— Acorda, macaquinha. — abro um olho e fecho em seguida.
— Você acabou de me chamar de macaquinha?
— Sim. — Maia vira a cabeça pensativa — Eu acho.
— Como anda seu namorado?
Ela me encara confusa.
— Oh — ela desvia o olhar. — Ele não é meu namorado...
— Sinto que tem um por quê.
— Porque eu preciso ter certeza que... você sabe...
— Maia Gatina — levanto e me apoio sobre os cotovelos a encarando — Você está me pedindo permissão?
Faço uma expressão divertida e ela deita a cabeça de lado.
— Tudo bem. — sorrio.
Ela me abraça e eu gemo.
— Desculpa. — ela faz careta. — Como ta a sua mãe?
— Melhor que as minhas costas. — ela ri.
— Três dias numa cadeira não é pra pouco. Você devia pegar leve.
— É a minha mãe, Maia.
— Eu sei, eu sei. Não to falando pra você parar de dormir lá ou parar de visita-lá. Só estou dizendo que se você continuar assim, é você quem vai estar na próxima maca. — a encaro — E eu não pretendo dormir naquela cadeira tão cedo.
Rio. Ela levanta e bate na minha perna.
— Levanta, macaquinha. Temos uma mãe pra visitar.
Chegamos no hospital por cerca das nove horas, está mais vazio do que o normal.
— Desculpa, mas o horário de visita hoje começa às 10.
— Ela é família! — Maia exclama indignada.
— Desculpa, senhora.
Maia abre a boca e vejo que o que vai sair não vai ser agradável.
— Maia. — a puxo pro lado — Tudo bem. A gente pode esperar.
— Por quê você é tão calma?
— Por quê você é tão impaciente?
Ela revira os olhos e eu rio. Cinco minutos pois ela começa a balançar a perna impaciente.
— Você ta me deixando louca.
— É um tique.
— Você é um tique, Gatina. — a encaro — Minha mãe ta em coma e é você que precisa de ajuda.
— Desculpa. — ela para e me encara.
Olho pelo corredor enquanto o elevador abre, duas figuras saem dele, um garoto moreno com mais ou menos 15 anos, e a outra, conheço muito bem.
— O que ele ta fazendo aqui? — Maia vira e o encara.
— Eu liguei pra ele, se não tiver problema... — a encaro por um tempo.
— Tudo bem. — dou um sorriso fraco e levanto quando ele se aproxima.
— Ei. — ele para com as mãos no bolso e Maia pula em seus braços, dou um passo pra trás. Ela o solta e para ao seu lado.
— Camryn. — ele me encara e eu o comprimento com a cabeça. Olho para Maia.
— Eu vou lá em cima um pouco.
— Ok. — ela sorri e eu retribuo.Apoio no muro e respiro fundo. A vista de cima do hospital é parecida com a do prédio abandonado, porém com mais prédios e a praia não é tão perto.
A porta abre e eu viro.
— Ei. — Justin para e coloca as mãos no bolso.
— Ei.
— Você ta bem? — viro a cabeça e rio.
— Você não pode simplesmente vir aqui e me perguntar uma coisa dessa.
— Camryn...
— Quando foi a última vez que a gente teve uma conversa sobre algo real?
— Aonde você quer chegar com isso? — o encaro e minha expressão responde por mim — Eu fiz de tudo pela gente, você sabe disso. Um dia você estava me beijando e no outro me queimando. O que você queria que eu fizesse?
— Depois de todas as coisas que "nós" passamos, onde a minha cabeça e o meu coração estavam, eu não iria simplesmente dormir com qualquer uma. Quero dizer, minha melhor amiga.
— Então é isso? "Nós" não somos amigos? Eu pensei que você precisasse de um.
— É, eu precisava, mas você não se encaixa mais. Porque um verdadeiro amigo saberia de toda a merda que venho passado ultimamente.
— Como o quê?
— Vai embora, por favor.
— Não sou como você.
Como você.
Ando em direção a porta mas ele segura meu braço, me forçando a encara-lo.
— O que quer que você pense, se eu sou ou não o bom cara, se eu presto ou não, eu me importo com você.
Puxo o braço e empurro a porta com tudo, desço as escadas e dou de cara com Maia subindo.
— Cam.
— Ei. — sorrio.
— Touxe café. — ela ergue uma das mãos e eu pego o copo.
— Obrigada. — sorrio de novo.
— Ta tudo bem? — ela levanta a sobrancelha, a encaro confusa — Você tá fazendo aquele coisa de sorrir toda hora.
— Só preocupada com a minha mãe. — pressiono os lábios. — Vou dar uma olhada lá embaixo.
— Vai ficar tudo bem. — ela da um sorriso fraco e sobe mais um degrau, beijando minha bochecha em seguida. Retribuo o sorriso e desço.Paro na recepção e tomo um gole do café, viro e vejo uma garota andando na minha direção que conheço de cara.
— Mia.
— Cam. — ela sorri e seus olhos se enchem de lágrimas, a abraço.
— O que você ta fazendo aqui?
— Eu ouvi sobre a sua mãe, eu sinto muito.
— Ela vai ficar bem. — sorrio.
— O que aconteceu com a gente, Cam?
— Você fugiu. — rio de leve.
— Eu senti sua falta. — dou um sorriso fraco.
Ando até uma das cadeiras e sento, Mia faz o mesmo. Olho no relógio, 9:55, mais cinco minutos. Olho pra Mia.
— Você ta bem? Você parece tensa. — ela vira pra me encarar.
— Sim, tudo bem. — ela sorri.
— Mia, a gente pode não passar tanto tempo juntas mais, mas eu te conheço.
— Eu fui aceita na Universidade de Verona.
— O que? — arregalo os olhos e sorrio — Isso é ótimo! Por que não ta feliz?
— Eu estou. Mas eu vou me mudar, Cam — ela me encara por um tempo — para a Italia.
A encaro por um tempo, processando. Não tenho passado muito tempo com Mia nos últimos dois meses mas isso não significa que eu quero que ela se mude para o outro lado do mundo.
— Fala alguma coisa.
— Eu vou sentir sua falta.
— Eu também. — ela sorri. — Mas a gente ainda pode se falar e passar as férias juntas.
Concordo com a cabeça e a abraço.
— Camryn Davis. — viro para a recepcionista que faz um sinal com a cabeça, vou até ela.
— Sim?
— Você pode subir agora. — ela me passa um adesivo escrito visitante, colo no canto da blusa.
— Obrigada. — sorrio e espero Mia pegar o seu.
Subimos até o 12ª andar, eles vivem trocando minha mãe de quarto. Ando pelo corredor até achar o quarto 1224, fico impaciente quando ando metade do corredor e não acho, vou até o último quarto, olho para a porta. 1224. Abro devagar e dou de cara com o meu pai dormindo na cadeira com uma jaqueta preta por cima, vou até ele.
— Ei. — ele abre os olhos e senta. — Tudo bem, sou eu, pai.
— Ei. — ele sorri e olha para a porta surpreso. — Mia.
— Oi. — ela sorri.
Ele pega a jaqueta e bota de lado, viro e ando até a maca.
— Vou pegar um café. — concordo com a cabeça e meu pai sai do quarto.
— Vou te dar um momento. — Mia sorri e sai do quarto.
Puxo uma cadeira e sento ao lado da maca, meus olhos se enchem de lágrimas de modo que a minha visão fica embasada. A encaro, ela parece tão frágil. Passo uma das mãos nos seus cabelos e depois pego sua mão.
— Ei, mãe. Sou eu, sua garotinha. — engulo o choro e dou um sorriso fraco — Faz um tempo que você não me chama assim. Você está com a aparência ótima, na verdade. Seu cabelo está forte, sua pele está ótima. — dou uma pausa — O papai está bem, ainda abalado mas bem, ele é uma pedra dura. — rio de leve e fecho os olhos, uma lágrima cai — Me desculpa. Eu só queria falar que eu te amo e que a gente precisa de você. Eu preciso que você. Mas tudo bem, eu vou entender se você não acordar, aqui fora ta uma bagunça. — levanto e beijo sua testa — Eu te amo.
Saio do quarto e encontro meu pai e Mia sentados, eles levantam quando me vêm. Vou até meu pai e ele me abraça, choro em seu ombro.
— Vai ficar tudo bem.
— Ei. — Maia aparece ao meu lado, sua expressão está séria.
Mia entra no quarto e depois de uns cinco minutos sai com lágrimas nos olhos.
— Eu vou ter que ir. Mas eu volto. — ela me abraça. — Te amo. — ela vira para o meu pai e Maia e sorri. — Tchau.
— Você já parou para pensar que o Natal é hoje? — Maia está enrolando o mesmo fio a um bom tempo, ela solta e me encara.
— Sim, mas eu não to me importando muito com isso. Não acho que deveria.
— Acho que devia. Sua mãe não ia querer que você ficasse presa aqui.
— Ela não ta aqui pra falar, certo? — me sinto culpada — Desculpa.
— Tudo bem. — ela volta a enrolar o cabelo — Se você não sair, eu também não vou.
— Maia...
— Cala a boca. — ela estende o braço sobre a mesa e coloca sua mão sobre a minha — Estou com você nessa.
Seguro um obrigada e dou um sorriso no lugar.
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The Second Chance
Roman pour AdolescentsO que você faria se descobrisse que um ano da sua vida foi apagado? O que faria se reencontrasse o amor da sua vida mas não lembrasse? O que faria se a vida te desse uma segunda chance? A aceitaria? Ou a desprezaria? E se tivesse outra chance para...