A força do amor

Capítulo 69.

Maycon narrando:

Sou retirado da sala de audiência. É como se meu coração tivesse ficado com as mulheres da minha vida e o meu garotão. Sinto um vazio por dentro. Vinte cinco anos! Esse pensamento me assombra. 

Mano, acho injusto isso. Meu filho vai nascer, dar os primeiros passos, crescer, virar homem! E eu ainda vou estar aqui. Se depender daqueles vermes, eu só vou sair daqui com 49 anos. Já vou ser avô se bobear. 

Paramos em frente a minha cela, o guarda abriu o portão. Entrei e ele fechou, mas antes dele se retirar acenou para mim. Eu em! Júnior estava deitado, quando me viu deu um pulo. 

— Pela sua cara, as coisas não foram nada bem né mano! - Neguei com a cabeça.

— Vinte e cinco anos mano, no fechado! - Permaneci em silêncio.— Júnior, eu não vou ficar esse tempo todo enjaulado. Quero ver quem aguenta mano, tu me entende? Eu tenho três preciosidades lá fora! 

— To ligado! Irmão, conta comigo para o que tu precisar. Eu já disse, quando tu quiser eu já tenho o esquema. - Assenti e me deitei.

— Já é! Parceiro, vou dar uma cochilada aqui.

— Beleza mano, fé ai! 

— Fé! 

Fechei os olhos e tentei dormir um pouco. Quando eu estava quase pegando no sono, os gritos da Rayanne e da minha irmã invadem na minha mente. Levanto assustado! Me deito novamente e deixo algumas lágrimas rolarem. Quem disse que homem não chora né ?  Eu preciso sair daqui, só vou esperar o momento certo. 

Já que eu não consigo dormir, vou pensar em como faço para fugir dessa merda. E depois que eu sair daqui, vou molhar a mão dos caras pra limparem a minha ficha. Tem muita gentinha ai que precisa de dinheiro, e eu estou disposto a dar. 

Como será que está meu morro ? Tenho certeza que Douglas e Leandro tão cuidando bem da minha favela e do meu povo! Somos todos guerreiros! Quando eu voltar, vou ter que trocar uma ideia com Douglas. Notei que Carla está mais gordinha, deixa eu descolar.

Me levanto e vou perto da grade, começo a gritar algum merda. Leva alguns minutos e nenhum deles aparecem. Júnior se junta ao meu lado, e começa a gritar junto. Quero ver eles não vir agora! Esses caras só podem ta de zoação com a minha cara, quando me dei conta o corredor todo tava gritando. Comecei a rachar, não demorou muito um deles aparece com aquela cara de bunda.

— Que gritaria é essa seus marginais? 

—Trás um papel e uma caneta lá pra mim fi! - Indago. 

— Pra que você quer?

— Pra que tu acha mano? Vai trazer ou não vai? - O encaro e ele se retira. 

— Mano, tu é doido. Se der na cabeça desses manés te dar uma surra! - Júnior gargalha. 

— Dá nada mano! Tu viu? Ele saiu igual uma submissa. - Gargalhamos.

Logo ele voltou com uma folha e um lápis. Pedi uma caneta, mas de boa! Pego e me sento no colchonete no chão, começo a escrever uma carta pra minha novinha. Espero que chegue nas mãos dela. 

Resumindo: Independente dos obstáculos, eu sou um cara realizado. E a promessa que eu fiz pra você minha princesa, eu vou cumprir. LOGO MENOS, ESTAREI DE VOLTA MEU POVO! ... 

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