Capítulo 61.

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Continuo acelerando a moto, alguns policiais tentam me barrar, mas eu desvio de todos eles. Chego em casa, deixo a moto na rua mesmo e entro a procura de Maycon. Encontro apenas Carla na sala em pranto. 

 Amiga! - Ela vem correndo me abraçar.

— Onde está o Maycon? - Começo a enxugar suas lágrimas. 

 Ele está lá fora, eu estou com tanto medo! Douglas e o Leandro estão com ele. - Apenas assinto. 

Subo correndo para o meu quarto, tiro rapidamente minha calça e coloco um shorts. Com a calça eu teria dificuldade para correr e fazer qualquer coisa. Empurro a cama, pego a chave do sótão no guarda-roupa, abro o mesmo. Pego um fuzil e coloco nas costas, um revólver. Separo vários pentes, para que eu possa recarregar depois. 

Minhas mãos tremem, sinto medo. Não por mim, mas por eles. Coloco todas as balas dentro de uma bolsa, e desço correndo. Passo por Carla e a mesma tenta me puxar. 

 Rayanne você não está pensan... - A interrompo.

 Sim amiga, eu não posso deixá-los sozinhos nessa. Vou usar tudo que eu aprendi! - Me viro e saio andando.

 Amiga, por favor! - Carla chora cada vez mais.

 É o amor da minha vida que está lá.

[...]

O tiroteio está pesado, é uma coisa surreal. É gente correndo para todo o lado, vejo uma criança chorando em um canto e sua mãe do outro lado da rua sem conseguir passar. Passo no meio de todos eles, sou recebida com vários tiros. Começo a atirar, acerto um policial na cabeça. Derrubo um por um, até que consigo me aproximar da pequena menina. Ela está com medo, poderia dizer que seria de mim. 

 Fica calma meu bem, vou te levar para sua mamãe. 

Pego a menina no colo, e começo a correr. Vejo um policial pronto para atirar em mim, me jogo no chão e o tiro passa de raspão. Me viro e o olho dentro de seus olhos, abro um sorriso sarcástico e sem piedade nenhuma atiro em sua barriga e depois na cabeça. Levo a menina até a sua mãe.

 Muito obrigada menina Ray, salve o nosso morro. - A mulher diz toda agradecida.

 Vou tentar. - Sorrio fraco.  Vão para casa e tomem muito cuidado! - Elas assentem e saem correndo. 

Começo a procurar Maycon pelo morro, mas avisto o Leandro. Ele está encurralado, tem dois policiais apontando a arma na cabeça dele, enquanto um o algema. Vou me aproximando de fininho, dou olhada para trás para ver se não tem ninguém atrás de mim. Tudo limpo, chego em uma distancia que eu sei que vou acertar, miro na cabeça de um e atiro. Rapidamente, atiro no outro. Leandro sorri ao me ver, e entra em uma luta corporal com o outro policial. Chego ao lado de Leandro e entrego uma arma para ele, o mesmo termina seu trabalho. 

 Valeu ai prima, mas tu é doida de vim no confronto? 

 Essa também é a minha gente! Eu não poderia deixar vocês sozinhos. Leandro, onde está o Maycon? - Pergunto nervosa. 

 Eu não vi mais ele. - Meu coração gela quando escuto isso. 

 Faz o seguinte, vamos nos separar. Eu vou procura-lo. - Digo com firmeza. 

 Já é! Fiquei sabendo que veio um maluco de SP, e ele quer a cabeça da patroa e do patrão do morro. Então, todo cuidado é pouco.

 Eu faço questão de matá-lo antes. - Sorrio e saio andando determinada. 

Sinto meu estômago embrulhar, uma tontura invade meu corpo. Começo a correr e me escondo, até que eu esteja melhor. Caramba, eu comi na hora do almoço! A verdade é que Paty deve estar certa. Esses enjoos, tonturas, desmaios, fome descontrolada e sono, não são em vão. Eu realmente devo estar grávida. Sim, eu estou grávida!

Deixo algumas lágrimas escaparem, mas um motivo para eu lutar pela minha família. Me levanto e volto a andar a procura de Maycon. Escuto um tiro vindo de longe, ando mais rápido para ver de onde veio. Era o meu amor. 

Ele se assusta com o barulho que eu faço e se vira rapidamente com a sua arma apontada para mim. Seu olhar está irreconhecível, assim que ele me vê, abaixa a arma e corre em minha direção. 

 Amor! - Ele me abraça e cheira meus cabelos. 

 Minha vida! - Começo a chorar. 

 Volta para casa, isso aqui é perigoso! Rayanne, isso aqui não é pra tu. Testar em alvos não é mesma coisa que tu matar alguém.

 Eu estou no confronto desde a hora que começou amor, eu te procurei igual a uma louca. Já matei muitos policiais, eu estou aqui por você. Por nossa família. - Nos abraçamos novamente. --- Ainda mais agora que ... - Sou interrompida com o barulho de um disparo. 

 Corre! - Maycon grita.

Não posso deixa-lo aqui e apenas fugir, ele grita novamente. Mas eu começo a atirar em vários policiais, Maycon e eu nos entreolhamos e voltamos a atirar. Quando a barra estava limpa, dei um selinho nele e corri. 

 Eu te amo, princesa! - Ouço ele dizer e eu me viro.

Eu vou amar você até meu ultimo suspiro. - Começo a chorar e correr sem rumo. 

Meus olhos estão embaçados e sinto alguém me puxar com força, colocam um saco na minha cabeça e começam a me arrastar. Não demora muito, eles me jogam no chão e eu bato as costas. Sinto uma dor horrorosa na minha barriga, começo a chorar de desespero. 

Eles me desarmaram, escuto passos vindo em minha direção. Alguém puxa o saco que esta em minha cabeça e por fim consigo respirar direito. Olho para o ser desprezível que está na minha frente. É só mais um dos fardados, ele se abaixa e me da um murro na boca, cuspo sangue. 

 Eu quero saber onde está o seu maridinho de bosta! - Ele grita e eu mostro o dedo no meio para ele.  Não vai me dizer vagabunda? - Nego com a cabeça e ele me da um tapa ardido no rosto. 

 E eu quero saber onde está o merda que veio de SP pra matar a mim e o meu marido! - Grito com ódio e o policial sorri e se retira. 

Cada segundo aqui é agoniante, tento me levantar, mas não consigo. Minhas costas doem, meu rosto arde. A porta se abre novamente e é o mesmo de antigamente. Ele vem até a mim e puxa meu cabelo com tudo para trás. Grito de dor, mas é em vão. A porta se abre, ele me dá outro tapa na cara e se afasta de mim. Levanto minha cabeça para ver o fulano que me quer morta. 

Quando olho eu me assusto!

 Pai! - Meus olhos se arregalam. 



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