Capítulo 51.

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***

 Amiga acorda, já dormiu demais. - Carla diz toda manhosa. 

 Me deixa dormir, Cá.

 Não, levanta logo dai. Daqui a pouco meu irmão chega da boca. Ele disse que vai vir almoçar em casa, junto com o Leandro meu primo, aquele que estava viajando. 

 Que horas são? - Pergunto me espreguiçando. 

Já são 12:15. 

 Eita porra! Hã... desculpa pelo palavrão! - Sorrio envergonhada. 

 Você acha que eu ligo? Agora levanta logo e vai arrumar essa juba de leão. 

 Amiga! Meu cabelo não é juba. - Digo fazendo biquinho. 

 To brincando menina, daqui a pouco eu subo pra ver se você já acabou.

 Beleza mamãe! - Sorrimos e ela saiu. 

Me levanto e vou em direção ao banheiro, tomo um banho rápido, deixo para lavar meu cabelo a noite. Após terminar, me enrolo da toalha e vou para o quarto. Escolho uma lingerie na cor preto, um cropped e opto por um short desfiado. Calço meu tênis da Nike, faço uma maquiagem bem leve e me perfumo bem. Faço um rabo de cavalo e desço para a cozinha.  Preciso ficar apresentável para quando meu amor chegar.

 Ufa, pensei que eu ia precisar ir te buscar.

 Já estou aqui amore, não precisa ficar com saudades. - Sorrio.

 Tá uma gata viu amiga! Depois do almoço vamos tomar açaí? - Carla pergunta.

 Claro Cá! Nossa o Maycon está demorando, vamos descer o morro pra ver se a gente encontra eles subindo? O Douglas também vai vir? 

 Vamos sim Ray, deixa só eu arrumar meu cabelo. Então, eu não sei se o Douglas vem, ele vai ter que ficar cuidando da boca né. - Cá diz enquanto sobe as escadas. 

Me sento no sofá e fico esperando ela voltar. Aproveito para dar uma olhada no meu celular. Já faz um tempo que eu não converso com a minha mãe, meu pai então, nem se fale. Vou ligar para ela mais tarde. Me levanto e vou até a cozinha, dou uma espiada nas panelas para ver o que tem de bom, já que o cheiro está maravilhoso. 

 Vamos amiga! Ei, o que você tá fazendo ai? - Carla pergunta ao entrar na cozinha. 

 To vendo o que tem de bom, ué. - Gargalhamos e saímos. 

Carla e eu descemos o morro conversando. Tirando a parte que todos que nos via, fazia questão de nos cumprimentar. Avistamos Maycon com sua moto subindo o morro, ele estava com um cara na garupa. Preferimos ir subindo de novo, havia um grupinho de crianças jogando futebol. A bola veio parar no meu pé, cheguei junto e comecei a jogar junto com eles. Eu não era muito boa, então as crianças ganharam sem dúvidas. Carla só ficava dando risada, ela estava sentada na calçada. 

Fui até ela e a puxei para jogar junto, outro fracasso. Não joga nada! Maycon chegou por trás e me abraçou, me virei e dei um selinho nele. 

 Está linda, princesa. - Ele disse sorrindo.

 Obrigada amor. - Dei um beijo na bochecha dele.

 Deixa eu mostrar como é que se joga! Leandro vem aqui mano, vamos mostrar como é que joga uma partida. - Maycon disse todo convencido. 

Fui olhar para ver quem era o Leandro, quando me viro. Dou de cara com aquele homem que me ajudou ontem com César. 

 Você? - Pergunto com os olhos arregalados. 

 Sim. Não deu pra nos apresentarmos direito ontem né, mas então, sou primo daquele cara ali e seu primo também. - Leandro disse dando risada, não parecia nada com o homem que vi ontem.

 Verdade, mas você tem sorte de ser primo daquele cara lindo!

 Lindo nada, mó feio esse moleque ai. - Gargalhamos e ele foi jogar com o Maycon e as crianças. 

Meu estômago já estava roncando. E aqueles dois se achando, só porque sabem jogar. As criançadas já estavam bravas porque eles não davam mole, o que era bem engraçado. Ficamos mais um tempo lá, quando finalmente eles resolveram ir para casa. 

Leandro era bem legal, gostei muito dele. Pelo o que eu entendi, ele voltou a morar no morro, mas não ficará morando em casa. Como Maycon tem mais de uma, ele ocupará a outra. 

Chegamos em casa, eu fui a primeira a entrar. Corri para a cozinha e já fui pegando o meu prato e me servindo. Maycon, Carla e Leandro me chamaram de passa-fome mas eu nem liguei, estou com fome mesmo. Eles se serviram e fomos todos para o sofá, eu particularmente como na mesa. Mas ninguém quis comer lá, então fui com eles para não ficar sozinha.

 Le, você ficou em um apartamento em SP? - Carla pergunta para Leandro e o mesmo a olha confuso.

 Então Carlinha, deixa eu passar um ideia pra tu. Eu não estava em SP, na verdade eu tava enjaulado. Pedi pro Maycon não falar nada pra tu, porque eu sabia qual ia ser a tua reação. 

 O que? Como assim Leandro? Vocês dois não podiam ter escondido isso de mim, eu poderia ter ido te visitar.

 Logico que não Carla, nunca que eu ia aceitar que tu fosse naquele lugar podre. Tudo aconteceu quando eu sai da favela pra ver minha filha. Quando eu ia entrar na casa da minha ex, os policiais me enquadraram. Pegaram meu documento e já se ligou né, tentaram me forçar a falar dos esquemas daqui no morro, como pegar o Maycon. Em troca eles me liberavam, dai eu não abri a boca e eles me levaram. Mas tu viu ? Não demoro quase nada, meu primão aqui foi lá com os parceiros e fizeram meu resgate. 

 Vocês são doidos. - Deixo escapar. 

 Coloca doido nisso amiga. - Carla diz logo atrás. 

 Aqui o sistema é bruto! - Leandro diz e Maycon dá risada. 

Continuamos comendo, em silêncio. Terminei de comer e levei meu prato na cozinha, aproveitei e já lavei. Leandro logo entrou na cozinha e eu o puxei para a conversa. 






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