Capítulo 2 - Darkness

6.7K 257 165
                                    


Eu fui pra casa meio cismada achando que a qualquer momento alguma coisa estranha poderia acontecer, algo que eu nem imaginava.  Algo ruim.
Eu devia parar de ser uma viciada idiota e consumir só o que o dinheiro que minha mãe me dava podia comprar. Mas eu não tinha mais controle sobre minhas necessidades, eu precisava cada vez mais, era como se a droga fosse o ar necessário para me manter viva e eu não sabia como parar aquilo, nem se conseguia parar.
Quando finalmente cheguei em casa a primeira coisa que fiz foi arrumar uma carreirinha em cima da mesa da cozinha para ver se aliviava um pouco minha tensão. E o pior de tudo isso, era que aquilo era o causador de todos os meus problemas, mas ao mesmo tempo era a solução, era a maneira que eu tinha de fugir de tudo.
Não usei muito, só um pouco para ver se eu esquecia aquele cara maluco. Deixei a onda ir passando para dormir.
Eu estava no décimo terceiro sono quando fui acordada com um estrondo forte vindo de fora do meu quarto. Minha respiração ficou ofegante no mesmo instante e eu me levantei tentando procurar algo para me defender.
Peguei um daqueles livros gigantes que eu deveria usar para estudar para direito e o segurei na frente do rosto preparada para bater em quem quer que estivesse invadindo meu apartamento.
Quando cheguei na sala a primeira pessoa que vi foi Angie, então a não ser que ela estivesse drogada e bêbada, não tinha motivo de todo aquele barulho. Mas assim que vi uns caras atrás dela eu sabia que a porra tinha ficado séria.

- O que está acontecendo? - perguntei assustada sem abaixar o livro.

- Patrão mandou vir te buscar. - o mesmo cara que tinha me parado na rua estava lá segurando o braço de Angie. - Infelizmente a sua amiguinha estava chegando junto conosco. Ela vai ter que ir também.

- O que? Ir pra onde? Não sei do que estão falando!

- Ah, sabe sim, claro que sabe. - o cara disse e então soltou Angie, mas logo os outros homens que estavam com ele a pegaram. - Você tem uma grande dívida com meu patrão garota, e ele quer o dinheiro dele. Ele perdeu a paciência.

- Mas dinheiro de quê? - Me fiz de desentendida novamente.

- De toda a droga que você consumiu sem pagar garota! Acorda! Agora chega de papo se não quem vai perder a paciência sou eu. - ele pegou no meu braço brutalmente fazendo o livro que eu segurava sair.

- Eu não vou a lugar algum, eu tenho que ter algum tempo, você não pode me levar a força! - eu tentava lutar, mas era em vão.

O cara tinha parado de me responder e apenas saiu me puxando. Quando estávamos descendo as escadas eu consegui agarrar no corrimão e o cara meio que travou uma batalha comigo. De algum jeito eu consegui morder seu braço e ele me soltou e eu tentei correr, mas ele se recuperou rápido e correu atrás de mim me dando uma rasteira me fazendo rolar o último lance de escadas.

- Não dificulte as coisas garota. - ele gritou nervoso me imobilizando.

Angie estava quieta, ela não dizia nada, a única coisa que se ouvia dela era um barulho baixo de choro e eu não entendia porquê ela não estava gritando ou lutando. Acabei me rendendo e deixando o cara me levar. Eles tinham carros enormes e importados, eu nunca tinha visto um daqueles de perto.

- Eu tenho o dinheiro, eu posso pagar. - minha voz saiu trêmula, e um dos caras que estava no banco do passageiro me olhou com deboche.

- Você não tem que falar isso pra mim, você tem que falar isso pro chefe.

Eu não agüentava mais ouvir sobre o tal "chefe" então tentei me acalmar e me controlar até pararmos em algum lugar. Minha mãe tinha acabado de depositar o dinheiro da mensalidade em minha conta, eu sabia que tinha, eu podia paga-lo. Eu até poderia dizer que depois disso tudo pararia com a droga, mas não era tão simples. A todo segundo eu tentava imaginar que aqueles caras não fariam nada, eles só estavam me levando até o patrão, eu o pagaria e tudo voltaria ao normal. As armas em suas cinturas além das que eles carregavam me faziam ter calafrios. Eu fechava os olhos tentando me concentrar em outra coisa, até que senti o carro parar.

Sweet DebtOnde histórias criam vida. Descubra agora