Começo a caminhar pelas ruas com muita dificuldade, pois as malas estavam muito pesadas. Encontro um ponto de ônibus, me aproximo e sento-me no banco. Começo a chorar, estou tão desesperada, uma dor invade meu peito, é como se fosse explodir a qualquer momento, de tão apertado que ele está.
Permaneço ali por vários minutos, quando finalmente me acalmo, pego meu celular e disco o número da Patrícia. Chama várias vezes, até que cai na caixa postal. Não desisto, ligo novamente, até que finalmente ela me atende.
LIGAÇÃO ON:
— Ray me desculpa, estava no banho.
— Sem problemas! Paty, será que eu poderia ir para sua casa?
— Ray amiga, se dependesse de mim, você sabe que poderia vir para cá a qualquer momento. Mas a sua mãe ligou aqui em casa e disse para minha mãe, que não era para abrigar você. Me desculpa Ray!
— Ela fez isso?
— Eu não sei bem o que aconteceu, mas pelo o que eu entendi ela disse que você saiu de casa, e teria que dar seus pulos, então não era para você vir para cá. Estou tão preocupada com você!
— Não foi bem eu que sai, ela me expulsou. Eu vou ficar bem Paty, assim eu espero.
— Onde você está?
— Eu estou em um ponto de ônibus perto da casa onde eu "morava".
— Em ponto de ônibus amiga? Eca!
— Não tenho muito escolha né amiga.
— Não sai dai que eu já estou indo, beijos.
LIGAÇÃO OFF.
Não tenho uma casa, mas por enquanto vou ficar com a companhia da Paty, ela é uma boa pessoa. Preciso arrumar algum lugar para eu dormir, na rua eu não posso ficar. Olho meu celular e a bateria está 100%, ufa.
Começo a procurar minha carteira dentro da bolsa, mas não estou conseguindo achar. Será que ficou na casa da minha mãe ? Não, isso não. Ainda tenho mais três malas para abrir, com certeza deve estar dentro de alguma.
Passo a mão bem no fundo, e consigo sentir minha carteira lá. A puxo, fecho a mala e dou uma olhada para ver se eu trouxe dinheiro. Perfeito, tem R$ 1.245,00 em dinheiro, meus documentos, assim não vou ser indigente. E alguns cartões de crédito, mas tenho certeza que minha mãe vai cancelar todos, então nem me alegro com eles lá.
O motorista da Paty estaciona na esquina e ela vem andando a minha direção, permaneço sentada para não precisar carregar tudo aquilo de novo.
— Ray! - Ela me abraça.
— Oi Paty! - Não aguento e choro no ombro dela.
— Nossa amiga, eu queria tanto poder te ajudar. Você não imagina o quanto eu insisti para minha mãe, ela gosta tanto de você. Mas na cabeça dela, você saiu porque quis.
Nos sentamos no banco, e eu contei toda história para ela. Paty também não frequentava a favela, e mesmo ela sendo enjoada nunca me julgou por isso. Entendeu o meu lado, ficamos conversando sobre diferentes assuntos, e ela sempre me fazendo rir.
— Você vai na escola amanhã, Ray ?
— Minha mãe já deve ter cancelado minha matricula quando decidiu me mandar para longe daqui.
— Só um minuto, já vejo isso! - Ela indaga com o celular em mãos.
Enquanto ela faz uma ligação, fico pensando nas coisas que aconteceram e o porque de tudo isso. Minutos depois Paty se senta novamente ao meu lado.
— Você tinha razão amiga, ela realmente te tirou da escola.
— E agora? O que vai ser de mim sem estudo Paty? - Começo a chorar e ela me abraça forte.
— Você vai conseguir amiga, o mais importante, é onde você vai ficar ?
— Ainda não sei, vou dormir em um Hotel hoje e amanhã eu vejo com mais calma. - Digo com o olhar baixo.
— Você está com dinheiro ? Precisa ficar em um lugar bom.
— Estou sim, obrigada! - Sorri para ela.
O celular de Paty começa a tocar, e consigo ver no visor que era a mãe dela. Ela atende, mas logo desliga.
— Amiga, eu preciso ir.
— Tudo bem Paty, muito obrigada por tudo. - Dou um beijo no rosto dela, e ela se vai.
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A força do amor
Teen FictionUma história de romance, onde mostra que o amor supera qualquer dificuldade e barreiras que a vida coloca em seu caminho. Maycon e Rayanne, duas pessoas completamente diferentes, onde o destino mostra que são capazes de amar um ao outro, sem que nad...