26 | Life in a Lake House

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         Merda. Esqueci de fechar a cortina. Acordei com a luz forte entrando no quarto, levantei. Era por volta das 6 horas, acho. Fui até a janela e fechei a cortina, voltei para cama e olhei para o relógio, 6:15. Respirei fundo e tentei dormir, sem sucesso.
      Levantei e fui até a cozinha, senti uma dor na aguda na cintura. Fiz careta. Me assustei ao ver uma grande parte do pessoal levando as malas pro carro e Mia parada na cozinha falando com um mulher que eu não havia notado antes. Fui até ela.
      — Camryn — ela sorriu e encarou a mulher. — Com licença — voltou o olhar para mim — Por que acordou tão cedo?
      — O que ta acontecendo?
      — Oh — ela parecia surpresa — Esqueceu? A festa anual dos Sawyer. — Mia se referia ao seu próprio sobrenome como uma piada.
      — Esqueci — fiz uma cara de culpa apoiando no balcão e pegando uma maça — O que vamos comemorar esse ano?
      — O time. — franzi a testa.
      — Que time?
      — Da nossa escola e dos amigos um pouco velhos do meu pai.
      Percebi que grande parte do pessoal já tinha ido embora, de todos os carros, só restaram 2, o de Mia e o de Maia, e a moto de Justin apenas. Os que ficaram foram apenas os que faziam parte do time mais Dylan e Justin. A casa estava praticamente vazia, ainda mais por todos que ficaram, estarem dormindo. Mia, eu e a mulher misteriosa – organizadora– éramos as únicas acordadas.
      — Aproveita que acordou cedo e vem me ajudar. — Mia deu a volta no balcão e deu um tapa de leve na minha bunda.
     Mordi a maça e ri.
      — Vou trocar de roupa. — fui até o quarto e percebi que a porta do quarto de Justin estava aberta, espiei mas não havia ninguém. Voltei para o quarto e coloquei uma roupa simples fui até a varanda, Maia estava sentada no banco.
     — Caiu da cama? — ela me encarou e sorriu.
      Ela levantou e andou pelo jardim em direção à mesa de madeira que ficava perto do lago. Havia alguém sentado nela, não reconheci de longe mas quando chegamos perto, vi que era Justin. Paramos na frente da mesa, ele estava com fone no ouvido e com um livro nas mãos, tirou o fone e nos encarou.
     — Eai, bonitão. — Maia o cumprimentou.
     — Eai, empolgadinha — ele sorriu e me encarou — Camryn. — cumprimentei-o com a cabeça
     — Preciso fazer uma coisa. — ela me encarou.
     — Como sempre. — retribui e Maia sorriu, saindo logo em seguida.
    Sentei na cadeira de frente para Justin.
     — Então, como vai ser? — apoiei na mesa — Vamos prestigiar a riqueza dos Sawyer em sua festa anual?
      Ele me encarou e riu, dando de ombros.
     — Prefiro ficar aqui, com The Grapes of Wrath. — ele levantou o livro.
     — Oh — exclamei — Então você gosta de literatura clássica?
     — Mais ou menos. — ele fechou o livro e me encarou.
     — Eu li um livro ontem à noite.
     — Literatura clássica?
     — Não. — dei uma pausa — Fala de uma garota e um garoto, e tem algo estranho rolando entre eles, mas tem todo um problema, porque a garota tem um ex-namorado que é ninguém menos que o irmão do garoto. E ai tudo isso atinge o clímax, numa festança na casa da melhor amiga da garota.
       Justin riu.
    — E o que acontece no final?
    — Você só tem que aparecer lá pra descobrir. — sorri e sai da mesa.

   
     — Mãe! — Mia saiu correndo e se jogou nos braços da mãe. Ela havia passado quase o dia todo dando instruções para os organizadores, já passava das 17 horas quando seus pais chegaram.
     — Vejo que fez um bom trabalho. —Daniel – Dan –, o pai de Mia, a elogiou. Que milagre. Mia parecia satisfeita.
     — Que bom que você ficou! —  a mãe de Mia, Karen, segurou minhas mãos e depois me abraçou. Retribui com um sorriso.
      Mia falou alguma coisa e me puxou para dentro da casa mas não ouvi, provavelmente era pra irmos nos arrumar. Fomos até o quarto de Mia, tomei banho primeiro e coloquei um vestido preto, Mia colocou um vermelho.
      — Meio gótica — Mia exclamou. Ri de leve.
      Demoramos cerca de uma hora e meia pra se trocar, a festa já parecia tá um pouco animada. Olhei pela janela e vi  cerca de uns seis carros parados e uma fila chegando.
     — Pronta? — concordei com a cabeça. Mia foi dar um ultimato toque no batom, até que a voz do seu pai soou no microfone. Abri a porta do quarto e descemos.
       Estavam todos reunidos no jardim, o pai de Mia estava em cima de um palco pequeno perto do lago, e ao redor, vários adultos, ex-jogadores do time do colégio do pai de Mia e jogadores da nossa escola. Andamos até lá e Mia parou ao lado de Dylan, parei ao seu lado.
       — Primeiramente — Dan havia largado o microfone, falava com a voz alta. — quero agradecer à todos por terem vindo. Por aceitarem lembrar dos velhos tempos, e também curtir nossas crianças que hoje são exatamente como nós a alguns anos atrás, principalmente os garotos do time de basquete. Muito obrigado à todos!
      Todos pareciam alegres, houve uma pessoa ali e outra aqui gritando "Vai Dan!". Passei o tempo todo procurando Justin, até que o encontrei do lado oposto.
      A maioria já havia se espalhado pela casa, pelo jardim, pelo bar, por todo canto. Depois de um longo tempo, entrei na casa e encontrei Maia na sala, ela estava bebendo um copo em apenas um gole.
      — Ei ei ei ei — exclamei — vai com calma. Não sabia que serviam bebidas para menores aqui.
      — Tenho meu charme. — ela sorriu.
      Vi Justin no canto da sala, o chamei com a cabeça mas Maia foi até ele. Não  ouvi o que eles falaram, Dylan parou ao meu lado.
     — Cam — ele começou — Maia disse que você sente minha falta. Que queria voltar. — o encarei, confusa.
     — Dylan, eu...
     — Você não acha melhor a gente ir pra algum lugar pra conversar? — ele me encarou, fiz o mesmo. — Só pra conversar.
     — Ok. — sorri e o segui pela sala até um dos quartos.
     — Dylan — sentei na cama enquanto ele encostava na escrivaninha — eu não sei o que Maia te disse, mas eu...
     Maia entrou no quarto com Ian.
    — Oh — ela exclamou — É melhor a gente achar outro lugar.
    — Não faz isso. — a encarei.
    — Eu só estou tentando ajudar.
    — Ajudar com o que? Me tirar do caminho para que você possa se jogar na frente do Justin?
     — Engraçado, não sabia que você  estava no meu caminho. Você está  finalmente confessando? — ela encarou Dylan — ou negando?
      A encarei por um tempo e depois sai. Fui até a quadra de basquete atrás da casa, estava lotada pelo time da escola mais Dylan e Scott. Uns caras estavam jogando e outros estavam encostados bebendo e observando o jogo, entre eles, algumas meninas que eu não conhecia. 
     — Ei — fui até Justin, que tinha acabado de chegar ao redor da quadra.
     — Ei — ele me encarou e sorriu.
     Maia apareceu com um copo na mão, aparentava mais bêbada do que antes.
     — É hora de jogar verdade e consequência — ela deu uma pausa — ou só consequência, já que ninguém mais diz a verdade.
     Ela parou e me encarou.
     — Camryn.
     — Maia, por favor...
     — Duvido que nos mostre o que sente. Beije o Justin.
     Todos se empolgaram, mesmo estando surpresos, provavelmente bêbados. Virei o puxei seu rosto contra o meu, foi um beijo rápido, sai logo depois.
     Passei pelo jardim e pela festa toda, e fui para o único lugar isolado, uma árvore onde havia um balanço com dois lugares, um pra mim e um pra Mia. Mas não sentei. Justin se aproximou.
      Suspirei e sentei em um dos lados do balanço, Justin sentou no outro e me encarou.
     — O que fazemos agora? — o encarei.
     — Eu não sei. — ele deu uma pausa   — O que acontece agora na história que você me contava?
     — Vem aqui. — levantei e o puxei pelo braço.
     Subi a escada com ele atrás e fui até o último quarto do corredor, o empurrei para dentro e fechei a porta.  O puxei pela gravata, beijando-o em seguida.
     — Você não precisa disso... — exclamei enquanto tirava seu blazer e o empurrava na cama. Comecei a desabotoar sua camisa beijando seu pescoço — ou isso.
     — Eu quero isso há tanto tempo. — ele sussurrou.
     — Eu também.— inclinei para beija-lo mas ele recuou e me encarou.
     — Eu não quero dizer isso. Eu quero estar aqui — ele colocou a mão sobre o meu peito esquerdo — Eu quero ter tudo com você. Tudo. Eu quero nós, Cam.  
     Ele segurou meu rosto com as mãos, por um instante tudo sumiu, tudo o que havia acontecido aqui, agora. O encarei.
      — Não é pra ser assim.
      — Camryn...
       Virei e sai do quarto, batendo a porta atrás de mim.

The Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora