23 | Brothers?

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       — Sim eu sei... eu vou pegar... o senhor pode por fa... — Mia estava discutindo com o motorista da limusine a cerca de uma hora. — Cam — ela se aproximou e suspirou impaciente — tem como você pegar minha bolsa no meu quarto antes que eu...
       — Ok, Mia. — sorri e tampei sua boca. Enquanto ia em direção a casa ouvia os gritos 'baixos' de Mia. Abri a porta devagar e tirei os sapatos, estava quieto demais.
      — Camryn. — engoli um grito seco quando vi Ian encostado no sofá. Ele sorriu sem mostrar os dentes e me encarou — Boa noite.
     — Boa. — retribui o sorriso.
     — O que ta acontecendo?
     — Nada.
     — Por que ela ta la fora?
     Ignorei-o e subi, fui até o quarto de Mia mas sua bolsa não estava lá. Ótimo. Abri a primeira gaveta, nada. Encontrei sua carteira na segunda e desci correndo.
     — Toma. — Mia entregou o cartão para o motorista. Ele a encarou com cara feia, a segurei pelo braço.
    — Já sei o que falta em você. — falei enquanto o motorista saia e a gente voltava para casa.
    — Uma plástica no nariz. — ela exclamou instantemente, ri.
    — Paciência.  — Mia deu uma risadinha e fez uma careta.
     Ian ainda estava encostado no sofá quando entramos.
    — Agora eu tenho um porteiro? — Mia brincou com certa grosseira na voz. Ian deu uma risada falsa.
     — Bem, eu — a encarei — vou deixar a madame se resolver com o porteiro. E além do mais, já tá tarde. Boa noite.
     Dei um beijo rápido na bochecha de Mia enquanto ela fazia careta, ri e fui até  o quarto. Suspirei fundo quando entrei. Tinha deixado tudo em cima da cama enquanto me arrumava, peguei tudo e joguei em cima da cabeceira. Tirei a regata e a calça jeans e joguei no mesmo bolo em cima da cabeceira. Abri o guarda-roupa e vi a blusa de Justin no cabide, vesti e me joguei na cama.

       —  Cam adivi... — Mia havia aberto a porta com tudo — Ops, acho que te acordei.
       — Eu também. — sorri. 
       — Continuando, eu preciso que você seja minha DJ.
       — Sua o que?
       — Minha...
       — Eu ouvi — sentei na cama — Por que?
       — Porque ninguém faz um festa melhor que eu, e ninguém anima uma festa melhor que você.
       — É verdade, mas desde quando você gosta das músicas que eu ouço?
       — Não precisa ser as músicas que você ouve — ela forçou a voz quando disse 'você' — mas sim as músicas agitadas que eu sei que você conhece.
       — E eu não posso simplesmente fazer um CD com elas e te dar?
       —  Sim — ela deu uma pausa — não. Você vai coordenar.
       — Qual o meu pagamento? — cerrei os olhos.
        — Um dia longe do drama.
        — Bem — brinquei — melhor do que eu pensei.
        Mia abriu a boca e jogou a regata na minha direção, ri. Ela saiu e fechou a porta. Levantei e abri a janela, o dia não estava muito claro, mas estava ensolarado o bastante pra deixar qualquer um louco. Coloquei um shorts preto e fui até o jardim procurar por Mia.
      — Como anda nossa blusa? — virei, Justin estava parado sorrindo com uma garrafa de água na mão.
     — Ótima, obrigada por perguntar. — retribui o sorriso.  
     — Cam! — Mia vinha como um raio na minha direção, mas parou para me encarar da cabeça aos pés  — Não sabia que seu pai era tão grande assim.
     Justin riu. Mia virou para encara-lo.
     —  Ei bonitão, eu preciso de você.  — ela apontou para ele e o puxou pela camisa até uma mesa com umas caixas em cima.
     Ian apareceu ao meu lado com o netbook de Mia na mão, provavelmente para gravar as músicas. Peguei da sua mão mas ele não percebeu, segui seu olhar raivoso e percebi que estava em Mia e Justin. Ignorei e voltei para o quarto.
     Demorei cerca de 2 horas para ajeitar todas as músicas e a internet não ajudou muito, a sorte foi que a maioria das minhas músicas ficavam no computador de Mia. Fui até a sala procurar Mia.
     — Trabalho feito. — exclamei quando a encontrei.
     — Ótimo.  — ela sorriu — Pode deixar na sua mesa. — a encarei confusa. Ela apontou com a cabeça até uma pesa com alguns equipamentos de sons, fui até la e deixei o netbook. Estava faminta, não tinha comido nada desde que acordei. Fui até a cozinha e comi granola, fazia um bom tempo que não comia, aproveitei.
       Fui até o quarto, botei um biquini e me enrolei em uma canga, peguei uma toalha e fui até o jardim. Fiquei surpresa quando vi Maia e Anna tomando sol perto do lago. Fui até elas.
      — Tudo bem, Anna? — ela virou para me encarar.
      — Ainda em recuperação. — sorri e virei para Maia.
      — Maia.
      — Cam. — sorri e coloquei a toalha ao seu lado e deitei a cabeça para o lado oposto.
      — Todas as minhas garotas juntas — Mia apareceu um tempo depois com uma toalha na mão e a estendeu ao lado de Anna. — Como vai, noivinha?
      — Quase pronta para outra. — Mia riu de leve.
      — Então tudo bem se você me ajudar em uma coisinha. — Anna a encarou, confusa, Mia esticou a não e Anna levantou, as duas foram até a casa.
      — O que tá acontecendo — Maia falou enquanto elas se distanciavam — entre você e a Mia?
      — Desculpa? — a encarei.
      — Quero dizer, vocês estão afastadas esses dias.
      — Ah — exclamei — Mia anda ocupada com esse lance de festa todo dia, ela sempre quer fazer o melhor.
     — Olha, Cam, eu espero que você saiba que eu não to tentando forçar a barra — a encarei confusa, ela deu uma pausa — entre a gente, na nossa amizade, sabe? Você é a única diferente.
    — Defina diferente.
    — Você é mais aberta e menos... eu ou até mesmo Mia. E você parece uma ótima amiga então eu não queria estragar nada.
    Sorri. Era à primeira vez que tinha visto esse lado de Maia. Houve um breve silêncio.
     — Desculpa. — ela me encarou  confusa, continuei — por ter sido seca com você esses dias. Não sou muito boa  nisso.
     — No que?
     — Deixar as pessoas se aproximarem.
     — Eu entendo. — ela sorriu de leve e  desviou o olhar para o lago.
     — Maia — ela voltou a me encarar — vou passar naquelas lojas de novo, não queria ir sozinha.
     — Eu vou com você. — ela sorriu — Vou chamar as meninas.
      — Não precisa. Mia já esta ocupada o bastante. 
      — Ok. — foi tudo o que ela respondeu e depois botou o vestido, fiz o mesmo.
      Deixei as coisas no quarto e fui até o carro de Maia. Passamos a viagem até o centro conversando e fazendo piadas. Ela não era tão ruim assim.
     — Chegamos. — ambas pulamos do carro e entramos na loja de lingerie.
     Passamos cerca de duas horas experimentando vários tipos de lingeries. Nos divertirmos mais do que eu pensei.
     — Você tá louca! — Maia exclamou rindo — Eu não vou comprar uma lingerie de vaca. 
     — São dálmatas!
     — É tudo a mesma coisa. — ri, ela continuou — Quantas lingeries a gente já experimentou?
      — 36... 38. — exclamou a vendedora. 
      Maia pegou nove pares e levou até o balcão, fiz o mesmo com quatro. Pagamos e fomos até a sorveteria na rua da frente. Pedi um sundae simples, Maia pediu uma casquinha com três bolas. Meu celular vibrou, era Mia, respondi com uma mensagem curta. Maia me deu um soco leve no ombro. Exclamei.
     — O que foi isso? — a encarei com tom de divertimento.
     — Fusca azul. — fiz careta, ela riu.
     Quando saímos, já era início da noite. Fomos até carro e Maia pegou acelerou. Quando estávamos chegando, ela passou direto. Ignorei. Andamos cerca de 30 minutos até uma praia deserta, Maia parou o carro em um pequena montanha que dava para a praia. Saímos e descemos até a praia. A encarei.
     — Vem cá. — Maia andou até perto de uma pedras e pegou dois pedaços de lenha, fiz o mesmo com os outros dois. Ela colocou em uma canto na areia, depois acendeu um fósforo e jogou, fazendo uma fogueira. Sentamos.
      — Eu gosto daqui. — Maia quebrou o silêncio — É quieto e deserto, bom pra pensar.
      — No que você tá pensando?
      — Agora? — concordei com a cabeça — Nada. E você?
      A pergunta me pegou desprevenida, não estava pensando em nada.
    — Em jogar areia em você.
    Maia pegou um pouco de areia e jogou sobre minha perna direita. Fingi espanto.
    — Fui mais rápida. — ela levantou e correu rindo, fiz o mesmo. 
    Ficamos correndo pela praia um bom tempo, o que me fez pensar qual tinha sido a última vez que eu tinha tido um doa assim com Mia. Provavelmente foi quando tínhamos onze anos.
     — Tempo — Maia se jogou na areia, rindo sem fôlego. Fiz o mesmo ao seu lado. Meu celular vibrou, era Mia.

       Chegamos em casa perto das 19, Mia ainda parecia ocupada. Tomei um banho um pouco demorado, Maia acabou ficando em um dos quartos.
       — Cam! — Mia entrou no quarto e se jogou na cama — Onde você estava?
      — Fui até aquela loja de lingerie e depois fui até a praia com a Maia.
      — Hm...
      — Hm?
      — Hm. — ela riu e saiu.
      Sequei o cabelo rápido com a toalha e fui até o jardim, Maia estava sentada em uma mesa de madeira perto do lago.
     — Tinha areia em todo lugar do meu corpo — ela me encarou e deu o sorriso mais maléfico do mundo — literalmente.
     Ri de leve e sentei na sua frente.
     — Olha — Maia quebrou o silêncio, com a testa franzida, segui seu olhar. Justin e Ian estavam trocando os mesmo olhares do outro dia, quando Justin foi passar, Ian o bloqueou, Justin desviou esbarrando em seu ombro. — Acho que eles brigam muito.
     — O quê você quer dizer? — a encarei confusa.
     — Que irmãos como eles não deveriam brigar tanto. — ela sorriu  — Mas eu acho isso sexy.
      — Irmãos? — minha voz saiu como um sussurro.

The Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora