Capitulo 21 - Shes gone

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As tardes passaram a não ser tão chatas assim e eu estava sempre fazendo algumas atividades físicas. Não tinha noção da hora naquele lugar, mas sabia que sempre no mesmo horário eu ia ao psiquiatra para ele avaliar como o tratamento estava progredindo ou se estava regredindo. Justin vinha algumas vezes me ver, me irritar, e as visitas eram frequentes. Ele parecia mesmo se importar, mas eu tentava não pensar naquilo.

A pior parte era quando eu ficava sozinha no quarto. Durante os meses que fiquei naquela clínica, várias noites eu tive crises de abstinência, falta da droga no meu organismo e era horrível, eu me sentia fraca, meu corpo tremia e por mais que eu me enrolasse em milhares de cobertas eu sentia frio. Depois de um tempo eu comecei a realmente desejar ficar curada e livre daquele vício.

Eu sempre tentei manter minha mente ocupada e então quando ficava sozinha, tentava pensar em como seria minha vida após clínica. Eu não sabia se queria voltar para aquela boate, mas eu não tinha nada fora dali. Eu não queria ver o olhar de desapontamento da minha mãe ao saber toda a merda que aconteceu comigo, enquanto eu devia estar me tornando uma advogada.

Mas alguma atitude eu tinha que tomar. Se eu voltasse para a boate, eu teria recaídas e eu não queria isso.

Descobri mais sobre a garota de dezenove anos e sua filha de quatro anos com o tempo. O nome dela era Sue e sua filha de chamava Hope que significava esperança. Ela me contou uma dia sua história.

Ela tinha doze anos quando entrou pro mundo das drogas. Ela saiu uma vez com a irmã mais velha que fumava maconha e a irmã disse que a deixaria experimentar se ela prometesse não contar nada para a mãe delas. Ela experimentou e gostou. Essas saídas com a irmã se tornaram cada vez mais frequentes, pois ela gostava da sensação da droga em seu corpo. Mas depois de um tempo aquela sensação já não era suficiente pra ela, ela queria um novo tipo de onda, ela queria mais emoção em usar droga e aí começou a usar outras coisas. Só que ela não conseguiu mais sair. Rebelou-se com a irmã, com os pais, saiu de casa pra viver no mundo usando drogas. Aos quinze anos ela engravidou e nem sabia de quem era, não era mais dona de seu corpo, e foi aí que decidiu mudar. Ela procurou a mãe e disse que estava grávida e não queria ter um filho naquelas condições, então à mãe dela a colocou aqui. Ela teve Hope aqui mesmo e por isso o nome da criança é esse, pois ela foi à última esperança que ela teve. Foi o que a fez mudar.

As duas eram ótimas companhias. Hope era a criança mais fofa que eu já tinha conhecido e Sue tinha um jeito diferente de encarar a vida e ela levava tudo de um jeito divertido. Ela estava há muito tempo na clínica, pois seu tratamento foi difícil e não teve um resultado muito significativo no começo. Mesmo querendo mudar, ela resistia a isso.

Ontem foi seu último dia na clínica. Ela me contou que arrumaria um emprego e tentaria estabilizar sua vida pra viver com a filha. Depois tentará terminar a escola e quem sabe fazer faculdade. Eu realmente me sentia orgulhosa dela, mesmo não tendo alguma relação.

Meses dentro dali e eu sabia que o fim daquela prisão estava próximo. E eu tive a confirmação quando a enfermeira que se chamava Alice entrou no meu quarto sorrindo, sem nenhuma bandeja com remédio, como há tempos ela não entrava. Ela estava radiante.

- Eu vou sentir sua falta! - ela disse.

- Como assim? Eu já vou embora? - eu me levantei da cama já sentindo vontade de pular de alegria.

- Hoje mesmo o Sr. Bieber virá buscá-la. Pela noite. Mas o que é um dia inteiro para quem ficou aqui todos esses meses não é mesmo? - ela disse e eu murchei um pouco, mas não podia deixar de ficar feliz por saber que sairia daqui.

- Será que eu podia fazer uma ligação? - perguntei. - Eu queria falar com a minha mãe.

- Claro que pode - Alice disse. - Eu vou trazer um telefone pra você. Só um minuto.

Sweet DebtOnde histórias criam vida. Descubra agora