Capítulo 31.

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Começo a caminhar pelas ruas com muita dificuldade, pois as malas estavam muito pesadas. Encontro um ponto de ônibus, me aproximo e sento-me no banco. Começo a chorar, estou tão desesperada, uma dor invade meu peito, é como se fosse explodir a qualquer momento, de tão apertado que ele está. 

Permaneço ali por vários minutos, quando finalmente me acalmo, pego meu celular e disco o número da Patrícia. Chama várias vezes, até que cai na caixa postal. Não desisto, ligo novamente, até que finalmente ela me atende. 

LIGAÇÃO ON:

 Ray me desculpa, estava no banho.

 Sem problemas! Paty, será que eu poderia ir para sua casa?

 Ray amiga, se dependesse de mim, você sabe que poderia vir para cá a qualquer momento. Mas a sua mãe ligou aqui em casa e disse para minha mãe, que não era para abrigar você. Me desculpa Ray!

 Ela fez isso?

 Eu não sei bem o que aconteceu, mas pelo o que eu entendi ela disse que você saiu de casa, e teria que dar seus pulos, então não era para você vir para cá. Estou tão preocupada com você! 

 Não foi bem eu que sai, ela me expulsou. Eu vou ficar bem Paty, assim eu espero. 

 Onde você está? 

 Eu estou em um ponto de ônibus perto da casa onde eu "morava". 

 Em ponto de ônibus amiga? Eca!

 Não tenho muito escolha né amiga. 

 Não sai dai que eu já estou indo, beijos.

LIGAÇÃO OFF.

Não tenho uma casa, mas por enquanto vou ficar com a companhia da Paty, ela é uma boa pessoa. Preciso arrumar algum lugar para eu dormir, na rua eu não posso ficar. Olho meu celular e a bateria está 100%, ufa. 

Começo a procurar minha carteira dentro da bolsa, mas não estou conseguindo achar. Será que ficou na casa da minha mãe ? Não, isso não. Ainda tenho mais três malas para abrir, com certeza deve estar dentro de alguma. 

Passo a mão bem no fundo, e consigo sentir minha carteira lá. A puxo, fecho a mala e dou uma olhada para ver se eu trouxe dinheiro. Perfeito, tem R$ 1.245,00 em dinheiro, meus documentos, assim não vou ser indigente. E alguns cartões de crédito, mas tenho certeza que minha mãe vai cancelar todos, então nem me alegro com eles lá.

O motorista da Paty estaciona na esquina e ela vem andando a minha direção, permaneço sentada para não precisar carregar tudo aquilo de novo. 

 Ray! - Ela me abraça. 

 Oi Paty! - Não aguento e choro no ombro dela. 

 Nossa amiga, eu queria tanto poder te ajudar. Você não imagina o quanto eu insisti para minha mãe, ela gosta tanto de você. Mas na cabeça dela, você saiu porque quis. 

Nos sentamos no banco, e eu contei toda história para ela. Paty também não frequentava a favela, e mesmo ela sendo enjoada nunca me julgou por isso. Entendeu o meu lado, ficamos conversando sobre diferentes assuntos, e ela sempre me fazendo rir. 

 Você vai na escola amanhã, Ray ? 

 Minha mãe já deve ter cancelado minha matricula quando decidiu me mandar para longe daqui. 

 Só um minuto, já vejo isso! - Ela indaga com o celular em mãos. 

Enquanto ela faz uma ligação, fico pensando nas coisas que aconteceram e o porque de tudo isso. Minutos depois Paty se senta novamente ao meu lado. 

 Você tinha razão amiga, ela realmente te tirou da escola. 

 E agora? O que vai ser de mim sem estudo Paty? - Começo a chorar e ela me abraça forte. 

 Você vai conseguir amiga, o mais importante, é onde você vai ficar ? 

 Ainda não sei, vou dormir em um Hotel hoje e amanhã eu vejo com mais calma. - Digo com o olhar baixo.

 Você está com dinheiro ? Precisa ficar em um lugar bom. 

 Estou sim, obrigada! - Sorri para ela. 

O celular de Paty começa a tocar, e consigo ver no visor que era a mãe dela. Ela atende, mas logo desliga. 

 Amiga, eu preciso ir.

 Tudo bem Paty, muito obrigada por tudo. - Dou um beijo no rosto dela, e ela se vai. 






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