Me aproximei, Mia levantou.
— Você vem? — concordei com a cabeça.
Entramos no elevador e descemos, andamos até onde o carro de Mia estava. Nos despedimos.
Fui para casa e por sorte o carro da minha mãe não estava. Entrei em casa aliviada.
— Cam — a voz do meu pai me assustou.
— Pai. —encarei-o.
— A gente pode conversar? — andei até a sala. — Filha, sei que tudo isso é muito pra você e sei como está se sentindo.
— Não, não sabe. — cortei-o e ele suspirou.
— Sou seu pai, Camryn. Sempre vou querer o melhor pra você.
— Não acho que mentir seja o melhor pra mim, pai. — falei em tom de deboche.
— Chega — seu tom aumentou — Não quero você com o Bieber.
— O que? — franzi a testa — Agora vai controlar minhas amizades também? — cruzei os braços e ele me encarou, ia falar mas cortei-o — Você, minha mãe, Mia, todo mundo controlou minha vida até agora, criaram minha própria história. Eu só sabia o que vocês queriam que eu soubesse e agora que eu tenho o direito de saber tudo, você quer que eu ainda seja a personagem do livro de vocês?
— Pelo amor de Deus — ele andou de um lado para o outro com a mão na cabeça — Isso foi para o seu bem e além do mais, ainda sou seu pai e mando em você.
— Isso foi tudo menos um bem pra mim — meu tom aumentou e eu me apoiei na mesa.
— Já parou para pensar como você reagiria se eu te contasse ? — seu tom soava mais alto que o meu.
— Bem melhor do que estou reagindo agora, imagino. Porque ai saberia que pelo menos assim vocês se importaram. — ele segurou meu braço.
— Sempre nos importamos — ele me encarou, com raiva, pena, e todos os sentimentos ruins do mundo. Ri de leve. — Não quero mais você andando com ele ou com qualquer um daquele bando.
Mudando de assunto. De novo. Que ótimo.
— Aquele "bando" tem sido mais minha família do que você — gritei e puxei meu braço — Você nunca tem tempo pra gente! — meus olhos se encheram de lágrimas.
— Não fala assim comigo — seu tom soou mais leve mas ainda alto, ele virou de costas.
— A verdade dói, né pai? — ele virou e me deu um tapa. A dor subiu até o topo da minha cabeça.
— Não mais do que ver minha filha com um cara que quase a matou.
— Você não conhece ele — gritei.
— Conheço mais do que você, Camryn. — seu tom era mais alto.
— Isso não é coisa que se fale pra alguém que acabou de descobrir que teve amnésia. — usei sarcasmo.
Ele suspirou, provavelmente morrendo de raiva e louco para me bater de novo.
— O quê ta acontecendo aqui? — minha mãe havia chegado.
– Nada. — meu pai soou frio.
— Nada é o que ele chama de tudo. — ele avançou em mim — Vai me bater de novo? — gritei.
— ROBERT! - minha mãe correu em nossa direção.
O encarei com lágrimas nos olhos e sai.— Meu Deus Cam, o que aconteceu? -— Mia abriu a porta e me abraçou.
— Não faz nem um dia e eu não aguento mais.
— Vem aqui.
Entramos e sentamos na sala, Mia trouxe uma água com açúcar, bebi em um gole e deitei em seu ombro.
— Não tinha maracujá. — dei um sorriso fraco — O que aconteceu? — ela deu uma pausa — Além de você descobrir que teve amnésia, abastecer o Nilo com as suas lágrimas em menos de 24 horas e gritar mais que uma mulher em trabalho de parto? — ri de leve e suspirei.
— Tive uma briga feia com o meu pai — suspirei — gritamos muito e acho que falei coisas que não devia. — meus olhos ainda estavam cobertos de lágrimas.
Mia me encarou.
— Como eu devo me sentir? — continuei, as lágrimas caíram — Não tenho ideia do que sentir ou fazer. Perdi quase tudo, as memórias de quando era criança, nunca vou lembrar da minha primeira queda, do meu primeiro beijo, da minha primeira vez, se é que houve uma primeira vez, do meu primeiro porre... — suspirei — dele. — fechei os olhos — Eu não sei, Mia isso é demais pra mim.
Ela me apertou mais forte.
— Não tenho nem ideia do que você tá sentindo, Cam, mas sei o quão difícil está sendo. — ela me encarou - Mas a gente vai lidar com isso, não quero que você pense que não pode me contar algo. Você sempre vai poder. As coisa podem mudar de agora em diante mas sou sua amiga, não importa o que aconteça.
Balancei a cabeça e sorri.
— Sempre vou estar aqui Cam, ainda mais agora que temos 16 anos e meio para botar em dia. — ri.
Passamos o resto da tarde e a noite toda conversando. Descobri que meu primeiro beijo foi com Dylan, mas depois vomitei porque estava bêbada demais, o quê fez a maioria das garotas pensarem duas vezes antes de beijar ele mesmo ele sendo 100% atraente. Descobri também que no meu aniversário de 16 quase atropelei um gato e fiz o carro de Mia ser apreendido pelo falo de eu não possuir habilitação. Foi uma longa e divertida noite, mesmo com o fato de eu não lembrar de 99% dessas coisas.
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The Second Chance
Fiksi RemajaO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...