☆ Capítulo 02 ☆

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Entramos no táxi a caminho da favela, não demorou muito o mesmo estacionou na entrada do morro. De longe se ouvia o barulho da música, havia muita gente caminhando por ali. Por incrível que pareça, eu não achei tão horrível como minha mãe sempre vivia me dizendo.

A única coisa que me incomodou, foi como os caras estavam me olhando. Um deles chegou até gritar "gostosa", eu fiquei super sem graça e o pior, morrendo de medo daqueles homens armados. Eles andavam de um lado para o outro com uma arma enorme nas costas. A cena era de se arrepiar.

Uma garota passou ao meu lado e me olhou de cima a baixo. Ela pareceu não gostar muito de mim. Carla já havia me falado que o pessoal daqui é briguento, mas não imaginei que fosse tanto. Ela continuou me olhando feio, empinei meu nariz e comecei a encarar também.

Ok, talvez eu tivesse pedindo pra morrer.

— Não liga não amiga, tu é carne nova no pedaço.

— Não gostei do jeito que aquela menina me olhou! — Resmungo.

— A maioria não curte patricinha de luxo na favela.

— Quanto a isso, eu não posso fazer nada. — Dou de ombros e Carla ri.

Estava desesperada só de imaginar que eu teria que subir aquele morro de salto alto, meus pés iriam implorar por uma massagem no dia seguinte. Eu que não iria tirar minha sandália para andar descalça como algumas pessoas estavam fazendo. Deus me livre!

— Ray, vamos esperar aqui, meu irmão vai vir buscar a gente de carro. — Suspirei aliviada.

— Obrigada Deus! — Olhei para o céu e agradeci. — Tem camarote no salão?

— Tem sim. Mas é a área restrita dos traficantes. E não é salão amiga, é quadra.

— Quadra? — Arregalei os olhos. — Traficantes?

— Ah se tu soubesse... — Carla ri. — Só curte amiga, aqui é favela, tu vai gostar.

Ficamos conversando sobre assuntos paralelos. Cinco minutos depois, um carro preto, luxuoso até, estaciona ao nosso lado. Senti-me uma tarada olhando para aquele homem. Ele era lindo demais, seu olhar se encontrou com o meu e o mesmo fez menção de semicerrar os olhos. Sua barba por fazer, aquela camiseta que caia tão bem em seu corpo irresistivelmente sexy. Ele era lindo, e estupidamente gostoso. Ai, que homem!

Assim que terminei de examina-lo, senti minhas bochechas queimarem quando notei que o mesmo estava me observando. Ele tinha um sorrisinho sacana nos lábios. Aproveitei para passar o dedo em minha boca, para certificar-me se não havia nenhum vestígio de baba.

E eu que pensei que na favela só havia homens feios.

Olhei para Carla que estava rindo de mim. Eu não acredito na vergonha que eu havia acabado de passar. Cheguei ao meu limite de"cara de pau" dessa vez, eu consegui me superar. Balancei minha cabeça num gesto negativo e voltei à realidade.    

— E ai, novinha. — Ele se aproxima e beija o canto da minha boca.

Nossa, que voz é essa? Pergunto a mim mesma. Preciso achar um defeito nesse cara. Voz rouca, corpo másculo, sorriso sacana, e lindo. Não estou bem, preciso respirar. Ele é o tipo de homem que é capaz de molhar sua calcinha com apenas um olhar.

— Oi. — Sorrio envergonhada, mas ao mesmo tempo me condenando pelos meus pensamentos sujos.

— Maninho essa é a Rayanne. — Carla indaga. — E amiga esse é o Maycon, meu irmão.

Maycon acenou com a cabeça e então abriu a porta do seu carro para que pudéssemos entrar. Carla se sentou no banco da frente, e eu fui para a parte de trás. O carro dele continha um cheiro muito gostoso, cheiro de carro novo. O mesmo entrou, ligou o som e acelerou o carro até a tal quadra. Conforme subíamos o morro, os moradores faziam questão de cumprimentar ele e a Carla. Ele parecia ser simpático com as pessoas.

Assim que chegamos, ele estacionou e eu tirei o cinto de segurança. Sim, seu usei. Fui agradecê-lo pela carona, mas Carla abriu a porta e me puxou para fora antes que isso pudesse acontecer.

Passamos por várias pessoas. Algumas delas estavam se esfregando, outras dançando e até mesmo se drogando. Respirei fundo e acompanhei minha amiga. Aquilo era tão novo e estranho para mim. Após alguns minutos eu já havia me acostumado com o lugar, acabei me soltando e comecei a dançar. Eu dançava loucamente, não estava nem ai para quem estava perto, eu queria mesmo era me divertir, não importava onde.

Carla e eu descíamos até o chão. Era cantor ao vivo, quem estava no palco nesse momento era o MC Pedrinho, o menino cantava demais. Já estava começando a suar, então, parei um pouco e fui me recompor. Avistei um lugar onde estava vendendo bebidas, puxei Carla pelo braço e então nós fomos até lá. Aproximamo-nos e logo uma moça veio nos atender, eu pedi vodca com groselha e Carla pediu o mesmo.

Eu não havia comido nada antes de sair de casa, e como a bebida era forte demais, no mesmo instante a mesma começou a fazer efeito. Virei tudo num gole e voltei a dançar. Minha cabeça rodava e minha visão estava turva, eu sempre fui fraca pra bebida. Descia sensualmente até o chão. Olhei para cima e vi Maycon de fitando de longe, ele estava onde Carla havia me dito que era o camarote dos traficantes. Continuei dançando, mas sem tirar meus olhos dele, foi quando por um impulso eu acabei fazendo sinal com o dedo para que ele viesse até mim.

Eu sempre soube que pessoa bêbada só faz merda, eu não sou diferente. O que foi que eu acabei de fazer?

Alguém por favor, me tire daqui?

No mesmo instante Maycon desceu e caminhou em minha direção. Não disse uma palavra se quer apenas me puxou pela cintura e selou nossos lábios. Ele pediu passagem para sua língua entrar e sem pensar duas vezes eu cedi, abri minha boca e me senti completa quando sua língua entrou em contato com a minha. Uma sensação estranha me invadia por dentro, ele segurava minha nuca e apertava minha bunda com força. Sua pegada era maravilhosa, estava me sentindo nas nuvens. Após alguns minutos, sessamos nosso beijo por falta de ar. Ele deu dois selinhos em mim e depois sorriu.  

A força do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora