquinho na mão. Franzo a testa.
— O que é isso?
— Protetores.
Rio.
— Minha avó usa isso.
— Pelo menos ela dorme.
Cerro os olhos e vejo seu rosto se contrair, ele está tentando não rir. Pego o saquinho e abro, colocando os dois protetores, ouço Justin murmurar alguma coisa mas não ouço claramente. Junto meu corpo com o seu e fecho os olhos, o barulho da chuva vai ficando mais longe.Quando acordo — pela terceira vez — estou deitada no peito de Justin, levanto a cabeça e ele me encara, sorrindo. Tiro os protetores.
— Bom dia, avó.
Reviro os olhos.
— Obrigada. É isso que quer ouvir?
Seu sorriso aumenta.
— Não. Só queria te deixar zangada.
Bato no seu peito e rio de leve. Em seguida levanto e abaixo para pegar meu lençol que cai no chão.
— Você fica ótima só de camiseta. — lembro que estou com uma camiseta branca e de calcinha, viro para encara-lo e ele sorri, passando a língua pelos lábios. Minhas pernas balançam. Filho da mãe.
— Claro que fico. — exclamo antes de virar e sair do quarto.
Passo pela sala e por sorte ninguém acordou ou pelo menos desceu. Entro no quarto e fecho a porta. Penso no sorriso de Justin. Será que ele sabe o efeito que tem sobre mim? Provavelmente sim. O canalha não para de sorrir. Ouço alguém bater na porta e me enrolo com o lençol. É Justin.
Ele está vestindo uma calça de moletom preta e um moletom escrito Guns N' Roses. Sua expressão muda para desapontado imediatamente quando abro a porta.
— Toma café comigo? — ele me encara e me pergunta como uma criança.
— Você não veio aqui pra me perguntar isso.
— Verdade. — ele admite e cruza os braços — Vim para ver sua calcinha de novo.
Abro a boca.
— Tarde demais. — fecho a porta.
Procuro outra camiseta e tudo o que acho é uma regata. Coloco-a, e depois visto uma calça de Maia que acho no guarda-roupa. Abro a porta e ele ainda esta na mesma posição.
— Vamos comer. — exclamo indo até a cozinha.
Sinto seus passos atrás de mim como um cachorrinho. Sorrio para mim mesma. Abro a geladeira e pego o leite enquanto Justin faz sanduíches. Pego a granola e coloco no mesmo pote de sempre, em seguida despejo o leite e me encosto na bancada. Ele coloca os dois sanduíches na torradeira e espera até que estejam prontos. Ele morde um deles e me encara.
— Como consegue comer isso?
— Como consegue comer isso? — repito.
— Pão? É bom.
— Não. Essas coisas que você coloca dentro.
Ele encara o sanduíche.
— Carne, queijo, peito de peru e manteiga.
Faço careta.
— Cedo demais pra tudo isso, não acha?
— Não tenho horário pra comer. Não vou comer uma fruta agora se sei que vou ficar com fome daqui uma hora.
— Bem, eu como isso — falo do mesmo jeito que ele — e não sinto fome em uma hora.
— Eu sentiria. — ele dá de ombros — Aposto que não consegue comer um desse sozinha — ele levanta o sanduíche.
— Provavelmente não.
— Tenta. — ele estende o outro sanduíche.
Estendo a granola.
— Só se você comer isso.
Ele me encara.
— Fechado. — ele pega o pote e eu pego o sanduíche.
Dou uma mordida e sinto meu estômago revirar. Encaro Justin, ele come duas colheres e me encara.
— Troca. — falamos quase que na mesma hora.
Trocamos e voltamos a comer sem falar nada. Quando acabo, olho pela janela, ainda está chovendo e o céu está totalmente cinza. Não vai passar tão cedo. Justin come o último pedaço do sanduíche e enrola o guardanapo, o jogando no lixo como se fosse uma bola de basquete.
Vamos até a sala e eu lembro que Maia sempre pede para ajeitar a lareira quando o tempo está ruim. Justin me ajuda e em minutos a lareira está acessa. Olho pela janela e não vejo o carro de Maia.
— Você viu Maia saindo? — exclamo ainda olhando pela janela.
— Não. Por que?
— Acho que ela não tá em casa. Sei que ela acorda tarde, mas o carro dela não tá ai.
— Deve ter saído pra alguma loja, você conhece ela.
— É. — dou de ombros e sento no sofá. Suspiro fundo.
— No que está pensando? — ele me encara. Pego sua mão e ele a estende em volta do meu corpo, me puxando para perto, deito no seu peito.
— No estágio. Não quero ir.
— Você tem que ir. — ele pega minha mão e brinca com os meus dedos.
— Não tenho que ir. É uma escolha minha.
— Eu sei. Não foi o que eu quis dizer. — ele solta a minha mão — Desde o dia que eu te conheci, sabia que você teria um grande futuro pela frente. Você está destinada a coisas grandes, Camryn, e eu não vou atrapalha-la. E eu sei que talvez você pense que estou falando isso pra fingir ser o cara perfeito mas não estou. Claro que não queria que você fosse, mas você tem que ir, você tem o mundo pra conquistar e sei que você vai fazer isso com ou sem mim.
— Não quero te deixar.
— Você não vai me deixar. — ele me puxa para mais perto e acaricia meu braço — Você é minha, eu sou seu, isso não vai mudar. Lembra quando me perguntou se sempre haveria um nós? — ele dá uma pausa, não acho que esteja esperando uma resposta, então não falo nada — Tenho a resposta agora — ele continua — não importa o que aconteça, sempre haverá nós.
Dou um sorriso fraco e observo alguns pingos descendo pelo vidro da janela. Justin pega a minha a mão e a acaricia com o polegar. Ajeito-me no seu peito na mesma hora que ouço um carro parando.
Instantes depois, Maia entra com um guarda-chuva nas mãos. Ela levanta o olhar quando nos vê.
— Bom dia, pombinhos.
— Bom dia. — vou até ela e a cumprimento com um abraço — Onde estava?
— O papel acabou, e Dylan e o goo goo boy dele não saem na chuva.
Rio.
— Preciso de um banho quente. — ela anda em direção à escada até que para e vira para me encarar — Obrigada pela lareira.
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The Second Chance
Teen FictionO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...